Formando Filhos de Umbanda

Formando Filhos de Umbanda Umbanda Universalista em um conteúdo didático e descomplicado. Quase três décadas de Religião.

Exu: Resiliência, Transgressão e Ressignificação na Cultura BrasileiraExu é, sem dúvida, uma das figuras mais complexas,...
01/07/2025

Exu: Resiliência, Transgressão e Ressignificação na Cultura Brasileira

Exu é, sem dúvida, uma das figuras mais complexas, controversas e fundamentais das religiões afro-brasileiras. Como orixá da comunicação, do movimento e das encruzilhadas, ele ocupa um lugar central na cosmologia iorubá e nas práticas religiosas do Candomblé, da Umbanda e de outras tradições afro-diaspóricas. Contudo, sua trajetória no Brasil foi marcada por profundas deturpações, especialmente no contexto do colonialismo, onde Exu foi sistematicamente demonizado por meio de interpretações eurocêntricas e religiosas que não reconheciam sua lógica interna.

Este artigo analisará a origem iorubá de Exu, sua trajetória histórica no Brasil, os impactos do sincretismo negativo, bem como suas ressignificações contemporâneas na arte, na academia e na sociedade. Ao fazê-lo, busca-se compreender como Exu transcende os estereótipos e se afirma como símbolo de resistência cultural, potência transformadora e mediação entre mundos.

Exu na Tradição Iorubá: O Mensageiro e a Ordem Cósmica

Na tradição iorubá, Exu (Èṣù) é um orixá fundamental para o equilíbrio cósmico. Ele é o mensageiro entre os homens e os demais orixás, aquele que conduz os pedidos feitos aos deuses e garante que os rituais sejam recebidos no plano espiritual.

Pierre Verger, em sua clássica obra Orixás, descreve Exu como “o mais humano dos orixás”, por sua proximidade com os homens, sua inteligência aguda e sua capacidade de lidar com ambiguidades. Reginaldo Prandi aprofunda essa visão ao afirmar que “Exu não é o caos, mas o princípio dinâmico que permite a ordem existir. Sua ambiguidade é estrutural, não moral” (PRANDI, 2001, p. 45). Ou seja, Exu é um agente de transformação, necessário para o funcionamento do universo. Ele não representa o mal, mas sim a possibilidade, a dúvida, o trânsito entre forças complementares.

A ligação de Exu com o axé é fundamental para compreender sua importância. O axé é a força vital que anima todas as coisas e seres, e Exu é o orixá que movimenta e redistribui esse poder. Ele é o catalisador do axé, responsável por manter o fluxo entre o sagrado e o profano, o divino e o humano, o visível e o invisível. É também por isso que nenhuma cerimônia religiosa começa sem a devida oferenda a Exu, pois é ele quem abre os caminhos para os demais orixás. Seu caráter dual, brincalhão, às vezes desafiador, está profundamente conectado à própria lógica iorubá de complementaridade e dinamismo, diferindo substancialmente da moralidade binária do cristianismo.

A Demonização de Exu no Brasil Colonial: Sincretismo Negativo e Repressão

Foi exatamente essa divergência de lógicas que contribuiu para a deturpação de Exu no processo de colonização. Com a chegada dos europeus e o início do tráfico transatlântico de escravizados, as religiões de matriz africana foram sistematicamente combatidas e reinterpretadas por uma ótica cristã, que via o mundo em termos absolutos de bem e mal. Exu, por sua natureza ambígua e seu papel de mediador entre mundos, foi rapidamente associado ao Diabo cristão.

Missionários católicos e pastores protestantes, sem compreender os fundamentos da cosmologia africana, passaram a retratar Exu como entidade maligna. Como analisa Luiz L. Marins em A Diabolização das Religiões Africanas, essa demonização não foi apenas uma ignorância conceitual, mas uma ferramenta ideológica para justificar a repressão cultural e religiosa dos africanos escravizados.

Esse sincretismo forçado e negativo teve consequências duradouras. A associação entre Exu e o Diabo consolidou-se na cultura popular brasileira, sendo reproduzida em novelas, filmes, músicas e discursos religiosos. Yvonne Maggie, em Orixás, Caboclos e Guias, demonstra como esse processo de marginalização alimentou o preconceito contra as religiões afro-brasileiras e seus praticantes, associando Exu à feitiçaria, ao “mal” e à criminalidade. Isso resultou na perseguição de terreiros, no silêncio forçado de práticas religiosas e na estigmatização de médiuns e sacerdotes.

Exu na Cultura Contemporânea: Símbolo de Empoderamento e Transgressão

Hoje, Exu ultrapassa os limites dos terreiros. Ele é símbolo de abertura de caminhos, de liberdade e de ruptura com modelos autoritários de pensamento. Exu está nas artes visuais, nas manifestações culturais de rua, nos coletivos afrodiaspóricos, nas universidades e até em campanhas publicitárias que buscam dialogar com a diversidade cultural brasileira. Sua imagem passa a ser reivindicada como instrumento de empoderamento, resistência e criatividade. Como afirma Muniz Sodré em O Terreiro e a Cidade, Exu é a chave que desestabiliza as fronteiras impostas entre o sagrado e o profano, entre o centro e a periferia, entre o possível e o impossível. Ele é, por excelência, a metáfora da transgressão criadora.

Conclusão: Exu, um Olhar Plural para o Brasil

Conclui-se, portanto, que Exu é muito mais do que os estereótipos negativos que ainda circulam no imaginário social. Ele é um orixá profundo, de múltiplas camadas simbólicas e com um papel essencial na manutenção do equilíbrio e da comunicação entre mundos. Sua trajetória no Brasil revela tanto as violências do racismo religioso quanto a potência da resistência cultural negra.

Ressignificar Exu é também um gesto político, uma maneira de reconhecer e valorizar a contribuição africana para a formação do Brasil. Como tal, a demonização de Exu deve ser vista como uma das formas mais explícitas de ignorância religiosa e preconceito étnico-cultural, ainda presentes em muitos discursos contemporâneos. A valorização de sua imagem e de seus fundamentos é um passo necessário para a construção de uma sociedade plural, que respeite as diferenças e celebre a riqueza de suas heranças espirituais.

Repensar Exu, portanto, é pensar o Brasil em sua diversidade. É compreender que a encruzilhada não é o fim, mas o começo de novos caminhos. É entender que o mensageiro ainda tem muito a dizer àqueles dispostos a ouvir.

E que, nas palavras dos antigos, antes de tudo e de todos, é preciso saudar: Laroyê Exu!

Axé

(Autor desconhecido)

A sincretização de Xangô com São João Batista se dá por diversas similaridades simbólicas e atributos que ambos comparti...
24/06/2025

A sincretização de Xangô com São João Batista se dá por diversas similaridades simbólicas e atributos que ambos compartilham, mesmo que de origens distintas:

Fogo e Calor: Tanto Xangô quanto São João Batista são fortemente associados ao elemento fogo. Xangô é o orixá do trovão, do raio e do fogo, que ele utiliza para purificar e transformar. As festas juninas, em homenagem a São João, são marcadas pelas fogueiras, que também simbolizam purificação, renovação e celebração. Essa conexão com o fogo é um dos pontos mais evidentes do sincretismo.

Justiça e Equilíbrio: Xangô é conhecido como o Orixá da Justiça, da lei e do equilíbrio. Ele é aquele que pondera as situações, buscando a retidão. São João Batista, em sua narrativa bíblica, é descrito como um profeta justo, que pregava a honestidade e a retidão, preparando o caminho para Jesus e batizando aqueles que buscavam a purificação. Essa ligação com a justiça e a verdade é um elo importante entre as duas figuras.

Poder e Liderança: Xangô é um orixá de grande poder, um rei governante na mitologia iorubá. Na Umbanda, ele é visto como um líder maduro e conhecedor. São João Batista, embora não um rei, teve uma figura de liderança espiritual e profética em sua época, sendo o último dos profetas a anunciar a chegada do Messias.

Data Celebrativa: Um fator prático que contribuiu para o sincretismo é a proximidade das datas de celebração. O dia de São João Batista é 24 de junho, e as festividades juninas, com suas fogueiras, naturalmente se alinharam com as celebrações e o simbolismo de Xangô para os praticantes das religiões de matriz africana.

Em resumo, o sincretismo de Xangô com São João Batista não é meramente uma sobreposição de imagens, mas sim uma intersecção de atributos e simbolismos que permitiram aos africanos escravizados manter suas crenças e práticas religiosas, dando-lhes uma "fachada" católica para escapar da perseguição, ao mesmo tempo em que preservavam a essência de sua fé em Xangô.

MUITAS POLÊMICAS NO AR! A Umbanda é uma religião brasileira que se estrutura sobre três pilares fundamentais: o culto ao...
16/06/2025

MUITAS POLÊMICAS NO AR!

A Umbanda é uma religião brasileira que se estrutura sobre três pilares fundamentais: o culto aos Orixás africanos, a conexão espiritual pautada nos ensinamentos kardecistas, e a sabedoria cristã, simbolizada por Jesus Cristo como o Grande Curador.

Existem preceitos e práticas cruciais que devem ser seguidos pelos terreiros, garantindo a essência e a seriedade da doutrina:

Gratuidade da Caridade - A caridade deve ser sempre gratuita. Cuidado com casas que cobram por entradas, trabalhos de limpeza, banhos ou insumos como velas. Os atendimentos espirituais, realizados por meio de Guias (entidades), também devem ser oferecidos de forma gratuita. Todo umbandista tem o direito de ser atendido para sanar questões terrenas, espirituais e emocionais.

Respeito e Orientação sobre Guias de Proteção - O uso de guias de proteção, guias de Orixás ou de linhas de trabalho específicas do visitante não deve ser julgado, mas sim orientado. Se a pessoa se sente confortável em carregar o axé no peito, o papel do terreiro é auxiliar e orientar sobre os cuidados adequados com esses elementos.

Desenvolvimento Mediúnico Consciente - O desenvolvimento mediúnico não deve ser cobrado. Ele faz parte da vivência do umbandista ao se associar a um terreiro, que deve ser um espaço seguro para as práticas e conexões. O desenvolvimento mediúnico é um direito de todos, mas não pode ser banalizado. É fundamental ter um Sacerdote (Pai ou Mãe de Santo) que acompanhe a jornada e sustente um ambiente seguro para a chegada das entidades. Sem esse acompanhamento, a doutrina da Umbanda pode ser comprometida e utilizada indevidamente, especialmente em espaços não religiosos ou residências.

Velas: Canais Energéticos com Orientação - Velas são canais energéticos e seu uso requer orientação. Acendê-las de forma puramente "intuitiva", sem o respaldo da espiritualidade de um terreiro, pode abrir canais de conexão indevidos, atraindo energias negativas para sua casa.

Altar em Casa: Busque Orientação - A montagem de um altar em casa é um ponto sensível. Busque sempre a orientação de um terreiro de confiança antes de montá-lo e cultue de forma harmoniosa e direcionada.

Orixá não é Brinquedo! Saber quem rege seu Ori é um direito de todo umbandista. Contudo, entenda a seriedade dessa informação e não a banalize expondo seus Orixás em redes sociais ou buscando-a por vaidade ou ego. Conhecer seus Orixás é um ato sagrado que exige respaldo e desenvolvimento dentro da Doutrina Umbandista.

Preceito é Algo Sério - O preceito é algo sério. O consumo excessivo de álcool, cigarro e o uso de entorpecentes afetam diretamente o seu canal mediúnico. O uso desenfreado de bebidas dentro de terreiros, por exemplo, pode ser um ponto de atenção sobre a seriedade e a conduta daquele local.

Pais e Mães de Santo: Pilares, não Deuses - Pais e Mães de Santo não são Deuses na terra. Cuidado para não desumanizar essas figuras. Eles são pilares de sustentação do sagrado e verdadeiros professores sobre Umbanda, Caridade, Orixás e Espiritualidade. Lembre-se: eles também são humanos, se cansam e têm suas necessidades.

A Força das Ervas na Umbanda - A frase "Sem Folha não Tem Orixá!" resume a profunda conexão da Umbanda com a natureza e o poder das ervas. Os banhos de ervas são ferramentas poderosas que nos trazem fortalecimento energético, purificação profunda, proteção, energia e muito mais. Para aproveitar ao máximo esses benefícios, é essencial procurar entender das ervas, já que cada uma possui propriedades e finalidades específicas. O primeiro passo para um uso consciente é conhecer suas características. Além disso, é fundamental receber orientações dentro do Terreiro; seu sacerdote ou sacerdotisa poderá indicar as ervas adequadas para cada situação, a forma correta de preparo e o momento ideal para utilizá-las, garantindo que você esteja alinhado com a espiritualidade. Por fim, é importantíssimo cuidar da sua espiritualidade com amor e respeito à natureza. Os banhos de ervas são um ato de fé e conexão, e devem ser utilizados com intenção e gratidão, honrando a sabedoria da natureza e os ensinamentos da Umbanda.

Espero que tenham gostado! Enviem suas dúvidas via mensagem privada!

Axé! Mãe Tatá.

Santo Antônio, o "Santo Casamenteiro", é uma figura de humildade e caridade, conhecido por auxiliar as pessoas em suas j...
13/06/2025

Santo Antônio, o "Santo Casamenteiro", é uma figura de humildade e caridade, conhecido por auxiliar as pessoas em suas jornadas amorosas. No Brasil, o dia 12 de junho marca o Dia dos Namorados, mas para muitos, é também o "último dia de solteirice", já que a fé em Santo Antônio sugere milagres e novos caminhos para o amor no dia 13.

Quando a cultura Yorubá chegou ao Brasil, seus praticantes, buscando manter suas crenças sob a opressão, criaram sincretismos religiosos. Santo Antônio, com sua simbologia de caminhos abertos, humildade e caridade, foi naturalmente associado a divindades africanas. Ele é sincretizado com o Orixá Exu, que no panteão africano, representa o movimento, o futuro, o ímpeto, o trabalho e a abertura de caminhos para a evolução terrena e espiritual. Exu é a própria palavra em ação, a comunicação que conecta o Orun (céu) e o Ayê (terra), o mensageiro entre as divindades e os seres humanos, e a energia oriunda de Olorun (o Deus Supremo) responsável pela fala e por todas as interações.

Além disso, Santo Antônio também é sincretizado com Ogum Xoroquê. Esta associação se dá pela força protetora e guerreira do santo, que se alinha com a energia de Ogum, o orixá do ferro, da guerra, da tecnologia e da abertura de caminhos através da superação de obstáculos. Ogum Xoroquê, em particular, é uma qualidade de Ogum que carrega também aspectos de Exu, reforçando a ideia de movimento e caminhos.

Assim, o dia 13 de junho celebra essas diversas conexões de fé. Santo Antônio, nascido Fernando de Bulhões em Lisboa, Portugal, em 1195, dedicou sua vida à pregação e à ajuda aos pobres. Conhecido por sua oratória poderosa e seus milagres, ele foi canonizado menos de um ano após sua morte, em 1232, pelo Papa Gregório IX. Ele pertencia à Ordem Franciscana e é, de fato, um dos santos mais populares do Brasil. Santo Antônio é patrono de diversas cidades brasileiras, como Santo Antônio da Patrulha (RS), Santo Antônio do Monte (MG) e Santo Antônio de Jesus (BA), entre outras.

Que neste dia, a fé e a simbologia de Santo Antônio, Exu e Ogum Xoroquê inspirem a abertura de caminhos para o amor, a prosperidade e a evolução em sua vida!

Viver da Macumba é bom, mas tem um preço. O cansaço físico e mental de um médium é algo ~quase~ inevitável. Buscar o equ...
08/05/2025

Viver da Macumba é bom, mas tem um preço. O cansaço físico e mental de um médium é algo ~quase~ inevitável. Buscar o equilíbrio entre as responsabilidades terrenas e espirituais deveria ser o primeiro tópico no 'Manual do Novo Médium' mas, infelizmente, tenho visto que o encantamento pela espiritualidade pode levar a pessoa a simplesmente esquecer de que o corpo tem limitação.

Nestes anos de experiência trago esse conselho embasada numa realidade que não só pertence ao meu universo. Tenho visto e ouvido as pessoas falarem sobre a falta de limites de terreiros em termos de horários e que, muitas vezes, o humano está exausto no dia seguinte e precisa trabalhar. Também já vivi isso na pele e reafirmo: não faz bem.

A busca pelo equilíbrio é uma tarefa que precisa ser amparada e ofertada pela casa e o médium também precisa aprender a sinalizar. O cansaço pode ser evitado com uma série de autocuidados: banhos de ervas, meditação, firmezas, autocuidado em geral, boas noites de sono e resguardo. Quando pisamos no Terreiro precisamos estar de corpo e alma e não só de corpo OU alma. Uma coisa precisa da outra, fato.

Para evitar um esgotamento mental é necessário ensinar a doutrina e ferramentas aos médiuns que eles coloquem em prática no dia a dia para sustentar a conexão. A Espiritualidade aguarda o momento certo para trabalhar, o médium não precisa correr. As casas não precisam correr.

Enfim, descansem. E se a rotina estiver apertada, questionem! Ser um Filho de Umbanda é entender que temos muitas responsabilidades, mas que se o nosso 'cavalo', 'b***o', 'instrumento', 'canal', ou seja, corpo; não estiver em ordem, como que conseguimos trabalhar?

Preceitos, boa alimentação, exercício físico e tempo de qualidade para lazer também complementam a caminhada pela espiritualidade para evitar a estafa mental e física. Então, organize-se! :)

Mais algum conselho? Dividia conosco aqui nos comentários.

Axé!

"Eu sou filho de São Jorge e não temo mal algum!" Salve São Jorge! Ogunhê, meu Pai!Que a tua espada, Pai Ogum, corte tod...
23/04/2025

"Eu sou filho de São Jorge e não temo mal algum!" Salve São Jorge! Ogunhê, meu Pai!

Que a tua espada, Pai Ogum, corte todos os males e nos conduza com coragem na estrada da vida. Que tua força inquebrantável e tua fé inabalável inspirem todos os filhos da Umbanda que te reconhecem também na imagem do Santo Guerreiro, São Jorge — o grande ferreiro, o guardião dos caminhos, o Senhor da Luta Justa.

No dia 23 de abril, todos os filhos e filhas de fé voltam seu coração para ti. Porque ser filho(a) de Ogum é carregar no peito a coragem de seguir, a estratégia de guerrear com sabedoria, e a disciplina de vencer batalhas externas e internas com honra.

Carregar e honrar esta divindade é se emocionar com o toque do atabaque, é sentir o coração pulsar ao ouvir teu nome, é se encher de amor, esperança e força renovada.

Exu abre os caminhos para Ogum passar.
Ogum abre os caminhos para Oxalá iluminar.
E nesse fluxo sagrado, caminhamos com firmeza, fé e propósito.

Hoje é dia de feijoada, de oferenda, de oração e louvor.
Hoje é dia de inspiração, de força espiritual, de exaltação.
Hoje é dia de São Jorge, hoje é dia de Ogum.

Ogunhê, meu Pai! Patakori Ogum!
Que tua luz nos guie sempre!

Você já duvidou do que o seu Guia falou?  Calma... Todo médium passa por isso!  Durante a jornada espiritual de desenvol...
18/03/2025

Você já duvidou do que o seu Guia falou? Calma... Todo médium passa por isso!

Durante a jornada espiritual de desenvolvimento mediúnico, um dos pontos que, em tese, mais demora para se firmar é a confiança do médium no que é dito pela entidade na incorporação. Muitas vezes, nos questionamos e até nos surpreendemos com o que foi dito, pois talvez enxergássemos aquilo de forma diferente.

É NORMAL TER INTERFERÊNCIA?

Sim! A interferência na fala é algo normal de acontecer. No começo, ninguém consegue não interferir.
"Ah, mas eu sou médium inconsciente!"Será mesmo?

Na Umbanda, de forma geral, o médium tem incorporação consciente, justamente para poder aprender durante os atendimentos. Claro, existem aqueles que precisam de mais doutrina, que precisam fechar melhor o canal, e isso faz parte do processo. Mas na Umbanda, isso não é visto como um erro.

E, mais uma vez, estamos generalizando, pois esse é um tema polêmico! Há quem defenda a incorporação inconsciente, e isso daria outro post inteiro.

SOU EU OU É A ENTIDADE?

Agora, quantas vezes você já não se questionou: "Sou eu ou é a entidade? Será que tive interferência?". Isso é normal. Esse processo leva tempo e requer desenvolvimento. Por isso, é essencial:
✅ Estar ativo no terreiro
✅ Participar dos cursos
✅ Buscar orientações sobre a incorporação
✅ Praticar meditação semanalmente
✅ Manter os banhos de Ori em dia
✅ Trabalhar o relaxamento físico e mental

Todas essas ferramentas ajudam a garantir uma boa incorporação e a reduzir as interferências. E se ainda assim acontecer? Bem, espera-se que a casa tenha responsáveis pelo desenvolvimento mediúnico para orientar e acompanhar esse processo.

QUANDO ESTAREI PRONTO?

Se te colocaram para atender o público, isso deveria significar que você está pronto e que a casa confia na sua mediunidade. Agora, se a entidade se exalta, xinga, bebe e fuma em excesso, dá show na hora de incorporar, pede um monte de coisas e age como se mandasse no terreiro... polêmica: você está mesmo na Umbanda? O processo de incorporação na Umbanda deve ser discreto e leve. Esse "show" que vemos por aí reflete mais o ego do médium do que qualquer outra coisa. A Umbanda é sobre caridade e acolhimento, não um palco para exuberância e performance.

COMO CUIDAR PARA EVITAR PROBLEMAS?

📖 Estudo, entrega, desenvolvimento e orientação.

Sempre recebo relatos de pessoas que não têm acesso aos sacerdotes, que o desenvolvimento dura um ano, ou que a casa cobra pelo desenvolvimento ou exige coisas materiais dos médiuns. Gente, onde está a simplicidade? Se você sente a manifestação dos seus guias, procure um terreiro que não complique mais do que já é. Estude sobre mediunidade, busque fontes seguras, pergunte! Vejo um movimento preocupante dentro da Umbanda: o silenciamento e isolamento dos médiuns iniciantes, como se fossem pessoas julgadas como não aptas ao trabalho espiritual. Será?

Todos merecem atenção, orientação e, acima de tudo, respeito.

Cada médium tem seu tempo para desenvolver e não existe uma única metodologia que possa engessar esse crescimento. O individualismo dos médiuns precisa ser assistido e cuidado. Fico triste ao ver médiuns cheios de Axé e preparados sendo colocados de escanteio apenas porque o terreiro tem regras em cima de regras.

Enfim, a mediunidade deve ser tratada com carinho e dedicação, tanto pelo médium quanto pela casa.

Axé!

Onde começa e termina a disciplina? O que é ser disciplinado quanto Umbandista? Está é uma pergunta que todo médium prec...
11/03/2025

Onde começa e termina a disciplina? O que é ser disciplinado quanto Umbandista? Está é uma pergunta que todo médium precisa refletir diariamente.

A disciplina começa no silêncio. Quando estamos em silêncio, conseguimos observar o ecossistema do solo sagrado. Quem está ocupado? Quem você pode recorrer em caso de dúvidas? Quem você pode interromper estando consciente de que, talvez, não seja a melhor escolha ou momento? O quão atarefado está alguém da Hierarquia da casa? Quando devo sair do silêncio?

Todas estas questões são pertinentes ao universo do médium e cabe a ele assumir riscos ou aprender a se silenciar?

Basta só pedir licença e, mesmo assim, interromper a chefia da casa?

Gerenciar humanos é um desafio constante dentro do Terreiro. Este aprendizado é construído e firmado com regras. Terreiro é uma empresa, regras existem e são necessárias para que o andamento do trabalho aconteça de forma natural. Se você não sabe o que fazer, pergunte. Mas não queira respostas de quem VOCÊ quer e sim de quem resolve no comando. Tem sempre um time, a hora certa e o momento certo.

O Sacerdote não é super-herói. Ele é um professor. Muitos ensinamentos sobre a disciplina vem da observação do médium. Euforia atrapalha. Ansiedade atrapalha. Entenda a posição de cada um antes de agir. Principalmente a sua.

Se tudo isso soa como "exigente demais", então talvez não seja o seu lugar. E se obter estas respostas é algo como uma missão impossível, então talvez não seja o seu lugar.

Observe e silencie-se. Axé!

Essa sempre será uma das maiores dúvidas de um médium. A primeira, na verdade, é se ele é médium mesmo, e a segunda é se...
05/03/2025

Essa sempre será uma das maiores dúvidas de um médium. A primeira, na verdade, é se ele é médium mesmo, e a segunda é se a manifestação energética de um Guia vem da entidade ou da criação da sua cabeça.

Bem, tudo pode acontecer no universo da incorporação, mas tenho alguns pontos para dividir com vocês.

Primeiro, a incorporação, no início, é arquetipada. Exu ri, Preto-Velho se curva, Pombagira se abana, Caboclo cruza os braços na frente do corpo e o Erê bate palmas. Isso é uma regra? Não, mas deveria ser.

O processo de arquetipação é algo que os Pais de Santo ou o Sacerdote responsável pelo desenvolvimento devem explicar ao médium, pois tudo começa com reflexos e movimentos involuntários que você não faria "normalmente". A primeira conexão vem da vontade de rir, mexer os braços, movimentar o corpo e manifestar traquejos gerais que tiram o médium da zona de conforto. Em seguida, isso entra num processo de evolução. Primeiro, o médium sente o que é a energia de uma determinada entidade. Depois, de outra.

Com isso, há a compreensão de que a energia de Exu é diferente da energia de um Erê (e assim por diante, entre as entidades). O reconhecimento energético é a etapa um para, depois, passarmos para as etapas mais complexas, como sustentar a energia, andar e falar incorporado.

O ponto é: não precisa ter pressa.

A entidade não vai sair da sua coroa porque você ainda não conseguiu incorporar por inteiro. Isso requer tempo. Nós temos algo no Ori que eu chamo de "elástico espiritual" – como se fosse um fio elástico que faz a conexão entre seu campo terreno e seu campo espiritual. Esse elástico precisa de aprendizado, estímulo e paciência. Tem médiuns que alcançam uma elasticidade de conexão mais rápido do que outros, mas isso não significa que são melhores do que os irmãos que demoram mais. Pois aqui vem a segunda lição:

Incorporar rápido e arquetipado não significa que você está pronto para dar atendimento!

Após a conexão com a entidade estiver firme, bem organizada e estabilizada, e quando a entidade já consegue "pilotar" seu corpo, aí vem a conexão mental. Primeiro o físico, depois a mente. Pois, até um médium incorporado com Exu pode interferir no que a entidade tem a dizer sobre determinado assunto.

Então, temos a próxima etapa: "zerar" sua mente.

O médium que incorpora, fala, anda e se movimenta precisa, mentalmente, estar "desconectado", no sentido de se entregar por completo, permitindo que o Guia faça seu trabalho e ofereça sua visão sobre o que o visitante precisa receber da espiritualidade. Para isso, temos mais uma etapa essencial:

Todo médium precisa estudar a espiritualidade, entender o que é uma manifestação espiritual. Compreender quem é aquele Guia e o que ele faz. Aprender sobre ervas, pedras, chás, banhos, velas etc. Toda entidade demanda também o nosso conhecimento para que seus ensinamentos possam aflorar e ser ofertados corretamente. A parte do "ponto de vista" – que é quando você tem uma opinião sobre determinado assunto e a entidade tem outra – vem dessa conexão mental limpa. Pois, para que a entidade fale o que precisa, o médium tem que silenciar sua mente.

É um trabalho em conjunto, sempre.

Então, se você tem dúvidas sobre sua incorporação, regra número 1: Tenha a humildade de passar pelo desenvolvimento e comunicar aos Sacerdotes que você ainda não se sente pronto. Porque, no final das contas, é a vida de uma pessoa que senta na sua frente, machucada e desamparada, que está em jogo.

Não queira colocar a carroça na frente dos bois.

Não se iluda achando que está pronto por ego.

Na espiritualidade da Umbanda, a pressa é inimiga da paz de Oxalá.

Orai e vigiai.

Cuide das energias do seu corpo, pois ele é o seu instrumento de trabalho. Banhos de ervas regulares, defesas espirituais, autocuidado e estudo são fundamentais para que sua incorporação seja limpa e sem interferências da sua própria mente.

Axé!

Sumida, eu sei... Mas foi um começo de ano puxado. Agora, vou retornar com os conteúdos, trazendo novas artes e abordage...
02/03/2025

Sumida, eu sei... Mas foi um começo de ano puxado. Agora, vou retornar com os conteúdos, trazendo novas artes e abordagens. Para começar o ano, trago essa pergunta intensa:

A Umbanda vai mudar a minha vida? Depende… Você vai se permitir ser mudado pela Umbanda?

Ouço muitas indagações sobre o medo de se abrir para uma religião que exige mudanças no comportamento. Mas a verdade é que qualquer religião faz isso, seja de forma mais rígida ou mais natural. Quando abraçamos uma doutrina, precisamos entender que, sim, mudanças serão necessárias.

Mas quais tipos de mudanças?

A sua percepção sobre o mundo e sobre a forma como as pessoas lidam com a vida delas será uma das primeiras coisas afetadas pelos ensinamentos da Umbanda. Nossa religião é baseada na caridade, e isso significa criar empatia pela dor do próximo. A partir do momento em que uma gira é aberta e um visitante senta diante de uma entidade em terra, ele abre (total ou parcialmente) suas dores em busca de compreensão e orientação. Quando passamos a mergulhar na dor do outro, muitas coisas mudam dentro de nós. A empatia abre espaço para a autorreflexão sobre nossos próprios problemas, e é nesse momento que a Magia da Umbanda começa a transformar nossa mente e nosso comportamento.

Não é só sobre estar de branco e incorporar, é sobre o próximo.

O visitante é protagonista dentro de um terreiro. Ele traz sua intimidade e busca um local seguro, onde não será julgado. Quando nos deparamos com abandono, tristezas, dificuldades, relações conturbadas, desamparo e feridas reais, nós também nos curamos. O que é trabalhado no visitante impacta também os médiuns daquele solo. Então, sim, a Umbanda é capaz de mudar a nossa vida, porque é por meio da caridade que nos transformamos. Não adianta querer ser umbandista só para carregar um título e não fazer absolutamente nada com isso. A Umbanda começa no terreiro e dura algumas horas, mas o que você pratica nos demais dias da semana é o que realmente importa!

O que aprendemos em uma gira pode ser mais avassalador do que uma vida inteira de terapia. Ok, talvez um pouco exagerado, mas estar em contato com a espiritualidade é se reconectar com a ancestralidade, que se manifesta como entidades para nos ensinar. Ensinar que, sim, a vida é cruel e injusta, mas cabe a nós aprendermos com aqueles que já estiveram aqui sobre como podemos viver e lidar melhor com a nossa realidade. A Umbanda também leva o Filho de Santo a questionar se sua vida é realmente tão difícil assim. A percepção e o valor dos privilégios que carregamos ficam mais claros, reduzindo vitimismo e lamentações infundadas.

A Umbanda também nos oferece algo essencial: uma Rede de Apoio. O médium entende que não está mais sozinho. Os irmãos de santo e os sacerdotes podem se tornar uma família espiritual, que ampara e ajuda o filho em suas questões e que, muitas vezes, supre ausências deixadas por sua família biológica. Essa família não substitui a que você tem, mas pode complementá-la com o amparo e a compreensão que, talvez, os seus não consigam oferecer. Esse novo ecossistema que surge na vida de um Filho de Santo fortalece ainda mais as mudanças internas.

Ser umbandista é se transformar.

A Umbanda é uma religião que visa sua evolução terrena e espiritual. Primeiro o médium, depois as entidades dele. Muitos se cegam pela ansiedade de incorporar e conhecer Exu e Pombagira, mas esquecem que, para que eles trabalhem, o canal – seja b***o, cavalo ou médium – precisa de curas e transformações internas e energéticas. Só assim a conexão será limpa e sem interferências, permitindo que a entidade faça bom uso desse canal para mudar o próximo e trabalhar da melhor forma. Nenhum médium deveria entrar num terreiro e imediatamente ter contato com visitantes já incorporado. Para mim, todo novo curandeiro, ao encontrar seu terreiro, deve primeiro se curar para, depois, cuidar do próximo. É preciso paciência, estudo e entendimento de que as coisas acontecem no momento certo. E, acima de tudo, deixar a síndrome de "alecrim dourado" de lado.

De branco, somos todos iguais.
De branco, somos todos curandeiros.
De branco, somos pessoas que mudaram para, de fato, mudar o próximo.

Axé

Endereço

São Paulo, SP

Notificações

Seja o primeiro recebendo as novidades e nos deixe lhe enviar um e-mail quando Formando Filhos de Umbanda posta notícias e promoções. Seu endereço de e-mail não será usado com qualquer outro objetivo, e pode cancelar a inscrição em qualquer momento.

Compartilhar