06/09/2025
Nas duas últimas semanas, banhistas de diferentes regiões da Espanha foram surpreendidos por uma criatura marinha pequena e chamativa: o dragão-azul (Glaucus atlanticus). Apesar de medir apenas três a quatro centímetros, sua presença obrigou autoridades a interditar praias em quatro ocasiões no auge da temporada turística de verão.
Os primeiros avistamentos ocorreram em Guardamar del Segura, na província de Alicante. Dois exemplares foram encontrados na praia de Vivers, o que levou a prefeitura a hastear a bandeira vermelha e proibir temporariamente o banho.
A preocupação tem fundamento: o dragão azul pode provocar queimaduras dolorosas na pele, vermelhidão, náusea, vômito e, em casos mais graves, reações alérgicas. Uma criança chegou a ser hospitalizada nas Ilhas Canárias com suspeita de picada.
O Glaucus atlanticus é uma lesma-do-mar da família Glaucidae. Vive em mar aberto, flutuando de cabeça para baixo graças a um pequeno s**o de gás em seu estômago. Seu corpo exibe coloração prateada na parte superior – confundindo-se com a superfície – e tons intensos de azul na parte inferior, o que o camufla da luz solar quando visto de baixo. Essa estratégia, chamada de "contra-sombreamento", dificulta que seja localizado por predadores.
O animal não produz toxinas próprias. Sua defesa vem da dieta: ele se alimenta de cnidários altamente venenosos, como a caravela-portuguesa, a Velella velella e até indivíduos da própria espécie.
Quando come, ele seleciona as células urticantes mais potentes, e as armazena, ainda ativas, em estruturas chamadas cerata. Na hora de atacar, ele ativa o estoque dessas células urticantes, que também são chamadas de nematocistos, e libera ferroadas dolorosas.
Embora não ofereça risco de morte, o contato com o animal exige atenção médica. As autoridades recomendam não tocá-lo nem mesmo com luvas; em caso de acidente, lavar a área com água do mar (não doce), aplicar compressas frias e procurar atendimento.