08/12/2024
Gabigol se despede do Flamengo como um dos maiores ídolos
Rio - Hoje tem Gabigol pela última vez no Flamengo. Chega ao fim um casamento marcado por muitas conquistas, emoção, orgulho e polêmicas. Ídolo de uma geração e multicampeão, o atacante se despede neste domingo (8) às 16h, contra o Vitória no Maracanã, nos braços da torcida rubro-negra, após seis temporadas de sucesso, com 307 jogos, 160 gols e 43 assistências.
Ao todo, foram 13 troféus, recorde no clube que o ídolo divide com Zico, Júnior, Arrascaeta e Bruno Henrique: duas Libertadores (2019 e 2022), uma Recopa Sul-Americana (2020), dois Brasileiros (2019 e 2020), duas Copas do Brasil (2022 e 2024), duas Supercopa do Brasil (2020 e 2021) e quatro edições do estadual (2019, 2020, 2021 e 2024).
Uma história que começou em 2019 com um contrato de empréstimo junto à Internazionale, da Itália, como segunda opção para o ataque rubro-negro. Gabriel chegou ao Flamengo após a negociação frustrada com Pablo, do Athletico-PR. Desacreditado por causa da passagem pelo futebol europeu, ele conquistou aos poucos a Nação com o que faltou fora do Brasil: gols.
O primeiro ano foi o mais artilheiro pelo clube, com 43 tentos anotados, o que levou à célebre frase "Hoje tem gol do Gabigol", que saiu de um cartaz para a boca de todos. E foi a partir daí que construiu a idolatria.
Já tinha enorme identif**ação com a torcida pela postura, com raça em campo e provocações fora dele, e pela comemoração marcante. Mas ao marcar duas vezes na virada por 2 a 1 que deu o título da Libertadores sobre a equipe do River Plate, o atacante se colocou entre os grandes ídolos.
Virou febre entre os torcedores, principalmente com as crianças. O jogador ganhou um sósia, que o acompanhou até mesmo nos diversos cortes de cabelo, e passou a ter uma linha oficial de produtos. A garotada não parou de repetir a comemoração com os dois braços para o alto, mostrando o 'muque'.
Como não podia deixar de ser, foi comprado pelo Flamengo, pelo valor 17 milhões de euros (cerca de R$ 78,4 milhões à época) e assinou até o fim de 2024.
Ao todo, Gabigol enfrentou 67 equipes vestindo a camisa rubro-negra e só não marcou contra 13 deles. O Fluminense foi sua maior vítima, com 11 gols em 25 jogos, seguido do Athletico-PR (nove em 19 partidas).
Decisivo nas finais, com 16 gols, o atacante se igualou ao ídolo maior do clube, Zico, neste quesito. Na artilharia da história do Flamengo, chegou a 160, ocupando a sexta colocação.
Exceto na derrota do Mundial de Clubes de 2019, para o Liverpool, por 1 a 0, ele marcou em todas as outras finais de torneios que disputou pelo clube. E assim assumiu o apelido de 'Artilheiro das Decisões', que já foi de Nunes.
Em baixa, mas sempre decisivo
Com as discussões por renovação e outras polêmicas, como a aparição com a camisa do Corinthians vendo o interesse da equipe paulista em sua contratação, Gabigol, que vestia a 10, foi punido e perdeu a numeração histórica do Flamengo, que conquistou sob a benção de Zico após 2019.
Veio, então, a camisa 99 para sua coleção. Com ela, entregou a última taça. Se seu último ano de contrato não foi marcado por grande desempenho, teve espaço para entregar mais uma conquista à galeria da Gávea.
Após momento ruim sob o comando de Tite, sendo pouco aproveitado e também vivendo situação extracampo difícil, por causa da suspensão de dois por fraude em exame antidoping - posteriormente revertida -, Gabigol deu a volta por cima. Foi decisivo no título da Copa do Brasil de 2024 ao marcar dois gols na primeira partida da final contra o Atlético-MG, na vitória por 3 a 1.
A última polêmica
Depois do apito final, veio o pronunciamento confirmando a saída do clube por falta de acordo com a diretoria. E mais uma polêmica.
"Nesses últimos anos houve negociações, o presidente, a diretoria, apertou minha mão, do meu pai, da minha mãe, e depois aconteceram coisas que eu realmente não gostei. Sempre soube das coisas por podcast. Falei com Marcos Braz para f**ar por dois, três anos, mas nunca houve uma proposta do Flamengo", disse o jogador, à época, criticando a diretoria.
Pelas declarações e postura, acabou afastado na reta final da temporada. Mas voltou para fazer seus últimos dois jogos, e para ter uma despedida à altura de sua importância para a atual geração rubro-negra.
"Príncipe", "predestinado"... Ídolo. Gabigol deixa uma lacuna importante a ser preenchida pela diretoria do Flamengo, que já vê uma geração vitoriosa vivendo seus últimos momentos. Neste domingo, o Maracanã será pintado novamente em vermelho e preto para o último abraço em uma das figuras mais importantes da história do clube.