04/09/2025
Desde os tempos de Raimundo Caires, Paulo Afonso carrega um vício político perigoso: a ideia de que prefeito sem maioria na Câmara deve ser cassado. Não se trata de investigar, de apurar a conduta, de questionar a honestidade ou mesmo de esperar que a base se desfaça, basta a menor dificuldade na relação com o Legislativo para que surja o coro pelo “impeachment”. Foi assim com Raimundo, com Anilton Bastos, com Luiz de Deus, com Marcondes Francisco e agora se repete com Mário Galinho.
Essa sanha golpista não é apenas um capricho local, mas herança de uma cultura autoritária que marcou a história do Brasil e que, em Paulo Afonso, foi reforçada nos anos em que a cidade virou “Área de Segurança Nacional”. Naquele tempo, prefeitos eram nomeados e substituídos ao sabor das pressões políticas, justamente porque o povo não tinha voz. É esse ranço que ainda insiste em sobreviver.
É preciso dizer claramente: ter minoria na Câmara não condena o prefeito à cassação. Democracia não é unanimidade, mas convivência com a diferença. Oposição não pode ser sinônimo de irresponsabilidade, de sabotagem ou de tentativa permanente de derrubar quem foi eleito pela vontade popular. Repito não votei no prefeito Mario Galinho, mas a vontade do povo que o elegeu tem que ser respeitada, não se pode jogar na lata do lixo a vontade do eleitor expressa de forma tão clara. Não se pode, por causa da insatisfação de alguns, se pensar em retirar do poder quem foi elevado a essa condição pela vontade absoluta da maioria do povo.
Ao alimentar, ao cogitar esse desejo, essa vontade perversa, setores da política e da mídia local não apenas desrespeitam o voto do cidadão, como também fragilizam a própria vida politica da cidade, condenando-a a um eterno ciclo de instabilidade e disputas rasteiras.
Paulo Afonso não precisa de golpismo travestido de política. Paulo Afonso precisa de debate sério, fiscalização responsável e compromisso com o futuro.
*José Ivandro é aprendiz de jornalismo e Editor de Politica do site Tribuna do Povo