
22/09/2025
O domingo foi ensolarado e radiante. No horizonte, manifestações em todo o país contra a anistia aos golpistas e a PEC da Blindagem. Pedro Rosa estava entusiasmado. A orla de Copacabana foi tomada por um mar de pessoas. E lá estava ele... Como esteve ao lado dos metalúrgicos, dos garis, dos bombeiros, dos professores, dos estudantes, enveredado em manifestações e greves por toda a sua vida. Ele também era apaixonado pelas manifestações artísticas, como o bom carimbó de sua terrinha amada. Obviamente que seu último ato, além de luta, tinha música da melhor qualidade, com Caetano, Gil, Chico, Paulinho Viola, Djavan e tantos outros. Como Pedro não se faria presente num dia histórico como esse?
Com este mesmo vigor, Pedro Rosa lutou e defendeu os direitos de seus pares no serviço público. Pelejava pelas demandas mais específicas de um único trabalhador e pelas pautas de sua categoria com a mesma energia que se entregava às lutas mais relevantes de toda a classe trabalhadora.
Inquieto é a palavra que mais define Pedro Rosa. Sempre esperançado, sempre otimista de que a maré podia virar a nosso favor. Depois de algum tempo adormecidos de grandes atos de rua, os movimentos sociais, sindical, estudantil e popular voltaram às ruas. F**a um sentimento que depois de tanta luta pela vida, Pedro estava esperando por algo grandioso antes de partir e descansar.
Sim, é doloroso escrever sobre sua partida. Aqui o jornalista e o amigo são indissociáveis. Não há como escrever essas palavras, sem lembrar que Pedro era teimoso, mas também era doce, generoso e de moral inquebrantável. A teimosia de quem não desiste de mudar mundo. A ternura de quem sonha com um mundo melhor.
Pedro amava seus aposentados e pensionistas, se tornou um filho para tantas senhoras e senhores que viam naquele jovem um brilho sereno de quem os defendia incondicionalmente. Nunca foi apenas dever de ofício de sindicalista. Sempre foi muito amor envolvido. Amor pelas pessoas, pelos mais velhos, dos quais ele extraía muita sabedoria.
No sindicato, na UFF, na militância e na vida, marcou muita gente feito tatuagem, inclusive a de quem escreve o texto. Não vamos viver em mundo sem Pedro Rosa, simplesmente porque a marca que ele deixou é muito forte para desaparecer, apesar de sua ausência física. Ele que foi, sim, o mais relevante dirigente sindical da UFF neste século.
Quando Pedro partiu, nesta segunda-feira, o tempo fechou e caiu a chuva forte. Pedro era energia de um dia ensolarado. Os céus sinalizaram luto e a água desceu como pranto, assim como as lágrimas escorreram dos nossos olhos com a notícia.
VIVA PEDRO ROSA! A sua luta continua, meu amigo!