21/06/2025
Título: “Entre o Sambizanga e o Meu Coração” – Capítulo 2
O olhar de Carla naquele banco do pátio dizia muito mais que qualquer palavra. Afonso ficou ali, de pé, sem saber se saía ou ficava. Mas ficou. Sentou-se ao lado dela em silêncio. Às vezes, o silêncio diz exatamente o que o coração sente.
— “Faleceu minha avó… Era como uma mãe pra mim”, disse ela com a voz fraca.
Afonso apenas respondeu com um gesto: ofereceu-lhe um lenço e ficou ao lado dela, em silêncio, até que ela se acalmasse. Foi assim que começou. Sem promessas, sem pressa… só presença.
Nos dias que se seguiram, Afonso passou a deixar mensagens de bom dia, levava pão com chá na hora do intervalo e arrumava desculpas para estar por perto. Carla, mesmo em luto, começou a sorrir de novo… devagarinho.
Ela morava no Golfe 2 e Afonso, do Sambizanga, passou a pegar dois táxis só para deixá-la em casa, mesmo sem ter muito no bolso.
Certo dia, Carla olhou nos olhos dele e disse:
— “Por que estás a fazer tudo isso por mim?”
E ele respondeu, com um sorriso tímido:
— “Porque tu és a única coisa que me faz sentir paz neste mundo barulhento.”
Ela não respondeu. Apenas encostou a cabeça no ombro dele… e Afonso sentiu que o mundo inteiro estava em silêncio outra vez.
—
*Continua… Queres o Capítulo 3 amanhã?