10/05/2023
PRESIDENTE DA CASA-CE APOSTA NAS AUTARQUIAS PARA "SALVAR" O PAÍS DA SITUAÇÃO EM QUE SE ENCONTRA.
Em conversa com Manuel Fernandes, presidente da coligação CASA-CE, que conheceu o seu maior desaire político, desde a sua criação, nas eleições gerais realizadas em Agosto de 2022, o político refere que “o balanço não foi positivo”
De acordo com Manuel Fernandes, “o balanço é negativo, porque na altura nós estávamos na Assembleia Nacional, éramos a terceira força política, hoje estamos praticamente relegados a uma das forças políticas, ou seja, uma força política sem assento no Parlamento. Não era esse o nosso prognóstico, não era essa a nossa expectativa. Nós trabalhamos, fizemos o que esteve ao nosso alcance para que tivéssemos efectivamente resultados melhores e que pudesse ter um contexto diferente deste que tivemos, divulgado pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), mas conforta-nos, a cada dia que passamos, sempre recebemos o conforto de angolanos de vários extractos da nossa sociedade, aqueles que não acreditam no resultado, que colocou a CASA-CE fora da Assembleia Nacional”.
Em sua opinião, o balanço é negativo em função de tudo isso, mas que não decorre de incapacidade interna. "Mas sim, acima de tudo, por força de algumas artimanhas das instituições encarregues de conduzir o processo eleitoral. Também não estamos a fugir à nossa responsabilidade de haver falhas internas, ou alguma insuficiência interna; é por causa dessa ‘insuficiência’ que houve esta brecha”, reconhece.
Manuel Fernandes considera que o mas importante “para nós, é olhar para isto com olhos de ver, procurar formas de corrigir com toda humildade e honestidade possível. Como dizia um ex-líder americano, aquele que não olha para o seu passado, corre o risco de repetir os mesmos erros da história”, declarou, acrescentando que “nós estamos aqui neste preciso momento a reflectir profundamente e também a ver onde é que falhamos. Acima de tudo o que é que falhou e o que teremos que fazer para efectivamente recuperarmos a terceira via neste país”.
Agora, disse o líder da CASA-CE, “a nossa expectativa é concretizar as autarquias. Nós temos 164 municípios e quando se pensa hoje em criar ou alargar para 500 municípios, isso poderá servir de álibi ao Executivo para não as concretizar, porque numa primeira fase, para concretizar as autarquias, vai-se depender de princípio da criação de condições físicas do ponto de vista de infrastruturas para acomodação dos órgãos de autarquias, ou dos órgãos de administração municipal. Assim, isso vai fazer com que se camufle outra vez, ou se ‘cafrique’, se assim posso dizer, o debate sobre as autarquias. É uma vergonha, devíamos ter todos vergonha, que Angola seja o único país dos PALOP, único país da SADC, um dos poucos países a nível do continente que não tem poder local, ou seja, que não concretiza as autarquias”, lamenta.
“Eu como político, primeiro diria que devíamos começar a concretizar as autarquias e a sua implementação; então, estudar a viabilidade de ter que estender o poder junto dos cidadãos, porque está-se a falar em aumentar a estrutura de custo do Estado, porque serão 500 administradores e 500 administradores adjuntos. Estamos a falar em criar circunscrições territoriais novas. Na verdade, estamos a aumentar a própria estrutura de custo do Estado e nós precisamos saber que a nossa economia ainda não está completamente consolidada; no ponto de vista da instabilidade monetária, nós precisamos criar músculo nessa economia, precisamos criar uma lufada de ar fresco do ponto de vista financeiro”, frisou.
Como afirmou, a nossa economia ainda é mono dependente de um único recurso que é o petróleo. “Efectivamente, a dizer que há crescimento no país, porque o petróleo está em alta, o único que faz respirar a nossa economia, isso não passa de uma ‘comodity’ que depende na verdade da geoestratégia política mundial, basta haver uma crise que envolva as grandes potências, que são os maiores consumidores do produto e ai vem a alta. Estamos a ver o caso da Rússia e os EUA, vamos supor que a guerra na Ucrânia termine, que na verdade haja paz na Ucrânia, tudo vai voltar ao normal, o que nós temos de diferente para podermos dizer que vai poder substituir o petróleo? Nada!”, argumentou.
Fernandes considera que “não podemos criar a nossa economia na base de meter sempre as mãos nos bolsos dos cidadãos, porque quando se fala do sector petrolífero, não cresceu, não é através de investimento no sector da economia não, é do sector primário da economia. Não é através de se implementar o IVA, quando se aumenta o imposto estamos a criar efectivamente dificuldades na vida dos cidadãos”, alertou.
Ao finalizar, Manuel Fernandes endereçou uma mensagem de conforto para os amigos, colaboradores, simpatizantes e militantes, afirmando que “estamos aqui dispostos para continuar a lutar por um país melhor. Eu como presidente da CASA-CE, conto com todos vós; ainda temos energia, ainda temos forças para podermos continuar, mas não estamos a dizer que estamos amarrados a esta cadeira como nosso fim. Temos um propósito que é, acima de tudo, salvar este país da situação difícil em que se encontra. Não vamos vencer esta luta contando apenas com nossos esforços individuais, mas sim através do empenho e dedicação de cada militante, lá onde ele se encontra, desde a base ao topo”.
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