12/03/2022
● Guerra na Ucrânia agrava problemas com dívida de países africanos
A guerra na Ucrânia agravou a situação de muitos países africanos já complicada pela pandemia de Covid-19 na gestão da dívida externa, sendo urgentes mecanismos internacionais para fazer o reestruturamento, afirmou hoje Guillaume Chabert, do Fundo Monetário Internacional (FMI).
As dificuldades com o pagamento da dívida externa já existiam antes de 2020, admitiu o director adjunto do departamento de Estratégia, Política e Revisão do FMI, mas o fim da Iniciativa para a Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) do G20 no final de 2021 fez voltarem as pressões sobre a liquidez dos países.
Se a pandemia de covid-19 exacerbou os desafios daqueles países, "o endurecimento das condições financeiras no mundo devido à normalização da política monetária pelos Estados Unidos, mas também a guerra na Ucrânia, pioraram [a situação]", vincou Chabert, referindo a disrupção no comércio e o aumento de preços.
O responsável falava no 'webinar' sobre "Sustentabilidade da dívida africana e necessidades de financiamento", organizado pelo centro de estudos Chatam House.
O economista francês adiantou que os pagamentos da dívida externa em 2022 vão superar os nível pré-pandemia, pois, com o fim do DSSI, os países têm não só de aumentar os pagamentos mas também pagar maturidades que foram diferidas em 2020.
Segundo o FMI, entre os 36 países africanos elegíveis para DSSI, 21 estão actualmente classificados como de alto risco ou em sobreendividamento.
"Alguns vão precisar de reestruturamento da dívida e vamos precisar de um mecanismo funcional. (...) Progressos são necessários urgentemente", defendeu Chabert, sugerindo que o instrumento que substitui o DSSI, o Enquadramento Comum para a Reestruturação da Dívida, seja estendido a outros países que não elegíveis para o DSSI, mas que também têm grandes desafios com a dívida.
A Rússia lançou em 24 de Fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 549 mort