09/02/2024
ENTREVISTA/ A atriz e apresentadora Klara Castanho, que no próximo dia 14 estrela a última temporada de sua personagem Ângela, em “Bom Dia, Verônica”, da Netflix, estampa sua primeira capa na revista Glamour Brasil na edição de fevereiro. Em uma entrevista cedida à revista, Klara fala publicamente, pela primeira vez, sobre a exposição que viveu em 2022, ao ser revelado que a atriz havia sido vítima de um estupro, engravidado e entregue a criança para adoção.. Além deste capítulo, ela dialoga sobre sua trajetória, sonhos, fé e família. Trechos…
- Você é uma pessoa discreta e disse que nunca gostou de ter a vida pessoal virando notícia, mas isso aconteceu em 2022. Como passou essas semanas após ter exposta a violência sexual que viveu?
Klara: Todo o período desde o acontecido foi um pesadelo que ganhava novos desdobramentos. Eu simplesmente não queria viver aquilo. Nunca quis me pronunciar, e jamais para esconder das pessoas, e sim porque não tinha digerido o que aconteceu. Fui obrigada a externalizar de forma muito brutal o que vivi.
- Você precisou tomar muitas atitudes legais. Como se deu o processo de denúncia do seu agressor e da adoção?
Klara: Quando você decide pela entrega voluntária, tem que passar por um processo longo. Prefiro não descrever, porque posso me equivocar. O que queria contar é que fiz o boletim de ocorrência contra o meu agressor, porque até hoje sou muito julgada pelas pessoas que acham que não denunciei.
- Você não teve a oportunidade de escolher quando, como e se contaria a sua história. Como enxerga, depois do que passou, o direito de decisão da mulher sobre o próprio corpo e a própria narrativa?
Klara: Senti na pele o que é ser questionada por tomar uma decisão, o que é ser extremamente julgada por ter uma opinião. Temos um longo caminho como sociedade para respeitar nossas meninas e mulheres. Se a situação não é com a gente, a gente não tem que entender a decisão, apenas respeitar.
Fotos: Isadora Arruda