29/05/2025
Há momentos na vida em que o silêncio fala mais do que a razão. Em que os caminhos à frente, mesmo nebulosos, parecem mais verdadeiros do que o conforto de onde se está. E então, movemo-nos.
Não porque tudo esteja claro. Mas porque continuar imóvel já não faz mais sentido.
Algumas partidas não têm grito, nem data marcada. Apenas o peso leve de uma decisão que amadureceu em silêncio — às vezes ao custo de vínculos, às vezes à margem de afetos que antes pareciam eternos.
É estranho recomeçar. Reaprender a ser inteiro em metades. Redefinir o que é lar, quando ele não está mais no mesmo lugar. Mas existe também um tipo de força que nasce daquilo que se perdeu. Como se, na ausência, algo essencial ganhasse contorno.
A liberdade, quando buscada com verdade, nunca vem sem preço. Mas também nunca vem sem propósito.
E no fundo, talvez seja isso. O movimento não é uma fuga. É um chamado. Um gesto de quem escolheu escutar o que já não cabia mais no silêncio. E decidiu — ainda que entre dúvidas — querer.