
01/02/2025
Será que só eu vejo o horror que se desenrola?
Nos últimos dias, testemunhamos uma coreografia perversa que desafia a racionalidade: o Hamas liberta reféns brutalmente sequestrados em ataques sangrentos, enquanto Israel, sob pressão internacional, solta terroristas condenados por tribunais democráticos— alguns responsáveis por massacres que deixaram crianças órfãs e cidades em luto. O que deveria ser um gesto de humanidade transformou-se num reality show geopolítico, onde o terror é recompensado com legitimidade, e a justiça se curva à chantagem. Alguém mais enxerga o abismo que se abre sob nossos pés?
Não se trata de mera troca de prisioneiros. É a ritualização pública da capitulação. Cada refém devolvido pelo Hamas — exibido ao mundo como prova de sua "magnanimidade" — é acompanhado pela libertação de assassinos que passaram anos em celas por crimes comprovados: atentados a ônibus, facadas em praças públicas, conspirações para semear o caos.
A mensagem é clara:
organizações terroristas agora têm um manual. Basta sequestrar civis, filmar a barbárie, e esperar que as democracias, temendo o julgamento das câmeras, troquem terroristas por corpos vivos.
A história conhece concessões sob ameaça — os resgates pagos a piratas, os diálogos com guerrilhas, os acordos de cessar-fogo manchados de sangue.
Mas nunca, nunca, vimos um espetáculo tão cínico em tempo real. Enquanto o Hamas transforma reféns traumatizados em atores de sua propaganda, Israel guardião de um sistema judicial que outrora se orgulhava de seu rigor converte sentenças judiciais em moeda de barganha. O que diferencia um Estado de lei de um grupo terrorista, quando ambos negociam cadáveres e criminosos em praça pública?
O futuro que se desenha é aterrador. Cada terrorista libertado não é um "gesto de paz" é um recrutador em potencial, um símbolo para células dormidas, uma prova de que o assassinato em massa rende dividendos. E as democracias? Tornam-se reféns de sua própria hesitação, aplaudindo como "diplomacia" o que é, no fundo, a negação de tudo que juraram defender.
Se hoje negociamos com organizações que degolam bebês em berços, o que dirão os livros de daqui a 50 anos? Que a civilização, em seu auge tecnológico, aceitou sentar à mesa com o mal absoluto e serviu-lhe, de bandeja, a própria dignidade.
O verdadeiro sequestro não é o dos reféns: é o da nossa capacidade de distinguir entre justiça e rendição. Enquanto isso, o mundo assiste, compartilha e muda de canal.