28/08/2025
LUTA POR DIREITOS | Mães de crianças autistas em São Borja denunciam falta de acesso integral à saúde e educação: “Só queremos direitos básicos”
O Fronteira 360 ouviu nesta quinta-feira (28) duas mães que vivem uma rotina de luta em São Borja. Mais do que compartilhar a condição de terem filhos diagnosticados com diferentes graus de autismo, elas dividem a mesma angústia: a dificuldade de garantir direitos fundamentais garantidos pela Constituição Federal e por convenções internacionais, como a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da ONU.
A Constituição de 1988 estabelece que saúde e educação são direitos de todos e dever do Estado. Mas, na prática, a realidade relatada pelas mães está longe disso.
Doralice de Almeida Duarte conta que seu filho, Delomar Vicente Junior, de 8 anos, chegou a ficar um mês fora da sala de aula porque não havia monitor capacitado para acompanhá-lo. A saída foi mudar de bairro para matriculá-lo em outra escola, onde há um funcionário disponível. “Mesmo assim, quando o monitor falta, meu filho não pode ir para a escola. E ainda estamos há meses esperando atendimento médico e psicológico. A gente quer pelo menos direito à escola, à saúde”, desabafa.
A mesma frustração é vivida por Jéssica Gauna, que chegou a São Borja este ano. Desde então, tenta sem sucesso conseguir vaga para o filho Joaquim, de 5 anos. “Existe um processo na Justiça, mas até agora, nada. O ano está acabando e meu filho ainda não foi à escola”, lamenta.
Ambas as mães aguardam há meses por consultas médicas e psicólogicas, que fariam toda a diferença a saúde de seus filhos.
Entre indignação e dor, as mães relatam também o impacto emocional da luta diária. “As mães também precisam de apoio e auxílio, muitas sofrem com depressão”, acrescenta Jéssica. Além disso, a ausência de escola e atendimento adequado dificulta a manutenção de uma rotina de trabalho, já que os cuidados recaem integralmente sobre elas, 24 horas por dia.
O apelo é direto: mais atenção do poder público e, sobretudo, a garantia de um futuro digno para seus filhos.
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