25/06/2025
Em nota prévia, deixo patente que eu não me considero e jamais me considerarei o melhor do mundo na Língua Portuguesa, até porque nem sou um Estudante de Línguas. Nesta área do saber científico eu sou apenas um apaixonado e aprandiz, na verdade sou um simples finalista do PUNIV. Portanto, estou aqui para compartilhar o pouco que aprendi. Seguidamente, devo confessar que vi muitos comentários apontando a alínea c) 0024, como sendo a opção que corresponde à expressão em causa, em nota de fundamento, foi defendido que da expressão acima citada se poderia notar que continha: dois "zeros" (plural) = 00. E "dois quatro" (singular)= 24. O que acabaria inevitavelmente resultar em: "0024", que é a opção que corresponde à alínea c), como já o havia referido.
A começar, amigos e amigas, antes de tudo é de suma importância perceber que casos de gênero não se resolvem num abrir e fechar de olhos, porque haverá sempre a possibilidade de neles conterem rasteiras, o que nos deve exigir a responder só depois de analisarmos cautelosamente todos os pormenores neles subjacentes. Dando a sequência, eu defendo que a resolução deste caso gira em volta de três questões essenciais:
1ª Saber a que classes morfológicas de palavras pertencem os termos "zeros" e "quatro";
2ª Avaliar se estes dois termos (zeros e quatro) se sujeitam à obediência da regra geral de transformação de palavras para o plural, quando as circunstâncias assim o exigirem; e
3ª Refazer a expressão "dois zeros dois quatro" incluindo-a entre os numerais relacionados, o vocábulo "números". Ou seja, de "dois zeros dois quatro" para "dois números zeros dois números quatro.
Alguém talvez esteja a cogitar... Será que há necessidade de se saber a que classes de palavras pertencem os vocábulos "zeros" e "quatro" para resolver este caso tão simples?
Meus caríssimos e minhas caríssimas, este caso não é assim tão simples como parece e de facto há toda a necessidade de se fazer uma classificação morfológica dos termos "zeros" e "quatro". Porque se nós não soubermos isto, ao redigirmos os nossos fundamentos estaremos muito condicionados e inseguros. Aliás, é sabendo a que classes de palavras pertencem os mesmos vocábulos que nós construiremos com toda a propriedade, certeza e segurança a nossa análise em torno desta questão.
Outrossim, os termos "zeros" e "quatro" não são unívocos, ou seja, servem para descrever várias realidades em determinados contextos. A título de exemplo, a palavra "zero", quando antecedida de um artigo, quer definido quer indefinido, deixa de ser numeral e passa para a classe dos substantivos ou adjetivos. De que modo? Explico-me:
A palavra "zero" por expressar praticamente a ideia de inércia, inexistência, invalidez ou silêncio total, tem sido recorrente os falantes empregarem-na para descrever comportamentos pouco produtivos, construtivos ou louváveis exibidos por pessoas humanas.
Por exemplo:
O João é excelente em Língua Portuguesa, mas é um "zero" à esquerda em Física.
Assim, tendo em conta que a palavra "zero", em relação ao João nesta frase, se encontra a caracterizar as suas debilidades ou inaptidões técnico-científicas no que à matéria da Física diz respeito, assume sem sombras de dúvidas, a função de adjetivo. Logo, neste contexto, é um adjetivo.
Porém, a mesmíssima palavra "zero" também pode desempenhar a função de substantivo, porque geralmente as pessoas têm a tendência de designar ou indicar as outras servindo-se de palavras que expressam as qualidades ou defeitos que as mesmas têm ou exibem.
Por exemplo:
O "zero" à esquerda já não aprende mais nada.
Neste caso concreto, o vocábulo "zero" é um substantivo comum masculino singular, porque é além do mais, uma palavra com a qual se está a designar ou indicar um ser.
Obs.: vale referir que a palavra "zero" quando assume as funções de substantivo e adjetivo, é variável, ou seja, concorda em número(singular ou plural), sobretudo.
Por exemplo:
Eu não sou zero à esquerda. -Singular
Nós não somos "zeros" à esquerda. - Plural.
Sem mais de longa, partamos para o momento mais alto da publicação.
1° Passo
Classificação morfológica.
Bem, já é sabido por nós que o termo "zeros", que no meu entender foi propositadamente mal escrito para criar rasteiras e retirar a concentração, é, de acordo com o contexto em que se encontra, é um numeral cardinal. Pois faz referência a uma quantidade numérica neutra ou vaga sem a necessidade de indicação de uma posição ou ordem entre os seres. Por outro lado, o termo "quatro" a olhar da Morfologia, é de igual modo essencialmente um numeral, no caso concreto cardinal. Uma vez que faz referência a uma quantidade numérica que contém precisamente 4 unidades de um determinado ser, sem que se indique a posição ou a ordem que se ocupe.
2° Passo
Avaliação à possibilidade de obediência à regra geral de transformação das palavras para o plural.
É de referir que, falar do processo de tranformação de palavras para o plural por parte dos numerais não é o mesmo que falar dele por parte dos substantivos, dado que nem todos os numerais obedecem a sua regra geral. Se calhar alguém esteja a perguntar-se a si mesmo:
Mas essa tal regra geral de transformação de palavras para o plural determina o quê?
Amados e amadas, a regra geral de transformação de palavras para o plural é aquela que se aprende em sede da matéria relativa aos substantivos e esta mesma regra geral determina que:
Por exemplo:
O filho. - Singular
Os filhos.- Plural
A menina.- Singular
As meninas.- Plural
Aqui chegados, é caso para se dizer que, dentro da classe dos numerais, os que obedecem a referida regra geral com mais frequência, se é que não seja com toda ela, são os numerais ordinais, pois são palavras variáveis e exprimem a quantidade numérica de um ser designando a posição ou a ordem que o mesmo ser ocupa em determinada hierarquia.
Para nós que já nos esquecemos dos numerais ordinais, são estes aqui: primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto e entre outros. Assim, está corretíssima a seguinte construção frásica passada para o plural:
O quarto mês do ano. -Singular.
Os quartos meses do ano. -Plural.
Entretanto, é de sacramental relevância que compreendamos que o facto de os numerais ordinais obedecerem aquela regra geral, não implica que os numerais cardinais também o façam. Visto que, se por seu lado os numerais ordinais (primeiro, segundo, terceiro, quarto...) são palavras variáveis, por seu turno, os numerais cardinais (um, dois, três, quatro...) são palavras invariáveis. E por força disso, os cardinais são palavras uninumerais, ou seja, têm uma única forma tanto no singular como no plural. Daí que rigorosamente falando, a tranformação de palavras para o plural por parte dos numerais nunca se pode verificar nos cardinais, dado que eles só têm uma única forma tanto no singular como no plural. Para ser mais pragmático, as palavras como dois, três, quatro, cinco, entre outras, prevalecem a sua forma em quaisquer cirncunstâncias, o que quer dizer que a estas palavras não se devem acrescentar o "s" ou "es" para dar entender que estão no plural, porque como já o disse, são invariáveis ou uninumerais ou melhor, têm uma única forma tanto no singular como no plural.
Daí que eu tinha salientado no princípio que o termo "zeros" enquanto numeral foi propositadamente mal escrito para criar rasteiras e retirar a concentração aos destinatários, porque por via regra o termo "zero" em quanto parte integrante da classe dos numerais mantém a sua essência tanto no singular como no plural, ou seja, não precisa de lhe ser acrescentado um "s" para o pluralizar.
Por exemplo:
É raro ver camisola "zero" nas costas de um jogador de futebol. -Singular
Alguns desportistas são apaixonados pelas camisolas "zero". -Plural
A camisola "dez" do Barcelona. -Singular
As camisolas "dez" do Barcelona. -Plural.
O número "sete" destina-se para a posição de extremo.- Singular
Os números "sete" destinam-se para os extremos. -Plural
3° Passo
Refazer a expressão "dois zeros dois quatro", incluindo-a duas vezes entre os numerais relacionados a palavra "números".
Se nós refizermos a expressão acima citada obedecendo taxativamente a outra exigência, teremos clara e inequivocamente o seguinte resultado:
"Dois números zeros dois números quatro".
Agora vejamos a magia da Língua Portuguesa!
Dois números zeros = 00.
Dois números quatro = 44.
Unindo-os dará: 0044. Esta é a opção que está na alínea b)
Portanto, a opção que corresponde à expressão:
"Dois zeros dois quatro"
É a que está na alínea b) 0044.
Visto que, que por um lado, a palavra "quatro" é um numeral cardinal e por via de regra é invariável, ou seja, não muda a sua essência tanto no singular como no plural e a palavra "zeros" enquanto numeral foi propositadamente mal escrita para criar rasteiras e fazer acreditar que o termo "quatro" está no singular, porque não levou o "s".
Porém, em todo o caso, convido a todos que investiguemos a essência dos numerais cardinais em livros que tenhamos à nossa disposição.
Todavia, requisito-vos Celso Cunha, in: Gramática Contemporânea da Língua Portuguesa; Rocha Lima, in: Gramática Normativa da Língua Portuguesa; Evanildo Bechara, in: Moderna Gramática da Língua Portuguesa; Carlos Baptista, in: Gramática Completa da Língua Portuguesa; António Borregana, in: Gramática Universal da Língua Portuguesa; e Pinto de Castro, in: Gramática Fundamental da Língua Portuguesa.
Oficina Linguística - EGT
Ciência e Inovação.