04/09/2025
O desmatamento na Amazônia tem consequências diretas não ap***s sobre o bioma, mas em todo o regime de chuvas da América do Sul. É o que alerta um estudo de Wagner Ribeiro, geógrafo e professor da pós-graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo (USP).
Publicado na revista Nature Communications, nesta terça-feira (2), o texto de Ribeiro revelou que o desmatamento na Amazônia brasileira é responsável por 74,5% da redução das chuvas e 16,5% do aumento da temperatura no bioma. Ele ainda explica que o funcionamento do ciclo hidrológico depende das árvores, que sugam água do solo e a devolvem para a atmosfera por meio da evapotranspiração. Sem essa reposição, o processo f**a comprometido.
“Quando você retira a mata, você tira o ponto central de todo esse processo, que é justamente a capacidade de absorção de água das raízes e, a partir daí, a evapotranspiração dessa umidade, que vai precipitar parte dela na própria Amazônia”, diz. Parte dessa umidade, ele indica, é transportada para o Sul e o Sudeste, chegando até países vizinhos. “Esse excedente ganhou o nome de rios voadores, e é um volume bastante grande que traz essa umidade até São Paulo”, explica.
O professor destaca ainda que os efeitos do desmatamento se manifestam tanto na seca como em chuvas extremas. “Com essas alterações climáticas que estão sendo assistidas, vão ser mais frequentes, por exemplo, essas chuvas intensas carregadas da Amazônia precipitando no Rio Grande do Sul. Essa é uma consequência também muito séria. Nós temos, na verdade, um deslocamento dessa chuva e com mais intensidade”, pontua.
Ribeiro conclui que preservar a floresta é essencial para a vida em todo o país. “Se não tem a árvore, não tem a água, logo não vai ter a reprodução da vegetação e vamos estar interrompendo esse ciclo muito importante, muito poderoso e que é fundamental para que nós tenhamos água para a agricultura, para abastecimento urbano, para o lazer, enfim”, resume.