20/02/2022
𝐄𝐥𝐨𝐠𝐢𝐨 𝐅𝐮́𝐧𝐞𝐛𝐫𝐞 𝐝𝐨 𝐏𝐫𝐞𝐬𝐢𝐝𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐝𝐨 𝐏𝐚𝐫𝐭𝐢𝐝𝐨
Dignos mui ilustres familiares aqui presentes e não presentes,
Aos Membros da Direção da UNITA,
Aos Militantes do Partido,
Aos amigos,
Angolanos e angolanas
“O combate semeou no seu caminho vidas que muitas delas hão de fazer falta à pátria. Nós sentimos que existe um espaço vazio que os nossos heróis deviam ocupar. ” Dr. Jonas Savimbi
Não há palavras suficientes para elogiar e descrever a grandeza de homens que, à dado momento do desenvolvimento da humanidade, olharam para a história e perceberam haver necessidade do seu envolvimento para corrigir o curso dos acontecimentos da sua sociedade, entregando-se à luta até doar as suas próprias vidas para o benefício de todos.
Estes foram homens excepcionais.
Falar de Adolosi Mango Paulo Alicerces é reflectir aquele homem de características notavelmente nobres e de uma intelectualidade de fibra muito fina.
Tinha postura incomparável no ser, no estar, no vestir, no falar, no olhar; enfim,uma pessoa singular...
Muito rigoroso e exigente para consigo próprio e para com os outros, fossem eles colegas ou colaboradores, era corajoso, exercia a necessaria autoridade e firmeza em todas as dimensões da sua actuação, tanto no trabalho como fora dele.
Bastante atencioso e sensível, nunca deixava passar despercebidos assuntos que chamavam a sua atenção, agindo em resposta, imediatamente sempre que fosse necessário.
Gozava por isso de muita estima, consideração e respeito de todos, tanto superiores hierárquicos como colaboradores. Era por isso alvo de incontidos elogios por parte de toda a gente que o aproximasse ou com ele lidasse.
Inteligente, dinâmico e muito habilidoso, não tinha dificuldades de mudar de funções, aliás; os seus contemporâneos dizem mesmo que Mango Alicerces acabou por ser o que foi, não por mero acaso, mas sim porque resultou de uma educação programada para a formação de gente qualificada e destinada a servir. Como pessoa, era amigo e homem de trato fácil.
Recordo aqui a sua última chamada telefonica na tarde do dia 01 de Novembro de 1992: companheiro quero que me ponha em contacto com um jornalista para a minha última entrevista para eu poder explicar para as futuras gerações que a minha morte não será em vão. A entrevista foi feita, foi difundida, ele agradeceu a jornalista que a efectou chorou amargamente durante muito tempo porque sentiu responsavel pela sua morte, na verdade não foi assim, foi seu último depoimento, e eu espero que os familiares tenham esse documento.
Intelectual, corajoso e tenaz, voluntarioso era dotado de um afincado sentido de responsabilidade estou a falar agora de Elias Salupeto Pena. E traduzir aquele homem que descendendo de famílias guerreiras e tendo testemunhado a perseguição, a prisão e morte dolorosa do seu avô Loth Malheiro Savimbi, nas mãos do colonialismo português tornou-se o intérprete de um incontido sentimento de revolta contra qualquer forma de opressão.
Bastante zeloso, punha as suas habilidades ao serviço do bem de todos: na família, no trabalho e em qualquer outra circunstância de convivência colectiva.
Gostava de partilhar com todos os seus colaboradores os sólidos conhecimentos do seu rico universo intelectual.
Apesar do rigor com que gostava de ver as coisas feitas, era um homem de trato fácil na lida do dia-a-dia, granjeando desta forma simpatia e amizade de todos os que o circundavam, superiores ou subalternos.
Elias Salupeto Pena dizia-nos “ os insucessos são sempre meus, são pessoais, os sucessos são para partilha com todos,” um homem de coragem.
Tal como tivemos a oportunidade de ouvir ao longo da leitura das biografias dos nossos heróis e mártires, não foi por acaso que, eles fizeram um percurso militante tão brilhante e cheio de cargos de responsabilidades.
Ser-se diretor geral de Instrução Militar das FALA, encarregado da Formação Política de Quadros, comandante militar, chefe do departamento de quadros, diretor do Centro de Estudos Comandante Kapessi Kafundanga, diretor do gabinete do Presidente e Alto Comandante das FALA, representante do Partido na República Federal da Alemanha e Portugal e Secretário Geral do Partido caso de Alicerces Mango, diretor da mobilização clandestina da juventude, comandante militar, primeiro Presidente da Juventude Unida e Revolucionaria de Angola – JURA, encarregado dos estudantes do Partido no exterior, diplomata com dimensão plenipotenciária, Secretário Nacional para Agricultura e Pecuária, Chefe da Direcçao Geral de Abastecimento e chefe Adjunto da Delegação Negocial da UNITA em Bicesse e finalmente chefe da Delegação da UNITA na Comissão Conjunta político- militar tal é o caso de Salupeto Pena. A UNITA dá a todos seus membros a possibilidade de chegar lá onde se pode chegar, mas é preciso ter-se uma virtude a mais: a entrega voluntaria e consciente a causa. Neste momento solene em que homenageamos os nossos heróis mártires o Presidente da UNITA vem em nome da Direcçao do Partido, de todos os Membros da UNITA dos amantes da paz, liberdade e dignidade e, em seu nome Pessoal agradecer o vosso brioso empenho até ao derramamento do vosso sangue que fizeram com que a UNITA seja o que é hoje: a esperança dos angolanos por um país e por uma vida melhores.
Diz a filosofia da vida que muitas vezes só nos apercebemos das virtudes dos nossos entes queridos, companheiros e amigos, quando estes já não estão no nosso seio. Por isso, habitem em nós as boas recordações e o grande exemplo de coragem e patriotismo destes nossos heróis.
Nós estamos aqui perante estas duas urnas que contêm algumas ossadas dos dirigentes que hoje aqui estamos a homenagear. Tanto os familiares, como o Partido abdicaram de envolverem patologistas para confirmarem as ossadas. Todos entenderam que trinta anos depois era irrelevante fazê-lo! Todos entenderam partilhar este como um momento e um acto de Paz e de Reconciliação Nacional, tão necessários para a construção da Nação em que eles acreditaram e que nós testemunhamos terem dado o melhor que tinham as suas próprias vidas.
Honrar os nossos heróis num momento como estes é enxugarmos, as lágrimas, e prestarmos a homenagem justa que merecem. Também deixarmos expresso o compromisso de que, descansem em paz, pois, nós sobrevivos da causa que vos levou tão cedo havemos de fazê-la triunfar.
Salve Angola Pátria nossa
Salve Pátria Angola nossa
Unidos venceremos
Que Deus vos tenha no seu reino.
As famílias muita força e coragem.
Muito obrigada a todos
Luanda, 17 de Fevereiro de 2022