10/05/2025
As incoerências do panafricanismo militante—uma reflexão racional.
Hoje tive a paciência de assistir a um debate entre dois jovens no FlyPodCast : um deles conhecido como Génio das Ruas, e o outro como Ginga Kandimba, um panafricanista convicto.
Quero deixar claro desde já: não escrevo este texto apenas como cristão.
Escrevo como alguém que busca coerência, verdade e justiça.
Porque senão, sempre vão dizer: “ah, ele só diz isso porque é cristão”.
Mas não é sobre religião — é sobre lógica, razão e honestidade intelectual.
Fiquei particularmente impressionado com a maneira como o Génio das Ruas defendeu sua fé cristã com firmeza, sem medo, com dignidade.
Por outro lado, fiquei perplexo com a quantidade de incoerências nas falas de Ginga Kandimba — que não são novas, já ouvi várias vezes em lives de TikTok e debates parecidos.
Nós, africanos, precisamos parar de repetir discursos prontos sem estudar a fundo.
E aqui vão algumas reflexões sérias:
1. Primeira incoerência: “O cristianismo foi trazido pelo colono para nos escravizar.”
Fato: o cristianismo já existia na África muito antes da colonização europeia.
A Etiópia é cristã desde o século IV. Santo Agostinho, um dos maiores pensadores da fé cristã, era africano (nascido em Hipona, atual Argélia).
Havia igrejas estabelecidas no Egito, na Núbia e outras regiões antes dos portugueses sequer sonharem com as caravelas.
Ou seja, ele ignora que a fé cristã também faz parte do nosso legado africano autêntico.
2. Segunda incoerência: “O cristianismo é europeu, foi importado.”
Mas o mesmo Ginga Kandimba:
Fala português (língua do colono),
Usa teorias marxistas (ideologia europeia),
Veste roupas do Ocidente.
Usa redes sociais e celulares criados pelo Ocidente.
Por que só a Bíblia é acusada de ser instrumento de opressão?
Ou rejeitas tudo que vem do Ocidente, ou reconheces que o problema não é a origem, é o uso.
3. Terceira incoerência: “Foi usado para controlar os africanos.”
Sim, houve abusos, mas também houve missionários cristãos que:
Fundaram escolas, abriram hospitais, alfabetizaram povos inteiros.
Denunciaram injustiças coloniais.
E alguns até morreram defendendo os africanos.
Logo, o problema não é o cristianismo — é o uso que se fez dele.
Como qualquer ideia poderosa, ela pode ser mal utilizada.
4. Quarta incoerência: “Há cristãos que matam, estupram, e a Bíblia fala de escravidão.”
Isso é real. Mas vamos lá:
O fato de um pastor ser corrupto não invalida o cristianismo, da mesma forma que um político corrupto não invalida a democracia.
Toda ideologia tem gente má.
Ele nunca aponta para os abusos dentro do islamismo, do marxismo, do ativismo — só no cristianismo. Por quê?
Sobre a Bíblia:
Citar versículos fora do contexto histórico e cultural é desonesto.
A Bíblia é uma narrativa progressiva, e seus princípios finais apontam para a dignidade humana, igualdade e amor ao próximo.
Mas isso ele nunca lê. Só procura frases para atacar.
5. Quinta incoerência: “O cristianismo destruiu a moralidade africana.”
Essa aqui é das mais perigosas.
Primeiro: ele nunca define o que é “moralidade africana”.
Fala como se antes da chegada dos europeus, os povos africanos viviam em um paraíso ético.
Mas a verdade é que:
Havia poligamia desenfreada e a mulher era tratada como propriedade em várias culturas.
Práticas como casamento forçado, mutilação ge***al feminina, sacrifícios humanos e até escravidão interna eram comuns.
Nem toda tradição é moral só porque é africana.
Se for falar de moralidade, tem que encarar os próprios erros culturais também.
6. Sexta incoerência: “Não existe verdade absoluta.”
Essa frase parece bonita, mas se destrói sozinha.
Se ele diz que não existe verdade absoluta — como pode ter certeza que o cristianismo está errado?
Se tudo é relativo, então o que ele está a dizer também não é confiável.
Mas ele exige que o cristão prove sua fé com base em verdades, enquanto ele foge de qualquer base.
7. Sétima incoerência: “A influência cristã destruiu a identidade africana.”
Mas quem é Ginga Kandimba hoje?
Um jovem africano influenciado por ideias europeias, usando meios europeus, falando línguas europeias, combatendo o cristianismo com argumentos produzidos em universidades ocidentais.
Ou seja: ele também é um produto de influência.
A diferença é que muitos africanos abraçaram o cristianismo por escolha e convicção pessoal, e não por lavagem cerebral.
Aliás, hoje o cristianismo cresce na África por amor, não por colonização.
Conclusão:
Ginga Kandimba apresenta um panafricanismo baseado na raiva, na negação da fé do povo e na falta de conhecimento histórico.
A libertação que ele propõe corta a raiz espiritual do africano e coloca no lugar um orgulho vazio — sem estrutura moral, sem base, sem esperança.
Mas a verdadeira libertação começa com:
Verdade, não retórica.
Coerência, não contradição.
Respeito ao povo, não alienação cultural.
A África não precisa abandonar Deus para se afirmar.
Precisa, sim, conhecer melhor a sua história, inclusive a história do cristianismo africano.
Natal