26/11/2024
IPCA-15 de novembro surpreende e pressiona meta anual
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de novembro apresentou uma alta de 0,62%, superando as projeções do mercado, que esperavam um aumento de 0,50%. Esse resultado acendeu um alerta para o controle da inflação no Brasil, com o acumulado de 12 meses chegando a 4,77%, acima do teto da meta de inflação para 2024, estabelecida em 4,5%. Segundo o economista André Braz, do FGV Ibre, “é uma época em que os preços normalmente sobem mais, respondendo a uma demanda que é um pouco mais alta pelas festas de final de ano, pelos empregos temporários e pelo próprio aquecimento da atividade”.
Dois grupos se destacaram como os principais responsáveis por essa alta. O grupo de alimentos e bebidas teve um aumento de 1,34%, representando um impacto de 0,29 ponto percentual no índice geral. Entre os destaques estão o óleo de soja, que subiu 8,38%; o tomate, com alta de 8,15%; e as carnes, que registraram um aumento de 7,54%, a maior alta desde dezembro de 2019. Já o grupo de transportes surpreendeu com o aumento de 0,82%, puxado pelas passagens aéreas, que tiveram uma alta expressiva de 22,56%, o maior impacto individual no índice.
Esse cenário representa riscos importantes. O acumulado de 12 meses acima do teto da meta de inflação para 2024 pode pressionar o Banco Central a ajustar a taxa básica de juros (Selic) para conter a inflação. Além disso, o aumento generalizado de preços reduz o poder de compra da população, afetando diretamente o bolso dos consumidores.
As projeções econômicas foram ajustadas diante desses dados. André Braz, da FGV Ibre, estima que o IPCA deve ficar entre 4,6% e 4,7% ao final de 2024. Fábio Romão, da LCA, elevou sua previsão de 4,7% para 4,8%, enquanto Claudia Moreno, do C6 Bank, mantém sua projeção em 4,7%.
O IPCA-15 de novembro aponta para um final de ano marcado por pressões inflacionárias significativas. A combinação de fatores sazonais, como as festas de fim de ano, com eventos climáticos que afetam a produção de alimentos, cria desafios para o controle da inflação. As próximas semanas serão determinantes para avaliar se o Brasil conseguirá manter a inflação dentro da meta estabelecida para 2024, enquanto consumidores e investidores aguardam medidas que possam ser adotadas pelo Banco Central para enfrentar esse cenário.