16/12/2024
A Netflix já foi conhecida por uma cultura organizacional que dava muita liberdade aos seus funcionários em relação a como utilizavam seu tempo para trabalho e vida pessoal. Essa visão progressista foi responsável por atrair e reter muitos talentos. Um dos benefícios mais populares era a licença parental de um ano, invejada por muitos no mundo da tecnologia.
A empresa passou os últimos anos voltando atrás na política de licenças, emitindo orientações vagas e às vezes conflitantes sem explicitamente cancelar o benefício de um ano, de acordo com comunicações internas revisadas pelo Wall Street Journal, além de entrevistas com funcionários atuais e antigos. Tirar mais de seis meses de licença agora é amplamente entendido como um passo imprudente na carreira.
Entre os funcionários, cresce o sentimento de que o momento de expansão da Netflix pós-pandemia tenha direcionado o foco da gigante para a valorização da empresa, mais que a atração de novos assinantes: o foco passaria a ser performance, não mais o usuário. A reversão de políticas como a licença paternidade estendida poderia ser só o primeiro passo numa mudança cultural completa.
Ted Sarandos, co-CEO da Netflix, disse em uma entrevista em outubro no WSJ Tech Live, evento do jornal em Laguna Beach, na Califórnia, que a Netflix nunca quis que sua cultura fosse estática e que ela precisa mudar à medida que o negócio evolui.
Sarandos disse que o memorando de cultura original foi criado quando a empresa tinha algumas centenas de funcionários, então atualizá-lo faz sentido. “Provavelmente havia um pouco mais de ênfase na liberdade do que na responsabilidade, e achamos que as duas são necessárias”, disse.