
03/09/2025
O som que ecoa mais fundo na montanha não vem dos pássaros nem do vento. É o que a gente segura por dentro, como se fosse segredo demais para caber em palavras. Às vezes, não é por falta de coragem que não contamos. É porque sentimos que se fosse dito, perderia o sentido, se tornaria menor do que realmente é.
Há sentimentos que se sustentam justamente porque não encontram tradução. Como aquela curva inesperada da trilha que mostra um vale inteiro sem que ninguém precise explicar. O impacto está em viver, não em narrar. O silêncio, nesses momentos, não é vazio. É abrigo.
Quem já tentou partilhar uma dor ou uma alegria e viu o outro apenas acenar, sem alcançar de verdade, sabe o quanto isso pode machucar. O mundo nem sempre tem espaço para o que é imenso demais. E nesse espaço guardado, descobrimos que certas coisas não precisam ser compreendidas. Apenas sentidas, guardadas no corpo como cicatriz ou como chama.
O silêncio não diminui o que carregamos. Ele protege. Ele permite que o sentido permaneça inteiro, como o ar frio da serra ao amanhecer. No fundo, a pergunta que f**a é simples e poderosa: o que você guarda que só faz sentido em você?