18/04/2025
Um grupo de cerca de 180 ex-militares da Força Aérea Nacional (FAN) denunciou, através de uma carta enviada para o Sapalo, ter sido afastado das fileiras de forma precoce e injustificada, antes de cumprir os três anos estabelecidos pelo Serviço Militar Obrigatório (SMO).
Os subscritores da denúncia relatam profunda frustração e sentimento de abandono por parte das autoridades militares, exigindo a sua reintegração imediata nas Forças Armadas Angolanas.
De acordo com o documento, os militares foram recrutados na província da Lunda-Sul, mais precisamente no Centro de Instrução de Tropas da Força Aérea (CITFAN).
Após concluírem com êxito seis meses de formação básica e realizarem o tradicional juramento à bandeira, iniciaram o curso de especialização, com duração prevista de três meses.
No entanto, quando faltavam apenas dois dias para o término do curso, receberam a notícia devastadora de que estavam licenciados por alegada “redução de pessoal".
Conforme os denunciantes, o licenciamento foi abrupto, sem qualquer explicação plausível ou critério transparente. "Fomos tratados como peças descartáveis. Dedicámos tempo, suor e esperança a uma missão patriótica e, no fim, fomos simplesmente abandonados", lamentam.
Muitos afirmam que se endividaram para chegar aos centros de formação e alimentar-se durante a recruta, acreditando que estavam a dar um passo sólido para servir a Nação.
Os ex-militares revelam que, desde o seu afastamento, em 2019, vivem uma realidade marcada pelo desemprego, desorientação e cobrança constante de familiares que não compreendem o motivo da dispensa repentina.
Alguns relatam que nem sequer tiveram oportunidade de exercer funções dentro das estruturas da Força Aérea. "Fomos preparados para servir, e nunca nos deram sequer a chance de cumprir essa missão", deploram, acrescentando ainda que têm buscado respostas junto do Comando da Força Aérea e de outras estruturas do Ministério da Defesa Nacional, mas sem sucesso.
Os mesmos alegam que a situação tem sido ignorada pelas chefias militares, apesar de já existirem indicações internas de que o seu afastamento foi irregular e que deveriam ser reintegrados.
Na mesma denúncia, os ex-militares apelam directamente ao Presidente da República e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas, João Lourenço, pedindo que intervenha pessoalmente no caso.
"Senhor Presidente, somos os teus soldados esquecidos. Queremos apenas servir a pátria com honra, e não ser tratados como números descartáveis."
Muitos dos signatários alertam para o perigo de esta frustração se transformar em revolta, caso continuem sem respostas. Contudo, garantem que mantêm a disciplina e os valores recebidos durante o treino militar. “Não queremos usar o que aprendemos contra o país.
Queremos apenas justiça."
Mais de cinco anos depois do ocorrido, estes jovens continuam a aguardar um desfecho que lhes permita recuperar a dignidade e o sentido de pertença. A denúncia enviada ao Imparcial Press é, segundo afirmam, um grito de socorro e um último apelo à justiça.
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