14/06/2025
O bolo azedo da Prefeitura de Igarapava
A gente tenta, juro que tenta. Mas há dias em que a paciência, essa santa virtude, parece ter um limite ainda mais estreito que o normal. Foi o que aconteceu comigo depois de decidir encarar a audiência pública realizada pela Câmara de Igarapava, em 11/06/2025, sobre o PLDO de 2026, o tal Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias. Um nome tão pomposo para algo que, na prática, se revelou um tormento em duas etapas, cada uma com aproximadamente 35 minutos de pura desinformação.
Eu, ingênuo que sou, esperava que o documento em questão levantasse as grandes questões: as crises econômicas, as disputas judiciais que podem nos envenenar e, claro, a pergunta de ouro – como vamos dividir os estimados 200 milhões de reais de forma justa e eficiente? Afinal, é o dinheiro de todos nós, contribuintes já tão apertados.
Mas a realidade, meus caros, é sempre mais amarga. O representante da prefeitura de Igarapava, confesso, parecia mais perdido que agulha em palheiro. Não que eu esperasse um show de clareza, mas também não imaginava um labirinto de palavras que só serviu para explicar a estrutura do PLDO. A estrutura! Como se precisássemos de uma aula sobre o esqueleto, quando o que realmente importava era a carne: as metas, as prioridades, os limites para o uso dos recursos públicos, a garantia de que o orçamento estaria alinhado com os objetivos de médio prazo e as políticas públicas. O principal, meus amigos, ficou esquecido da receita do bolo tão esperado.
E se a desinformação foi a protagonista, a cereja azeda do bolo veio em seguida. O presidente da Câmara e alguns vereadores, num misto de perplexidade e indignação, apontaram o óbvio: o projeto estava incompleto. Faltavam anexos, peças cruciais para que a receita da culinária dos recursos públicos fizesse sentido. A reação do representante da prefeitura? Uma série de colocações desencontradas, quase como se tentasse tapar o sol com a peneira.
No final das contas, o que realmente importava não foi sequer arranhado. Os poucos "gatos pingados" que resistiram à tortura, incluindo os próprios vereadores, saíram da audiência com mais dúvidas do que certezas. Não se discutiu, por exemplo, o importantíssimo Artigo 20º, que trata da possibilidade de alterações na legislação tributária. Sim, meus amigos, a chance de mais impostos, sobre nós, os já esfolados.
Foi uma aberração. Um desperdício de tempo, de recursos públicos e, acima de tudo, um esfolamento na paciência de quem, como eu, ainda acredita na transparência. O bolo da prefeitura estava incompleto e azedo. E o pior: ficou apenas o gosto amargo da decepção.
Wagner Sales
TV Igarapava
14/06/2025