19/05/2025
Brasil
Bebês reborn: entenda o que são e por que têm chamado a atenção de brasileiros
Com traços realistas, textura de pele semelhante à humana, peso de um recém-nascido e até cheiro de bebê, as bebês reborn vêm conquistando milhares de pessoas ao redor do mundo — e o Brasil não ficou de fora dessa tendência. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram adultos cuidando das bonecas como se fossem filhos de verdade: levando ao pediatra, preparando mamadeiras e até organizando passeios em família.
Feitas artesanalmente, essas bonecas podem custar entre R$ 200 e R$ 10 mil, a depender do grau de realismo. Algumas vêm com dispositivos que simulam batimentos cardíacos, aceitam mamadeira e até urinam, aproximando-se ainda mais da experiência de cuidar de um bebê de verdade.
Entre o afeto e a polêmica
A febre das reborn divide opiniões. Enquanto algumas pessoas veem as bonecas como forma de terapia emocional, outras encaram o fenômeno com estranhamento. Há quem as colecione como arte, mas também quem critique o uso exagerado e até a tentativa de substituir filhos reais pelas bonecas.
Em São Paulo, um grupo de colecionadoras organizou recentemente um encontro no Parque Ibirapuera, que reuniu adultos e dezenas de bonecas reborn — o evento chamou a atenção nas redes sociais. Em outro episódio inusitado, uma advogada relatou ter sido procurada por uma mulher interessada em entrar com uma ação judicial para obter a guarda de uma boneca reborn, comprada em conjunto com o ex-marido.
A crescente popularidade das bonecas hiper-realistas chegou até o Congresso Nacional. Após denúncias de que algumas pessoas estariam furando filas em hospitais usando bebês reborn como desculpa para atendimento preferencial, deputados começaram a se mobilizar.
Na última sexta-feira (16), o deputado Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP) apresentou um projeto de lei que proíbe atendimentos hospitalares públicos ou privados a pessoas acompanhadas por bonecas. O texto prevê punições severas para hospitais que descumprirem a norma, incluindo multas de até R$ 50 mil e demissão de funcionários envolvidos.
Limites entre realidade e fantasia
A psiquiatra Silvia Marchat alerta para os riscos de extrapolar o uso dessas bonecas. Embora reconheça o potencial terapêutico, ela reforça que é preciso cautela com os excessos.
“As bebês reborn existem há muitos anos como arte. São feitas de silicone e deveriam ser vistas como isso. Se você ultrapassa o limite da realidade, entendendo que aquele objeto tem vida ou dedica mais atenção à boneca do que à vida real, isso pode se tornar algo patológico”, explica Silvia.
Enquanto a discussão avança entre terapeutas, colecionadores, legisladores e críticos, uma coisa é certa: as bebês reborn seguem crescendo como fenômeno cultural e despertando curiosidade — e controvérsia — por onde passam.
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