Bartolomeu Birigui

Bartolomeu Birigui Aposentado. Possuidor de um Del Rey ano 1985. Amante da boa gastronomia, como buchada de bode, bolov

04/08/2022

Eu tive uma infância bastante difícil, num ambiente deveras hostil. O meu lar, o meu ninho familiar, que deveria ser o meu refúgio, era o local onde eu sofria todos os tipos de humilhações. O meu pai Adinor e minha mãe, dona Quitéria, foram responsáveis pela criação de 9 filhos. Mas meus outros irmãos não passaram pelas coisas que eu passei.
A primeira vez em que tomei conhecimento do que se passava, foi com cerca de 4 anos. Durante o jantar, o caçula, ainda bebê, jogou a tigela de macarrão em mim, ficando eu, com aquele monte de macarrão na cabeça. Logo que comecei a chorar e tentar tirar o alimento de cima do meu couro cabeludo, o meu pai me mandou parar de mexer e correu para o quarto. Imaginei que ele iria pegar o cinto e ensinar bons modos para Dulcídio. Quando voltou do quarto, trouxe consigo a máquina fotográfica para tirar um foto de mim naquele estado.
Desde então, a minha vida não foi nada fácil. Se meu pai fosse corneado pela amante, ele me batia. Se o Corínthians perdia um jogo, quatro dos meus irmãos me batiam. Se um rapaz fosse mais rude com uma das minhas irmãs, tentando fazer s**o, ela chegava em casa e me batia. Minha mãe só me bateu uma vez, quando um bolo queimou.
Apesar de sofrido, foram bons ensinamentos, pois depois de crescido, e, iniciando a minha amizade com o álcool, passando a frequentar os bares, já me sentia preparado. Sabia que, diante de qualquer briga, já estaria preparado para apanhar.
Cansado de apanhar, me matriculei no Tae Kwon Do. Então, passei a apanhar também na academia.
Judith nunca me bateu; fora realmente uma santa. Vou expor um pouco a nossa intimidade: na hora do s**o ela gostava de bater. Mas tinha vezes em que exagerava, sempre deixando meus olhos roxos, quebrando alguns dentes, ou da vez em que deslocou a minha mandíbula.
Há 22 anos, no leito de morte da minha mãe, perguntei-lhe porque ela demonstrava ser a única pessoa da família que tinha afeição e amor, sem precisar me bater. Ela era uma católica bastante fervorosa, me respondendo de forma carinhosa: "A sua cara sempre pediu soco. Não teve um dia em que não tive vontade de te bater, mas eu tinha medo de ir pro inferno".

03/08/2022

O início do meu relacionamento com a minha falecida esposa Judith foi bastante interessante. A princípio, imaginei que ela não gostava de mim, mas, futuramente terminei descobrindo o contrário.
Numa festa da escola onde estudávamos, houve um baile. Isto foi em 1961, e nós tínhamos 15 anos. Já a cortejava havia algum tempo, apesar de estudarmos em salas diferentes. Enviava-lhe cartas com poesias falando de amor. Todas eram devolvidas rasgadas; o que suponho que alguns dos colegas que serviam de correspondentes estavam me sabotando.
Porém, no baile foi o início de toda a mudança. Com a música tocando e os alunos dançando na quadra da escola, criei coragem e a convidei para dançar. Ela me respondeu: "Espere até umas 10 horas. Se ninguém me convidar, aí eu danço com você". Bastante ansioso, não aguentei esperar dar 10 horas. Às 9:59, a convidei novamente. Ela me respondeu: "Ainda não são 10 horas. Espere mais meia-hora. Pode ser que outra pessoa apareça". Eu fiquei pelo salão, de um lado para o outro, olhando para o relógio.
Para não me mostrar desesperado, deixei passar uns 40 minutos. Neste momento o baile já estava no fim, pessoas já estavam indo embora. Tentei dançar pelo menos uma música. Judith me respondeu: "Demorou muito. Eu já vou embora". Educadamente lhe perguntei se queria que lhe levasse pra casa. Ela me respondeu: "Vou esperar mais um pouco. Se ninguém se oferecer pra me levar, eu aceito". Ao me virar, ouvi a doce voz de Judith: "Mas nós vamos a pé?". Eu lhe disse que tinha dinheiro para lanchar e pegar um taxi. Judith então respondeu: "Simbora".
Na lanchonete pudemos convesar um pouco. Ela terminou por me conhecer melhor. Lembro-me até hoje das doces palavras saindo de sua boca: "Você não é tão insuportável como a maioria das pessoas diz".
De fato, ela mudou a sua opinião a meu respeito. Logo, abri meu coração, explicando que estava apaixonado e gostaria de iniciar um namoro, um relacionamento sério. Ela me respondeu: "Eu ainda sou jovem para namorar. Vou esperar mais um tempo. Se não aparecer outra pessoa, quem sabe eu crie coragem de namorar com você". E foi assim durante 3 anos e 28 pedidos de namoro com a mesma resposta.
Em agosto de 1964, Judith decidiu que era a hora de iniciarmos um namoro e fomos bem rápidos para a nossa união matrimonial. Dessa união, em fevereiro veio Norberto, nosso primeiro filho, que nasceu prematuro, com apenas 6 meses.

02/08/2022

Em 2004 estive envolvido numa situação deveras constrangedora. Foi uma época quando residi na capital paraibana, João Pessoa. Acabara de ficar viúvo há pouco, de minha companheira Judith e havia conhecido uma jovem bastante bonita e atraente que costumava frequentar alguns bares do Centro Histórico.
Sendo uma pessoa com gosto alternativo e bastante peculiar, a jovem me convidou para ir num luau promovido pelo compositor e cantor Chico César, na praia de naturismo Tambaba, no município vizinho do Conde. A princípio confesso que fiquei com receio de expor a minha genitália para outras pessoas, mas sendo muito fã, e sabendo de cór todas as músicas, não resisti. Então passei por cima da timidez e resolvi ir junto com essa pessoa à qual tive um romance bastante rápido.
No local, todas as pessoas estavam nuas. Como de costume, comecei a beber. Com pouco tempo Chico César começou a cantar, sendo acompanhado em coro pelos presentes. Acompanhamos vários sucessos; Mama África, Pensar em Você, Estado de Poesia, Onde Estará o Meu Amor. Entretanto, durante a música À Primeira Vista, terminei sendo expulso do luau. No refrão:
"Ô, Amarrara dzaia soiê
Dzaia dzaia
Aí iii iinga dunrã
Ô amarrara dzaia soiê
Dzaia dzaia
Aí iii iinga dunrã"
terminei gritando. O pessoal, inclusive o da segurança achou que eu estava a tirar sarro, bêbado, e tinha a intenção de atrapalhar o show. O que ninguém sabia era que, sentado na areia, uma formiga saúva mordera o meu s**o, causando-me imensa dor. Foi impossível não gritar de dor. Só me restou ir beber em Jacumã e perder completamente o contato da minha ficante, que ficou com muita vergonha e rejeitou todas as minhas tentativas de contatos posteriores.

30/07/2022

Em 1971 mudei-me para Paris. Permaneci lá durante oito anos. Confesso que nunca vi um povo tão afeito à arte como os franceses; eles veem arte em tudo. Em tudo mesmo. É verdade.
Admito que nunca fui propenso para qualquer tipo de manifestação artística, porém alguns franceses enxergaram essa veia na minha personalidade.
Tudo começou de forma involuntária. Recordo-me de ter sido no ano de 1973, mas não tenho exatidão do dia ou mês. Passei o dia frequentando alguns bares parisienses e terminei por fazer a fatídica mistura: vinho e cerveja.
Bastante embriagado, resolvi seguir até o Cinéma du Panthéon, onde estava sendo exibido o filme O Exorcista, de William Friedkin. Lembro-me de ter dado alguns cochilos no início do filme. Porém, quando a personagem Regan passava a ter aspecto mais repugnante, possuída por Pazuzu, fui ficando animado e enjoado ao mesmo tempo.
Não que fosse avesso a filmes de Terror, mas o fato de observar pessoas passando mal ao meu redor, foi me causando um certo mau estar. Como havia dito, passei o dia a beber vinho e cerveja, porém esqueci de mencionar que havia comido cassoulet, croissant, quiche lorraine e ratatouille.
Em certo momento, já não me sentia bem, diante das várias porçôes regurgitadas por vários expectadores e de seus respectivos odores desagradáveis. Levantei-me e corri para fora da sala de cinema. Já na rua, não consegui evitar e dei uma enorme golfada, expelindo toda a mistura consumida ao longo do dia.
Enquanto estava caído, procurando me recuperar, vários parisienses ficaram ao meu redor, elogiando a matéria que acabara de botar pra fora. ouvi alguém dizer: "On dirait un travail de Jackson Po***ck". Confesso que senti orgulho. Realmente, a obra produzida pelo meu estômago tinha certa similaridade com as obras do Jackson Po***ck.
Não vou mentir. O período em que estive em Paris, desenvolvi este meu lado artístico, produzindo obras neste estilo ao qual fui o pioneiro e denominei como "abstrato interno gástrico". Confesso que esperava que algumas de minhas obras fossem expostas no Louvre, porém fiquei feliz em tê-las expostas no Museu Marmottan Monet.
Não consegui a fama que almejei, mas consegui ganhar alguns francos com a venda de algumas telas. Só não consegui entesourar os valores recebidos, pois tinha de consumir bebidas e comidas para poder produzir novas obras. Então tudo o que conseguia ganhar era reinvestido para obras futuras.

Quem não se comove com uma cena dessa é porque não tem coração 😭😭😭
29/07/2022

Quem não se comove com uma cena dessa é porque não tem coração 😭😭😭

29/07/2022
Eu falo muito do meu neto Gabriel, pois de todos os netos, ele é o que eu tenho mais proximidade. Ele e minha filha, Mar...
29/07/2022

Eu falo muito do meu neto Gabriel, pois de todos os netos, ele é o que eu tenho mais proximidade. Ele e minha filha, Marta, vivem comigo em minha residência. Tenho ainda outros dois filhos e cinco netos.
Gabriel sempre se destacou pela inteligência e criatividade. Desde o ensino básico recebeu elogios por parte dos professores. Sempre foi um neto muito educado, apesar de uma vez, quando tinha uns 6 anos me acertara com taco de baseball, me deixando com um problema na lombar até hoje. Outra vez, dei-lhe de Natal um arco e flecha semi-profissional. Ensinei-lhe a mirar o alvo e atirar. Porém numa certa ocasião, ele mirou o alvo e se virou rapidamente, atirando a flecha e quase atingindo o meu olho. Tive de ser levado para o hospital, onde recebi 8 pontos.
Mas Gabriel cresceu e continua a ser um adolescente bastante inteligente. Inclusive com vários amigos vindo até a nossa residência e estudando até tarde da noite. A confirmação veio após encontrar estes objetos plásticos no quintal, bem abaixo da janela de seu quarto. Perguntei do que se tratava aquilo e ele disse que eram tampas de canetas esferográficas. Estranhei a forma intimidada dele ao questionar-lhe, principalmente quando relembrei uma madrugada em que acordei para ir ao mictório e encontrei junto com alguns amigos agitados e com os olhos arregalados. Ele disse que aquele estado era devido à pressão dos estudo, pois todos estavam estudando para o Enem.
Após a explicação de que ele estava servindo tipo como um professor aos colegas, me arrependi por ter sido duro com ele. Realmente, é uma atitude louvável um jovem se dedicar para ensinar os colegas até altas horas da madrugada com o objetivo de prestarem a prova do Enem. A única coisa que não consegui entender é, como eles conseguem estudar ouvindo música com som tão alto?

Quero contar com a ajuda de vocês para continuar com o meu trabalho de escrita de crônicas humorísticas. Além de que, eu...
28/07/2022

Quero contar com a ajuda de vocês para continuar com o meu trabalho de escrita de crônicas humorísticas. Além de que, eu e meu Del Rey somos movidos a álcool. Dê aquela força no meu apoia.se. https://apoia.se/drcucabeludo

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