02/10/2025
EXEMPLOS:
Meu cachorro — esse gigante atrapalhado que sempre puxa a coleira para correr, explorar e cheirar tudo — parou de repente diante de um matagal.
Imóvel. Olhar fixo. Orelhas atentas. Corpo em silêncio.
Com passos lentos, aproximou-se.
E lá, sob as folhas, três filhotes tremiam: magros, sujos, frágeis. Dois ruivos e um tigrado, agarrados à vida, sozinhos no mundo.
Meu instinto foi recolhê-los, protegê-los.
Mas quem tomou a decisão foi ele.
O grandalhão que um dia resgatei, rejeitado por ser “muito grande, muito velho, muito complicado”.
Deitou-se ao lado deles.
Encostou o focinho com delicadeza.
Não latiu, não se mexeu — apenas ofereceu calor e proteção.
Desde então, vivem juntos. Dormem entre suas patas, escalam suas costas como montanha, mordem-lhe as orelhas e adormecem em seu peito. Ele aceita tudo em silêncio, como quem sabe que ali está sua nova missão.
Eles não são seus filhotes.
Nem sequer da mesma espécie.
Mas ele os escolheu.
Talvez porque, naquelas três vidas perdidas, reconheceu a si mesmo.
Hoje são uma família improvável — e perfeita.
Um retrato vivo de que o amor não precisa de lógica, raça ou forma.
O amor apenas existe.
E, quando existe, salva. ❤️