
29/09/2025
Vivemos em um tempo em que o consumo de notícias e informações nas redes sociais molda nossas percepções sobre o mundo e, muitas vezes, acreditamos que todo mundo está consumindo o mesmo conteúdo que nós. Durante as eleições, vimos isso com clareza: cada bolha alimentada por algoritmos parecia um universo inteiro. Mas a realidade é bem mais complexa. Fora da nossa bolha, outros fenômenos estão crescendo silenciosamente e ganhando força.
Um exemplo é o avanço de fóruns r3d pi!! e comunidades digitais que têm resgatado narrativas extremamente conservadoras sobre gênero. Muitos homens, especialmente os mais jovens, estão sendo bombardeados por conteúdos que questionam sua masculinidade e oferecem respostas simplistas e rasas sobre o que é “ser homem”. Essas mensagens, travestidas de conselhos ou de caminhos para o sucesso, acabam reforçando padrões antigos e perigosos: a ideia de que o homem deve ser dominador, que a mulher pertence à cozinha, que a igualdade é uma ameaça.
O mais preocupante é que esses discursos não acontecem à margem: eles estão cada vez mais presentes em vídeos virais, cortes de podcasts, influenciadores com milhões de seguidores. Enquanto algumas de nós acreditamos estar avançando nas conversas sobre feminismo, equidade e justiça social, outra parte da sociedade está sendo arrastada para trás por uma enxurrada de conteúdos reacionários.
Por isso precisamos ter atenção. Quando pensamos que todos ao nosso redor estão recebendo as mesmas informações que nós, caímos em uma armadilha. A internet não é um espaço neutro: é um campo de disputa constante de narrativas. Se queremos seguir avançando, precisamos não apenas consumir criticamente, mas também produzir e compartilhar vozes que tragam profundidade, diversidade e reflexão.
Porque se não ocuparmos esse espaço, ele será ocupado por quem insiste em manter mulheres em papéis que já não nos cabem.