25/06/2025
| TODO APOIO AO POVO DO IRÃ CONTRA OS ATAQUES DE ISRAEL E ESTADOS UNIDOS
Nota do GOI-Palavra Operária (25/6/2025)
Após uma guerra de extermínio que destruiu a Faixa de Gaza e assassinou mais de 56 mil palestinos (a maioria crianças e mulheres), o Estado genocida de Israel volta agora suas armas contra o Irã. A guerra contra o povo palestino, árabe e muçulmano, promovida pelo governo de ultradireita de Binyamin Netanyahu, é apoiada pelos Estados Unidos, que agora se une abertamente a Israel nos bombardeios ao Irã, que já mataram mais de 600 pessoas até o “cessar fogo” vigente neste momento.
Esta aliança contra os povos do Oriente Médio tem dois objetivos estratégicos. O mais visível é manter a dominação imperialista econômica, militar e política sobre estes países, para seguir se apropriando de suas riquezas naturais, sobretudo o petróleo, avançando na ocupação militar do território, que já conta com milhares de soldados estadunidenses em 19 bases militares na região, além da ostensiva presença de embarcações de guerra no Golfo Pérsico. O objetivo “oculto” é tentar impedir a revolta do povo explorado e oprimido contra a dominação imperialista e seu gendarme sionista. O ódio ao imperialismo e ao sionismo é um dos principais combustíveis que alimentam a revolta dos povos do Oriente Médio e Norte da África. Com o Holocausto em Gaza, e agora as bombas sobre o Irã, Estados Unidos e Israel querem dar um alerta e ameaça a todos os povos que ousem se levantar contra o domínio imperialista.
Época de guerras e revoluções
A entrada dos Estados Unidos diretamente na guerra contra o Irã expressa as tendências mais profundas da nova etapa de degeneração do imperialismo, em que a lei do mais forte volta a ser, sem máscaras diplomáticas, a regra das relações entre as nações, e a produção armamentista (em estreita parceria com as “big techs”) passa a ser o motor da economia capitalista em crise.
Desde a vergonhosa retirada das tropas estadunidenses durante a queda de Cabul, capital do Afeganistão, em agosto de 2021, tomada pela milicia Talibã, o “ímpeto guerreiro” dos Estados Unidos encontrava-se mais uma vez abalado pela “síndrome do Vietnã”. O próprio Donald Trump, em seu ideário MAGA (Make America Great Again), preconizava que os Estados Unidos não deveriam se envolver em “guerras estúpidas”. Contudo, é impossível fugir de sua própria natureza: o imperialismo carrega em sua essência a tendência irrefreável de conquistar territórios e mercados, e de esmagar, através da força das armas, qualquer resistência aos seus interesses.
A aliança genocida entre o imperialismo ianque e o sionismo israelense contra o Povo Palestino e o Povo Iraniano mostra, de uma vez por todas, que o Estado de Israel não passa de um enclave militar artificial a serviço dos Estados Unidos e demais potências imperialistas. Desde que foi criado, em 1948, sob o beneplácito da ONU e da antiga União Soviética estalinista, Israel tem gravado em seu DNA o racismo, a xenofobia e a violência. Há 77 anos, a Nakba (Catástrofe) deu início à expulsão do povo palestino de suas terras e lares, e desde então, Israel promove a expansão de seu território por meio de guerras de limpeza étnica, impondo a submissão colonial do povo árabe dentro e fora de suas fronteiras.
Essa natureza ra***ta, genocida e colonialista do Estado sionista é também incompatível com a existência de liberdades e de um regime político democrático burguês dentro das fronteiras de Israel. A atual coligação de governo, encabeçada por Netanyahu, trouxe para o poder lideranças sionistas abertamente fascistas como Bezalel Smotrich, do Partido Sionista Religioso, e Itamar Ben Gvir, do Poder Judaico, que defendem a aniquilação do povo palestino para a criação do Grande Israel, com a retomada total da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, e a expansão sobre territórios de países vizinhos. O avanço do bonapartismo e do fascismo em Israel vai mostrando cada vez mais a verdadeira essência ra***ta deste estado, e sua completa incompatibilidade com a vida e a liberdade dos povos no Oriente Médio.
Fuga para a frente
A guerra contra o Irã é também, do ponto de vista imediato, uma “fuga para a frente”, quer dizer, “criar a impressão de resolver um problema com solução arrojada, quando se está na verdade a fugir dele”.
Com esta tática, Netanyahu tentar sair do atoleiro em que se encontra na Faixa de Gaza. Apesar do Holocausto promovido pelas Forças Armadas de Israel, o povo palestino de Gaza não abandona suas terras, e a resistência, encabeçada pelo Hamas, não depõe suas armas.
A “solução final” de Trump e Netanyahu é a famigerada “Riviera do Oriente Médio”: a deportação em massa de cerca de 2 milhões de palestinos, limpeza étnica necessária para a ocupação da Faixa de Gaza por colonos sionistas. Este plano já está sendo colocado em prática através da retomada do massacre das famílias palestinas, que seguem vivendo em condições sub humanas na Faixa de Gaza. Israel segue usando a fome e a doença como arma de guerra, e o número de palestinas e palestinos famintos assassinados tentando buscar ajuda nos pontos de distribuição de alimentos controlados por Israel chegou a 516 pessoas.
A intensificação do genocídio está levando a um novo ascenso das manifestações em apoio ao Povo Palestino em todo o mundo, assim como fazendo crescer a pressão sobre os governos burgueses “democráticos” para que rompam relações e tomem medidas contra Israel. Avançar com o plano da deportação dos palestinos de Gaza ameaça incendiar as massas árabes e muçulmanas, até agora mantidas sob relativo controle, na Cisjordânia, pelos capatazes de Israel da Autoridade Palestina (Al Fatah de Abu Mazen), e nos países árabes e muçulmanos, pelos governos submissos aos Estados Unidos e a Israel.
Ao estender a guerra ao Irã, sob a justificativa de que este país ameaça Israel com bombas nucleares, Netanyahu busca “tirar o foco” do Holocausto em Gaza, logrando, momentaneamente, retomar o apoio majoritário dos judeus israelenses, que em cerca de 85% apoiam a guerra contra o Irã. Ao mesmo tempo, dá uma justificativa para reunificar os diferentes países imperialistas em torno à política de “defesa de Israel” e de “impedir que o Irã tenha bombas nucleares”, colocando os Estados Unidos de Trump diretamente na guerra contra o Irã, e dando um novo fôlego para a fracassada diplomacia da União Europeia e da Liga Árabe.
Ao atacar o enfraquecido Regime dos Aiatolás do Irã, Trump e Netanyahu tem como objetivo forçá-lo a desistir completamente de sua infraestrutura de enriquecimento de urânio, o que seria prontamente apresentado como uma vitória da política de “Primeiro, a força. Depois, a paz”, proclamada cinicamente por Netanyahu.
Política de alto risco
Porém, a tática de “fuga para a frente” de Netanyahu é uma política de altíssimo risco. Por certo, este risco não vem dos países da Liga Árabe, composto em sua quase totalidade por governos de burguesias submissas aos Estados Unidos e às potências europeias, que mantém relações comerciais e uma convivência pacífica com Israel, com os quais dividem o saque das riquezas naturais de seus países e a exploração da força de trabalho de seus povos. Estes governos, mesmo diante do Holocausto em Gaza, o máximo que fizeram foram declarações diplomáticas clamando a Israel e aos Estados Unidos por um “cessar fogo”. Nada farão em defesa do Irã, a não ser mais palavras ao vento.
Nem, tampouco, o risco virá do próprio governo iraniano. O Regime dos Aiatolás, encabeçado por Ali Khamenei, é produto da Revolução Iraniana, de 1979, uma revolução democrática e antimperialista que derrubou a monarquia do Xá Reza Pahlevi, aliado dos Estados Unidos. Colocando-se à cabeça desta revolução, os clérigos liderados pelo aiatolá Khomeini conseguiram desviá-la em direção à formação de uma república burguesa islâmica teocrática.
Fruto de sua origem, o Regime dos Aiatolás sustenta até hoje uma relativa independência em relação ao imperialismo “ocidental”, que responde com uma política de sanções econômicas e de pressão pelo fim do programa nuclear iraniano. A Revolução Iraniana deu um forte impulso às milícias fundamentalistas islâmicas em todo o Oriente Médio, e até hoje o Irã mantém laços políticos e militares com muitas delas, a exemplo da Jihad Islâmica (Palestina), do Hezbolahh (Líbano) e dos Houtis (Iêmen), relações com as quais busca manter a simpatia e o apoio das massas árabes e muçulmanas.
Nos últimos anos, eclodiram grandes manifestações de massas contra o regime iraniano. Em novembro de 2019, milhares de iranianos foram às ruas contra o aumento dos combustíveis, exigindo o fim da ditadura. Em setembro de 2022, o Irã foi tomado por protestos contra a morte da jovem Mahsa Amini, assassinada pela “Polícia da Moralidade” do regime, após ser presa pelo “uso inadequado” do hijab (véu ou lenço usado por mulheres muçulmanas para cobrir a cabeça e o pescoço). As manifestações tinham à frente as mulheres que lutavam por liberdades democráticas e foram duramente reprimidas pelo regime. Segundo ativistas dos Direitos Humanos no Irã, ao menos 517 civis perderam a vida nas manifestações e milhares foram presos.
Passados 46 anos da Revolução Iraniana, a manutenção do sistema de exploração capitalista e a imposição de uma ditadura sobre seu próprio povo, leva a que o Regime dos Aiatolás careça de apoio das massas iranianas para opor uma verdadeira resistência aos ataques de Israel e dos Estados Unidos. O mais provável é sua capitulação, para buscar manter-se no poder.
O alto risco da política de guerra de Trump e Netanyahu vem das massas árabes e muçulmanas, cujo ódio ao imperialismo e ao sionismo só faz crescer, e já se levantam em grandes manifestações contra o Holocausto em Gaza e contra a guerra ao Irã. No próximo período, se tornarão cada vez mais conscientes da impotência dos governos burgueses ditatoriais e corruptos reunidos na Liga Árabe e de sua política criminosa de convivência comercial e diplomática com o Estado de Israel.
O fermento revolucionário advindo do ódio ao imperialismo e ao sionismo se transformará na luta de classes contra as burguesias reacionárias sócias do imperialismo e do sionismo, abrindo caminho a uma nova Primavera Árabe, a novas revoluções por liberdades democráticas e pela libertação nacional, que, em seu processo de Revolução Permanente, caminharão em direção à revolução socialista nacional e internacional. O mesmo processo levará também à eclosão de uma nova Intifada na Cisjordânia, que há de aniquilar a ditadura corrupta de Mahmoud Abbas, que cumpre hoje o papel de reprimir seu próprio povo, a serviço de Israel.
Em defesa do Povo Palestino e do Povo Iraniano
Neste momento, à defesa incondicional do Povo Palestino se soma a defesa do Povo Iraniano contra as guerras genocidas de Israel, dos Estados Unidos e demais potências imperialistas.
Ao ser atacado pelo imperialismo e pelo sionismo, impõe-se uma política de Unidade de Ação Antimperialista com o governo do Irã, em defesa do Povo Iraniano, sem nenhum apoio político ao apodrecido regime da ditadura dos aiatolás.
Ao mesmo tempo, no Brasil, é preciso pressionar, através de manifestações e ações diretas, para que Lula e o PT levem seu governo da Frente Ampla a romper todas as relações diplomáticas e comerciais com Israel.
Estas são as tarefas de conscientização e de mobilização da classe trabalhadora a serem tomadas pelos ativistas antimperialistas no Brasil e no mundo.
[Imagem: Atta Kenare/AFP]
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