20/02/2025
Cada um de nós carrega uma história. Ninguém nasce do mesmo ponto de partida, ninguém trilha o mesmo caminho. Há quem venha de solos férteis, onde o amor foi regado com paciência e cuidado. Há quem cresça no deserto, aprendendo a sobreviver com migalhas de afeto.
O que parece fácil para uns pode ser uma escalada impossível para outros.
E ainda assim, há quem ache que pode apontar direções para caminhos que nunca percorreu.
Você não está dentro da pele do outro. Não sentiu seus medos, não carregou seus traumas, não chorou suas dores escondido à noite. Então por que se sente tão confortável em dizer qual passo ele deve dar?
No Celebrando a Recuperação, não damos conselhos. Não opinamos sobre a vida alheia, sabemos que cada ser é único, que ninguém pode caminhar com os pés do outro. O máximo que podemos fazer é estar ao lado, ser presença, ser suporte, jamais substitutos das escolhas que só pertencem a quem caminha.
O mesmo acontece na psicanálise. O analista não é um guia, não é um mestre, não é um pai dizendo o que é certo ou errado. Ele é espelho. Ele reflete o que está ali, esperando para ser visto. Ele não conduz a resposta, ele apenas auxilia o paciente a encontrá-la dentro de si.
O maior erro é acreditar que há apenas um único caminho. Um único jeito correto. Que há um jeito certo de se recuperar, de amar, de existir. Não há.
Há apenas a sua história, seu ritmo, suas escolhas. E elas pertencem somente a você.
Não se compare. Cale as vozes dos orgulhosos que tentam lhe dizer quem você deve ser. Não aceite mapas desenhados por mãos que nunca tocaram a sua estrada.
“Cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz”.
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(Trecho da música “Tocando em Frente”, de Almir Sater e Renato Teixeira.)
