Correio da APPOA

Correio da APPOA Publicação digital mensal organizada pela Associação Psicanalítica de Porto Alegre (APPOA). Pensamos em um site de fácil navegação e de agradável leitura.

Levando em consideração que um dos traços marcantes do Correio da APPOA sempre foi o de estar atento aos movimentos da Cultura, acreditamos que esta passagem do papel para o virtual diz da possibilidade de a nossa já consagrada publicação manter-se em sintonia com os tempos em que vivemos. Tivemos como preocupação maior a facilidade de compartilhamento dos textos, permitindo, deste modo, que os es

critos possam chegar cada vez a mais pessoas. É a nossa forma de agradecer àqueles que com tanta diligência têm contribuído com o Correio da APPOA, seja como autores, seja como leitores. O site foi pensado de modo a poder ser acessado confortavelmente em todas as plataformas: computadores pessoais, tablets, smartphones. O conteúdo se adapta automaticamente às diversas dimensões de tela, de modo que a leitura sempre se mantenha fluida. Para os saudosos do papel, mantivemos - em todos os textos - a possibilidade de impressão rápida do conteúdo. Há também a possibilidade de que o leitor construa a sua coleção de artigos preferidos, escolhendo aqueles textos que gostariam de arquivar para fácil e ágil acesso. É uma forma de estabelecer com o nosso leitor uma relação ainda mais próxima - forma de laço, aliás, que também é uma marca da nossa publicação desde o começo. Assim, agradecendo a todos os que nos ajudaram nesta iniciativa, a todos os colegas que partilharam desta ideia, aos pioneiros do Correio da APPOA, e também, especialmente, aos nossos leitores, convidamos todos a visitar o site e também a fazer sugestões e comentários:

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Desejamos a todos uma ótima leitura - no papel, no computador, no tablet...

"O filme começa com a visita de Virgínia a Adelaide. A psicanalista alemã, que adotou costumes brasileiros, como servir ...
21/08/2025

"O filme começa com a visita de Virgínia a Adelaide. A psicanalista alemã, que adotou costumes brasileiros, como servir bolo de milho e café, recebe-a acolhedoramente.

Virgínia, então, declara: “Desde criança, sempre senti preconceito de cor. Eu não posso entender o racismo na sociedade, se eu não compreender o que ele causou em mim. Eu quero fazer análise!”

Após algumas combinações, de horários e honorários, inicia-se o tratamento psicanalítico. Bicudo torna-se a primeira paciente de Koch e, após cinco anos, ela se transforma na primeira psicanalista brasileira.

O longa-metragem intercala cenas da análise com o contexto histórico do Brasil e a ascensão do nazismo no mundo, estabelecendo um paralelo entre as vidas das personagens e os eventos da época. De um lado, Virgínia, uma mulher negra que confronta o racismo e o apagamento; de outro, Adelaide, uma judia alemã que escapa do nazismo, carregando consigo a psicanálise e o trauma da perseguição.

No cerne da trama, um encontro íntimo entre uma analisanda e uma analista, ambas marcadas por preconceitos, violências e crueldades, dá origem a uma relação de profundas repercussões na construção da psicanálise no país.

Dessa convivência, que floresceu em conversas privadas e confidenciais, nasceu uma amizade. Após encerrado o processo analítico, esse laço afetivo transformou-as em colegas por mais de três décadas e em amigas para a vida toda."

📝 Sobre a autora:

Giovana Cavalcante Serafini é psicóloga, psicanalista - APPOA, mestre em Educação pela UFRGS e doutoranda em Estudos de Literatura no Programa de Pós-graduação em Letras da UFRGS.

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"Em abril de 2025, ouvimos a experiência e as reflexões que Benilton nos trouxe. O psicanalista referiu-se à psicanálise...
19/08/2025

"Em abril de 2025, ouvimos a experiência e as reflexões que Benilton nos trouxe. O psicanalista referiu-se à psicanálise como um dispositivo emancipatório, que permite apontar as mudanças, sem deixar de advertir que não devemos ter grandes ilusões a respeito.

Na sua trajetória profissional, na saúde mental e na luta anti-manicomial, ele percebeu uma cegueira relativa à questão racial, oriunda da branquitude, que só anos mais tarde ficou evidente, uma vez que a população atendida nos manicômios era predominantemente negra e isso nunca lhe fez questão.

Benilton situou um importante desafio para trabalhar com a branquitude: criar um ambiente de discussão e boa vontade, pois é muito difícil lidar com o racismo no Brasil. Destaca que uma das marcas do povo brasileiro é a aversão ao conflito, algo formador de nosso espírito histórico, que funciona como um desmentido estrutural, investigado por Roberto da Matta.

O mal-estar que a entrada no tema do racismo gera tem a ver com o fato de que esse reconhecimento quebra com a imagem do sujeito branco universal, como medida de todas as coisas. É preciso então racializar o sujeito branco, como parte da estratégia antirracista.

Como fazer esse movimento sem levantar as resistências possíveis? É preciso encontrar o ponto de enunciação que não funcione de forma superegóica, pois sabemos que trabalhar com as forças superegóicas não convoca responsabilidade, mas culpa, o que é profundamente inibitório e improdutivo."

📝 Sobre a autora: Roséli Cabistani é psicanalista, membro da APPOA.

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"Virgínia inicia a conversa sobre a possibilidade de se analisar falando do racismo e precisa convencer Adelaide. O deta...
18/08/2025

"Virgínia inicia a conversa sobre a possibilidade de se analisar falando do racismo e precisa convencer Adelaide. O detalhe do convencimento não passa despercebido, pois aponta, logo de início, para uma confusão que, quase 80 anos depois, ainda impera entre psicanalistas: a de que incluir a raça na cena psicanalítica seria uma espécie de militância, de desejo de tratar os problemas do País.

Eis que o filme surge para nos lembrar ou nos fazer conhecer que a psicanálise brasileira nasce justamente da questão racial, como uma grande subversão e contra todas as expectativas e estatísticas.

Lembrar ou fazer conhecer, pois, até a realização desse filme, essa seguia como uma das muitas histórias e contribuições negras apagadas da história da intelectualidade brasileira.

Foi diante dessa espécie de espanto envergonhado do diretor por seu desconhecimento que nasceu a obra. Acho precioso esse outro registro nas entrelinhas do filme: como se traduz a responsabilidade dos brancos diante de apagamentos históricos em relação às pessoas negras?

Nesse caso, o cineasta ultrapassa a estupefação que poderia resultar em culpa e imobilidade em direção a um agir. A partir da sua paixão, o cinema, cria algo novo e que vai na direção de uma reparação. Gosto de chamar isso de Cor-ação. Um agir no mundo – a partir da posição subjetiva e singular de cada um – orientado pela responsabilidade diante da sua racialidade.

Por isso seria um engano pensar que a produção interessa apenas a psicanalistas. O filme abre uma grande janela para quem deseja se inspirar na potência subversiva que nasce da amizade entre duas mulheres marcadas pela raça.

Mais do que paciente e analista, Virgínia e Adelaide tornam-se amigas. A amizade está registrada em trocas de cartas – que serviram de base de pesquisa para o roteiro – por ocasião da ida de Virgínia para a Inglaterra. Viagem que lhe pareceu a única alternativa diante de tantos ataques brutais que sofria no meio psicanalítico."

📝 Sobre a autora: Carolina Mousquer Lima é psicanalista, membro da APPOA.

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"Foi extremamente emocionante para mim assistir Virgínia e, de certa forma, confirmar a sua negrura, a negrura da primei...
16/08/2025

"Foi extremamente emocionante para mim assistir Virgínia e, de certa forma, confirmar a sua negrura, a negrura da primeira psicanalista brasileira. Seus cabelos crespos se parecem com os meus.

Eu também nutro interesse pelo estudo das relações étnico-raciais, pela pesquisa acadêmica, pela docência e pela psicanálise. Eu me vi em Virgínia, em sua coragem e ousadia em questionar: por que não eu? E por que não agora?

Quando vejo o filme eu choro muito e me conecto com outra cena em que também chorei rios ao ter uma aula com a Isildinha Baptista Nogueira, psicanalista negra brasileira. Isildinha, com gentileza, trouxe a sua trajetória pela psicanálise e os efeitos subjetivos de ser quase sempre a única negra.

No momento eu não entendi o porquê do rio que corria em meu rosto. Depois percebi que a sua fala foi para mim uma autorização para também me tornar uma psicanalista negra brasileira. Assistir ao filme Virgínia e Adelaide foi uma segunda cena desse ato de autorização.

Ao longo do filme, Virgínia enfrenta a acusação de charlatanismo por exercer ilegalmente a medicina durante o I Congresso Latino-Americano de Saúde Mental (Maio, 2010; Gomes, 2013), já que até aquele momento a prática psicanalítica brasileira era exercida somente por médicos. Obviamente tal acusação também está relacionada ao racismo e ao sexismo, em alguma medida.

Mesmo diante dessa violência e de tantas outras, vemos que Virgínia segue seus caminhos pela psicanálise e se enegrece no decorrer de sua vida. Em uma das minhas cenas preferidas, ela aparece usando um turbante, o que demarca a produção de um lugar seguro em que poderia se reconciliar com a sua própria negrura, revelando as dimensões do seu processo de tornar-se negra: um cabelo preso que finalmente pode se soltar. Um cabelo livre.

Desse entrelace, constitui-se um corpo enegrecido, um corpo-território que é lugar de memória e de transmissão de negritude."

📝 Sobre a autora:

Carolina Pereira é psicóloga. Psicanalista em Formação pelo CEP de PA. Professora Universitária. Escritora.

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"Em algum momento da análise, a analista marca que Virgínia se referiu a si mesma como “mulher negra” e não simplesmente...
15/08/2025

"Em algum momento da análise, a analista marca que Virgínia se referiu a si mesma como “mulher negra” e não simplesmente “negra”, aludindo a algum eventual conflito com o ser mulher.

É um momento delicado da análise, em que Virgínia se rebela contra a analista e refuta ter problemas por ser mulher. Até ali ela não tivera namorado, justificando que “não tinha tempo”. Nesse período, Virginia sonha que ela e a analista trocam um beijo na boca.

A analista marca as diferentes posições que aparecem no relato do sonho por Virgínia. Pergunta o que ela associa. Virgínia diz: - que Adelaide a acolheu e que Adelaide é branca como a mulher que seu pai escolheu.

Virgínia decide sair do país, depois de muito lutar para combater o racismo. Vai para Londres, onde permanece de 1945 a 1950, aprofundando sua formação psicanalítica. Fez análise com Donald Winnicott, frequentou seminários de figuras centrais do movimento psicanalítico europeu, tornando-se a primeira psicanalista brasileira a ser aceita como membro da British Psychoanalytical Society.

Ouve-se a canção de Caetano, que se exilou em Londres muitos anos depois, "You don’t know me, Better never get to know me. You don’t know me at all" [Você não me conhece. Melhor não me conhecer. Você não me conhece de jeito nenhum].

Ela escreve para Adelaide: “Nada mudou.” Ao que Adelaide responde: “Você não mudou?”. Nesse período, passa a soltar seu cabelo afro.

Depois de retornar ao Brasil, segue sua trajetória na psicanálise e tem papel fundamental na formação de Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Ela e Adelaide seguiram sempre próximas e amigas."

📝 Sobre a autora: Lucy Linhares da Fontoura é psicanalista, membro da APPOA.

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Acesse a página do Correio para ler o Volume 12, n. 07: Escritas sobre "Virgínia e Adelaide".O link para acesso ao númer...
13/08/2025

Acesse a página do Correio para ler o Volume 12, n. 07: Escritas sobre "Virgínia e Adelaide".

O link para acesso ao número completo está na bio, em nosso perfil.

📬 O Correio da APPOA é uma publicação digital mensal, organizada pela Associação Psicanalítica de Porto Alegre.

O filme "Virgínia e Adelaide", dirigido por Jorge Furtado e Yasmin Thayná e produzido pela Casa de Cinema de Porto Alegr...
12/08/2025

O filme "Virgínia e Adelaide", dirigido por Jorge Furtado e Yasmin Thayná e produzido pela Casa de Cinema de Porto Alegre, estreou em maio de 2025, levando muitos psicanalistas para as salas de cinema.

Afinal, o filme conta sobre o encontro entre duas mulheres pioneiras da psicanálise no Brasil: Virgínia Bicudo, uma mulher negra que se tornou a primeira psicanalista brasileira, e Adelaide Koch, uma psicanalista judia que fugiu da Alemanha durante o regime nazista. É o início da psicanálise no Brasil, uma vez que Adelaide foi a primeira psicanalista em terras brasileiras e Virginia tornava-se sua primeira analisante.

Esta obra nos convida a refletir sobre a importância de reconhecer figuras pioneiras na história da psicanálise brasileira, especialmente aquelas que enfrentaram obstáculos e foram invisibilizadas. Virgínia Bicudo foi uma mulher negra que buscou na análise uma forma de lidar com o racismo que incidiu sobre ela. Sua trajetória revela não apenas sua coragem, mas também a necessidade de valorizar e resgatar a memória de mulheres que abriram caminhos e marcaram a história da psicanálise e da luta contra o racismo no Brasil.

Um encontro entre essas duas mulheres de contextos culturais tão diferentes, mas cujas vidas foram marcadas por uma história de exclusão, violência e extermínio - considerando os horrores da escravidão e do nazismo -, ambas tendo enfrentado o racismo de suas sociedades. Dessa convivência clínica, nasceu uma amizade, que durou para a vida toda.

O filme "Virgínia e Adelaide" é uma homenagem a mulheres que, com coragem e determinação, ajudaram a moldar uma história mais plural, considerando um contexto psicanalítico, até então, tradicionalmente, constituído por homens.

Neste Correio, trazemos as reflexões de psicanalistas sobre os efeitos desse filme, o qual nos dá a ver a relevância dessas mulheres, cujo impacto na construção da psicanálise no Brasil e no enfrentamento ao racismo é inegável.

Desejamos uma boa leitura!

📨 O Correio da APPOA está no ar!👁 Para conferir o número, acesse:www.appoa.org.br/correioLink disponível na bio.📬 O Corr...
11/08/2025

📨 O Correio da APPOA está no ar!

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No mês de agosto, o Memória homenageouo Correio "História da Psicanálise", publicado em novembro de 2008.
10/08/2025

No mês de agosto, o Memória homenageouo Correio "História da Psicanálise", publicado em novembro de 2008.

Neste mês o Memória homenageia o Correio número 174, publicado em novembro de 2008, que teve como tema a História da Psi...
08/08/2025

Neste mês o Memória homenageia o Correio número 174, publicado em novembro de 2008, que teve como tema a História da Psicanálise.

Os textos da edição foram os seguintes:
Que tipo de ciência é a psicanálise?
Entrevista com Elisabeth Roudinesco
Por que a história?
Historiar o Real da Letra
Histórias por contar
Texto das perguntas... sobre Arte-Ciência-Filosofia e a Psicanálise
Freud, poeta do inconsciente
Inconscientes: a tragédia cômica de nossos desejos

Memória Correio APPOA, n. 32: História da Psicanálise (Número 174, novembro de 2008).Conheça o projeto 'Memória Correio ...
07/08/2025

Memória Correio APPOA, n. 32: História da Psicanálise (Número 174, novembro de 2008).

Conheça o projeto 'Memória Correio APPOA' acessando o destaque "Memória", fixado aqui na página.

Para acessar as edições do Correio, acesse: www.appoa.org.br/correio

(Link na bio).

"A minha herançadeixo-a no Mundo.Mas não a deixo nas mãos de ninguém,nem guardada num cofre.Deixo-a antes nas pedras,na ...
06/08/2025

"A minha herança

deixo-a no Mundo.

Mas não a deixo nas mãos de ninguém,

nem guardada num cofre.

Deixo-a antes nas pedras,

na água e no ar;

deixo-a nos olhos de quem

à noite vê alvoradas.

Aqui ficando, não se vai perder

e vai chegar a muitos herdeiros

que talvez nem vão saber

de onde a herança veio

ou quem a deixou.

(Oh… quanto aprendi na Vida

do que me foi dado de graça!)

E quando alguém disser: “parece-me”,

ou “acho”, ou “sinto”,

talvez o que deixei possa ser reconhecido

como uma pedra que afeiçoei

para construir A Casa.

A minha herança está guardada

nos pequenos sins e nãos

que os Homens

dizem todos os dias."

David Rodrigues é professor de Educação Especial na Universidade de Lisboa e conselheiro Nacional de Educação em Portugal. É músico de jazz e poeta. Publicou 10 livros de poesia — sobretudo de poesia haicai — e a sua poesia tem sido traduzida em antologias internacionais. Tem orientado muitas oficinas de poesia e escrita criativa e é presentemente curador da Biblioteca Demonstrativa em Brasília.

Poesia lida por Izabel Campos na segunda mesa de trabalho do Relendo Freud.

Endereço

Porto Alegre, RS

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