13/11/2024
Reflexo de um Dia Nublado
Era mais um dia nublado, frio, daqueles que fazem os passos serem mais lentos e os pensamentos, mais densos. Ela, sentada à janela com uma xícara de café quente entre as mãos, se perdia nas lembranças, como se o próprio céu cinzento a convidasse a revisitar capítulos inacabados.
Seus pensamentos voltavam a momentos passados – os sonhos que teve aos vinte anos, os projetos que um dia começara com tanta empolgação e, depois, deixou no meio do caminho. Ideias que pareciam promissoras, mas que, por medo ou insegurança, ela deixou escorrer entre os dedos. “E se eu tivesse tentado um pouco mais?”, pensava. As oportunidades de antes, agora, pareciam distantes e empoeiradas, como folhas esquecidas num baú.
Mas enquanto olhava pela janela, algo mudou dentro dela. Lembrou-se de algo que havia lido, sobre como o passado pode nos ensinar, mas nunca nos define. Não somos prisioneiros das chances que não aproveitamos; somos, ao contrário, criadores de novos começos, mesmo quando eles parecem tardios.
Ela olhou para as próprias mãos, agora aquecidas pela xícara, e se deu conta de que podia sim começar algo novo. O peso dos anos passados podia ser transformado em sabedoria, não em arrependimento. Aquele dia nublado, com a chuva iminente, passou a representar uma metáfora: mesmo o céu mais cinza e a manhã mais fria abrem espaço para novos raios de sol.
Era uma questão de acreditar e dar um passo. Um passo pequeno, que fosse. Um e-mail, uma pesquisa, um parágrafo. Ela se levantou, colocou a xícara de lado e começou a escrever uma lista de tarefas. Dessa vez, sem o peso da perfeição. Apenas com a vontade de seguir adiante, um dia de cada vez, sabendo que o melhor ainda estava por vir.