28/01/2019
F**a claro, no caso de Brumadinho, que o homem (Homem) espalhou por aí máquinas e estruturas gigantes, superumanas, idealizadas, do funcionamento. Máquinas que estão literalmente sobrando - o fato de que a barragem estava desativada quase ressignif**a um pouco o acontecido.
A Barragem é maior que o Homem, mesmo quando criada por ele. É o velho dilema de Frankenstein e da bomba atômica: criamos o que destrói a tudo.
Mas o que f**a claro mais especif**amente, e eu queria frisar, é que neste caso o esforço ambientalista não se separa - e não pode ser visto como separado - do esforço comunitário como um todo. Mundo ambiental, mundo natural, mundo social, mundo cidadão... O ambientalista deve ser entendido como (ou deve se transformar em) o político do "mundo da vida", de que se tem falado, e não o político do setor verde.
Só ele parece poder, no momento, chamar para si a responsabilidade sobre todo o excesso de objetif**ação, maquinização e desânimo. Mas chamando para si no sentido de 'para a relação consigo', para o intersubjetivo, trazendo para cá o outrora romântico "cuido do verde" ou o outrora grandiloquente "atenção todos para o aquecimento global". Ambas as frentes são importantes, mas parecem esquecer uma centralidade das problemáticas locais, pessoais, interpessoais, comuns, éticas.. a 'Grande Arquitetura'.
Me parece que é uma cisão absoluta entre mundo cinza e mundo verde o que gera inundação marrom. Não só uma opressão mas, antes, uma cisão entre as partes. E que só um novo entendimento do ambiental pode fazer com que a figura do ambientalista seja vista e veja a si mesma como integrada, não-minoritária, não identitária (de um "identitarismo do verde"), não caprichosa e isolada, mas sim participante dos jogos mais constantes e decisivos.
Por enquanto o ambientalista está estigmatizado, e o pior é que por si mesmo, muitas vezes. Não digo que ele tenha qualquer culpa em Brumadinho, acho que isso está claro. Mas ele mesmo periga separar em absoluto o homem da natureza, culpando o primeiro por uma quase incompatibilidade com esta. É da nossa cultura, da nossa "atitude natural" repleta da nossa amiga Ciência, acabar pensando assim.