11/10/2025
Por Aldo Carvalho
Em tempos sombrios, quando a liberdade era vigiada e a esperança parecia sufocada pelo peso da repressão, um grupo de jovens do sertão baiano ousou sonhar, resistir e lutar. Em plena ditadura militar, quando o verde-oliva rondava cada esquina e o sistema não oferecia espaço para vozes dissonantes, esses jovens se tornaram faróis de coragem e consciência democrática.
A sociedade progressista do sertão baiano tem, nesses nomes, um motivo de profundo orgulho. Genivaldo Teixeira, Nivaldo, Gilmar Teixeira, Marcos Antônio, Genivan, Zé Ivandro, Zé Ivaldo, Dimas, Gilberto Santana, Paulo Rangel — e tantos outros que se somaram a essa jornada — são protagonistas de uma história que precisa ser contada, lembrada e reverenciada.
Nas escolas, o movimento fervilhava. O CEUSPA e a UNESPA foram mais que entidades estudantis: foram trincheiras de resistência, espaços de formação política e de união entre estudantes de todas as unidades escolares de Paulo Afonso, e também daqueles que viviam nas capitais nordestinas como Maceió, Salvador e Recife. Ali, a juventude se encontrava para pensar o Brasil, para defender a democracia, para plantar as sementes de um futuro mais justo.
Recordo com emoção o tempo em que fui vice-presidente do CEUSPA pela saudosa Escola Murilo Braga, enquanto Gilmar ocupava o mesmo posto no COLEPA. Era o início de uma militância que florescia mesmo sob o olhar conservador de instituições como a CHESF. Era o despertar de uma consciência coletiva que não se calaria diante da opressão.
A semente plantada por Zé Ivaldo e sua trupe germinou em fundamentos sólidos de um socialismo democrático que, até hoje, inspira e orienta nossa postura em defesa da liberdade, da justiça social e da democracia.
A esses jovens guerreiros, nossa eterna gratidão. Foram eles que abriram caminhos, que enfrentaram o medo, que nos permitiram sonhar com um Brasil mais livre. Foram eles que garantiram que Paulo Afonso tivesse voz na luta histórica pela democracia.
Que esta carta seja um tributo à memória, à coragem e ao legado desses heróis do sertão.
Com respeito, admiração e compromisso,
Aldo Carvalho da Silva