
21/08/2025
"O filme começa com a visita de Virgínia a Adelaide. A psicanalista alemã, que adotou costumes brasileiros, como servir bolo de milho e café, recebe-a acolhedoramente.
Virgínia, então, declara: “Desde criança, sempre senti preconceito de cor. Eu não posso entender o racismo na sociedade, se eu não compreender o que ele causou em mim. Eu quero fazer análise!”
Após algumas combinações, de horários e honorários, inicia-se o tratamento psicanalítico. Bicudo torna-se a primeira paciente de Koch e, após cinco anos, ela se transforma na primeira psicanalista brasileira.
O longa-metragem intercala cenas da análise com o contexto histórico do Brasil e a ascensão do nazismo no mundo, estabelecendo um paralelo entre as vidas das personagens e os eventos da época. De um lado, Virgínia, uma mulher negra que confronta o racismo e o apagamento; de outro, Adelaide, uma judia alemã que escapa do nazismo, carregando consigo a psicanálise e o trauma da perseguição.
No cerne da trama, um encontro íntimo entre uma analisanda e uma analista, ambas marcadas por preconceitos, violências e crueldades, dá origem a uma relação de profundas repercussões na construção da psicanálise no país.
Dessa convivência, que floresceu em conversas privadas e confidenciais, nasceu uma amizade. Após encerrado o processo analítico, esse laço afetivo transformou-as em colegas por mais de três décadas e em amigas para a vida toda."
📝 Sobre a autora:
Giovana Cavalcante Serafini é psicóloga, psicanalista - APPOA, mestre em Educação pela UFRGS e doutoranda em Estudos de Literatura no Programa de Pós-graduação em Letras da UFRGS.
Para ler o texto completo, acesse:
www.appoa.org.br/correio