07/06/2025
A Realidade Concreta da Feminilidade
A sensualidade desordenada que temos visto nas redes sociais hoje fala muito sobre o estado interior da mulher moderna. Muitas de nós lutamos para compreender a feminilidade de forma abstrata, como se fosse apenas uma ideia, um papel social ou uma construção cultural. Porém, a verdade é que não há como separar a mulher de seu próprio corpo, pois o corpo influencia diretamente a alma e expressa concretamente a vocação feminina.
Para compreendermos a natureza da mulher, é necessário entender que ela se manifesta de maneira visível e concreta, através do corpo e da experiência corpórea. É por meio do corpo que se revela a vocação da mulher para acolher, nutrir, entregar-se e refletir. Contudo, a sociedade contemporânea apresenta uma visão deturpada dessa realidade, e é por isso que tantas mulheres hoje tateiam, buscam, procuram reencontrar sua essência e identidade.
A feminilidade não é apenas uma ideia abstrata ou uma função social. Não se resume a afirmar que “o lugar da mulher é na cozinha” ou que “ela deve cuidar da casa”. Tudo isso, quando bem compreendido, aponta para algo muito mais profundo: uma expressão corpórea e relacional da sua essência e vocação. O corpo da mulher, com seus ciclos, curvas e estrutura, fala de uma maneira própria de se relacionar com o mundo.
A mulher não é apenas corpo nem apenas alma , ela se realiza pela integração de ambos. A corporeidade feminina não é acidental, mas essencial. Ela comunica quem a mulher é, qual sua vocação e sua forma peculiar de acolher e transformar o ambiente ao seu redor. Essa desordem que vemos na exposição sensualizada e no desleixo do corpo revela o nível de desordem interior. A sensualidade, que deveria ser um dom ordenado por Deus para o contexto certo, é muitas vezes usada como arma ou mercadoria.
As mulheres sabem o poder que seus corpos têm. Mas antes de culparmos a sociedade por objetificá-las, é necessário refletir: o que temos feito com o nosso corpo? Existe algo na mente humana que naturalmente reconhece o que é uma mulher íntegra e o que é uma mulher que usa seu corpo de maneira vulgar. E isso não está apenas na vestimenta, mas nos gestos, nos olhares, na postura e na maneira de se colocar no mundo.
Assim como toda a criação foi feita para receber o dom de Deus e envolvê-lo de forma bela, a mulher carrega em si essa vocação: acolher, nutrir, transformar, proteger e relacionar-se. Por isso seu corpo é cíclico, acolhedor, relacional e comunicativo. Não é à toa que, no âmbito da sexualidade, os efeitos de uma entrega desordenada pesam muito mais sobre a mulher. Poucos homens sofrem pela banalização do próprio corpo. Para a mulher, ao contrário, isso fere sua essência.
O corpo feminino está intrinsecamente ligado à alma da mulher. Ele fala de quem ela é. Não é possível acordar e decidir “hoje sou homem, amanhã sou mulher”. A materialidade do corpo carrega sinais profundos: hormônios, curvas, movimentos, ciclos , tudo revela a essência. Quando uma mulher se desconecta de seu corpo, de sua casa, de suas relações e da materialidade da vida, ela se distancia da sua essência.
A feminilidade se expressa no concreto: no cuidado, na beleza, no ambiente, na sensibilidade para as relações e na entrega. Isso não significa reduzir a mulher ao lar ou à maternidade, mas reconhecer que há uma dimensão corpórea essencial para sua realização plena.
A feminilidade restaurada não rejeita o corpo, mas o reconsagra como expressão da sua vocação. O corpo da mulher não é um acessório, mas um sinal visível da sua natureza e identidade. A mulher é, por excelência, o arquétipo da criação: feita para receber o dom, acolher a vida e gerar beleza.
Diante disso, cabe a nós perguntarmos: como temos vivido essa realidade? E quais mentiras ou ideologias temos aceitado sobre o nosso corpo, a nossa vocação e a nossa essência?
A essência feminina está profundamente ligada ao concreto da vida. E, quando essa ordem interior é rompida, as mulheres tendem a dois extremos: ou se tornam egocêntricas e focadas unicamente em si, ou se perdem no desleixo e na anulação, vivendo apenas para os outros. O equilíbrio está na reconciliação da alma com o corpo e do corpo com a vocação que Deus confiou a cada mulher.
- Ximene Tabi