21/09/2022
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LICOES DO AVC
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Christian Recife
30 de ago.
5 min
TRATAMENTOS E CONQUISTAS
Quando saí do hospital para casa, eu fui de cadeira de rodas e o primeiro tratamento que comecei a fazer foi a fisioterapia.
Este tratamento foi de segunda-feira a sexta-feira durante 1 ano. É muito difícil fazer este tratamento todos estes dias e durante tanto tempo, mas como falei anteriormente este tratamento é muito importante. O paciente precisa se dedicar porque a recuperação também vai depender dele, aliás vai depender mais do esforço do paciente do que do fisioterapeuta.
Eu me esforçava bastante porque tinha comigo que se fizesse mais que o fisioterapeuta estava pedindo me recuperaria mais rápido, o que não deixa de ser uma verdade pois se você fizer mais do que está sendo solicitado a melhora virá mais rápido.
Eu adquiri a minha independência por que me esforcei muito na fisioterapia e não me arrependi disso, pois a fisioterapia da força aos músculos afetados pelo AVC. Já no final do tratamento eu fazia quase tudo sozinho, na época da fisioterapia o meu esforço todo compensou porque hoje em dia uma das coisas que jamais eu pensei em fazer e hoje eu faço é de nadar.
Ter um AVC signif**a que a sua vida passada ficou para traz e é muito difícil aceitar isso e o que precisa ser feito é olhar para frente, é sabido que qualquer mudança é muito difícil e de vida é mais difícil ainda.
A psicologia ajudou muito nesta parte de “perda” pois uma das coisas mais difíceis de aceitar foi que eu tive um AVC.
Sempre que eu chegava lá eu desabafava falando de vários assuntos e no final ela emitia uma opinião e falava daquele tema. Era muito bom toda vez que eu ia lá porque servia para o meu desabafo e isso para mim era muito bom, eu f**ava mais “leve”.
Uma das coisas que a psicóloga ajudou a trazer de volta foi a minha confiança. Eu cheguei a ir e voltar de uma consulta em um carro de aluguel e hoje em dia já é muito normal pedir carros de aluguel.
No dia que ocorreu o AVC eu mal conseguia colocar uma camiseta e uma calça para ir até o hospital e quando voltei para casa uma das coisas que me incomodavam muito era de não conseguir colocar uma camiseta ou uma calça, amarrar um tênis e pior ainda de não conseguir fazer a barba. Foi aí que entrou a terapia ocupacional (TO para os íntimos) nessa história.
A profissional que estava me ajudando em toda visita que ela fazia ao final deixava um exercício diferente para eu fazer, além de deixar comigo a digitação de um livro que era medido 2 formas:
· Por tempo digitação
· Por assertividade na escrita
Um dos exercícios que ela deixava era o de escrita com caneta ou lápis de alfabetos grandes, médios e pequenos.
Eu me lembro também que no dia que fiz a barba a primeira vez até foto tiramos, foi muito emocionante, é como eu comento com as pessoas hoje em dia: Parece bobeira fazer uma barba e comemorar, mas para quem teve AVC isso é uma vitória. Detalhes que antes estavam no meu “automático” agora não estão mais e passaram a ser muito signif**antes para mim e acho que deveria ser para todos pois somente quando a gente perde é que dá o devido valor.
Como comentei anteriormente, a minha voz estava meio “mole” e com a ajuda de uma fonoaudióloga ela voltou. A minha voz não está completamente igual à de antes do AVC, mas as pessoas conseguem me entender, vale ressaltar que a minha esposa me ajudou muito conversando comigo por telefone (eu tinha medo das pessoas não me entenderem), ou seja ela f**ava em um cômodo da casa de porta fechada e eu f**ava em outro cômodo para nos comunicar.
Depois desta fase em que eu já estava me comunicando tanto pessoalmente quanto por telefone eu comecei a fazer exercícios de elétricos na língua. Esses estímulos na língua melhoraram ainda mais a minha comunicação.
Desde o hospital a minha Neurologista é a mesma (com menos frequência é claro mas ainda é) e o acompanhamento é bem fundamental além de ser uma excelente psicóloga pois quando eu tinha uma consulta com ela eu falava de coisas que deveria falar somente com a psicóloga.
O AVC atacou meus olhos, mas graças a Deus a minha visão ficou intacta. Eu fiquei com meus óculos de antes do AVC e estar adaptado à ele, mas tive de colocar um tampão em uma das lentes, e com esse tampão fiquei por muito tempo, isso porque se eu não f**asse com um tampão na lente e enxergando com um olho só eu enxergava duas imagens (uma em cima e outra em baixo) e com um olho só eu enxergava uma imagem só.
Fui orientado pela oftalmologista que os meus olhos seriam corrigidos através de uma cirurgia (isso só era possível porque foram feitos te**es e constado que o meu cérebro conseguia juntar as imagens, porque se não conseguisse de nada adiantava a cirurgia) e foi aí que fui até um segundo oftalmologista que tinha experiencias em cirurgias para quem teve AVC.
Esse profissional realizou a cirurgia (vale ressaltar que a cirurgia foi cancelada por 2 vezes porque não era considerada uma cirurgia de emergência e naquele momento estavam executando somente cirurgias de emergência porque estávamos bem no meio da pandemia) corrigindo meu olho do lado esquerdo, esteticamente ninguém fala que os meus olhos foram atingidos pelo AVC, mas o que importava para mim era de não usar mais o tampão pois até para a autoestima é melhor.
Depois de algum tempo (determinado pelo oftalmologista) eu voltei para fazer um novo exame e neste exame foi detectado a necessidade de colocar um PRISMA na lente do olho direito. Assim foi feito, foi colocado um PRISMA na lente do lado direito e feito um novo óculos. Esse PRISMA foi colocado para que eu não enxergue mais duas imagens, ou seja, foi dado um jeito já que eu tinha feito uma cirurgia no olho esquerdo.
E agora, e para juntar todos esses profissionais? Foi necessário fazer isso porque toda vez que a profissional de terapia ocupacional chegava em casa (as consultas eram feitas em casa já que eu não conseguia sair) perguntava o que o profissional da fisioterapia tinha feito na última consulta, e isso acontecia com outros profissionais também, então para não f**ar falando sempre o que determinado profissional havia feito a minha esposa deu a ideia de fazer um grupo no telefone celular, e o mais legal de tudo é que todos os profissionais toparam. Assim o que era feito em uma consulta era postado neste grupo não só em mensagens, mas também vídeos.
Moral da história: Todos os tratamentos são muito importantes e se puder fazer todos faça, mas todos os tratamentos dependem muito mais do paciente do que do profissional e os tempos de cada tratamento vai de cada paciente.