
04/07/2023
“De acordo com o professor André Roch Lecours, do hospital Côte-des-Neiges, em Montreal, a exposição somente à linguagem oral pode não ser suficiente para que algum dos hemisférios desenvolva plenamente as funções da linguagem; para que nosso cérebro permita esse desenvolvimento, talvez devamos ser ensinados a reconhecer um sistema compartilhado de signos visuais. E em outras palavras, precisamos aprender a ler.”
O MOVIMENTO DOS OLHOS
“A direção em que os olhos deveriam seguir esses carretéis de letras variava de lugar para lugar e de época para época; o modo como atualmente lemos um texto no mundo ocidental-da esquerda para a direita e de cima para baixo-não é de forma alguma universal. Alguns escritos eram lidos da direita para a esquerda (hebreu e árabe), outros em colunas, de cima para baixo) (chinês e japonês); uns poucos eram lidos em pares de colunas verticais (maia); alguns tinham linhas alternadas lidas em direções opostas, de um lado para o outro-método chamado boustrophedon, como um boi dá voltas para arar", na Grécia antiga. Outros ainda serpenteavam pela página, como um jogo de trilha, sendo a direção indicada por linhas ou pontos (asteca). A antiga escrita em rolos-que não separava palavras, não distinguia maiúsculas e minúsculas nem usava pontuação-servia aos objetivos de alguém acostumado a ler em voz alta, alguém que permitiria ao ouvido desembaralhar o que ao olho parecia uma linha contínua de signos.”
Conheça mais sobre a história da leitura na companhia de Alberto Manguel.