
26/07/2025
Excepcionalmente neste sábado (26), a coluna PINGA-FOGO será publicada aqui no Facebook, por conta de instabilidades em nosso portal de notícias. Agradecemos a compreensão de todos e esperamos resolver o problema o mais rápido possível. Enquanto isso, boa leitura:
VERGONHA NA CULTURA
O terceiro mandato do prefeito Otacílio acumula desgastes em série, e agora a crise chega à área da Cultura. O episódio envolvendo a secretária Elaine Proença e o Balé Municipal de Santa Cruz do Rio Pardo, durante participação no Festival de Dança de Joinville — o maior do mundo no gênero —, expôs tensões internas e métodos de gestão questionáveis.
Segundo apuração da coluna, a secretária teria repreendido os bailarinos por suposto comportamento inadequado no hotel onde estavam hospedados, mais especificamente por barulho em horários impróprios. O problema, no entanto, não foi a cobrança em si, mas a forma como ela foi conduzida: com tom ríspido, autoritário, abordagem individualizada e tratamento considerado desrespeitoso por parte dos integrantes do grupo. Há relatos até de “carteirada” e ameaças por parte de quem teria vociferado “ter o poder da caneta nas mãos”.
O ambiente se deteriorou a tal ponto que, por pouco, a participação do Balé foi cancelada. O grupo chegou a cogitar o retorno antecipado para Santa Cruz. A situação ganhou contornos ainda mais graves com um episódio que beira o absurdo: a secretária e uma servidora teriam armado uma tentativa de gravação escondida do coreógrafo Robson William, se escondendo no banheiro do quarto do hotel. O objetivo não ficou claro, mas gerou tensão extrema. Robson passou mal, com dores no peito, e precisou de atendimento médico emergencial em Joinville.
A coluna apurou que as advertências formais por parte do hotel sequer existiram: o registro foi feito apenas a pedido da própria secretária, o que sugere que a crise foi inflada internamente, talvez até com motivações políticas.
O histórico de Robson William é reconhecido: mais de uma década à frente do Balé Municipal, responsável por levá-lo ao cenário nacional, sempre com dedicação e postura apolítica. Já a secretária foi indicada por conveniência política.
Mesmo que tenha currículo técnico, a condução dos fatos compromete sua permanência. Um gestor da Cultura precisa ter sensibilidade com os artistas, capacidade de diálogo e respeito à história de quem constrói a arte no dia a dia. Ao que tudo indica, esses atributos ficaram de fora.
TREVAS E OBSCURANTISMO
A permanência de Elaine Proença no cargo é insustentável. Se ela não pedir demissão, o prefeito Otacílio tem a obrigação ética, moral e administrativa de defenestrá-la do governo, caso contrário, corre o risco de ser tragado para mais um buraco cavado pelos aloprados da sua equipe.
Otacílio, todos sabemos, é um homem culto, independentemente do seu temperamento. Não creio que ele irá admitir que as trevas e o obscurantismo avancem sobre a Cultura da cidade.
UMA PERDA IRREPARÁVEL
Nas últimas horas, o professor Robson William postou em suas redes sociais uma carta aberta na qual se despede do Balé Municipal, evidentemente, motivado pelo triste episódio de Joinville. Todos aqueles que conhecem sua trajetória e valorizam de verdade a Cultura local torcem para que ele reconsidere essa decisão.
Robson, sozinho, no peito e na raça, fez mais pela projeção da Cultura de Santa Cruz do Rio Pardo do que os últimos dois prefeitos juntos. Não se enganem pelo oportunismo de quem perdeu a cadeira e tá babando para voltar, a verdade é que o investimento no Balé nos últimos 12 anos sempre foi pífio, mesmo com grandes resultados, conquistas e reconhecimento. Se não fosse o esforço de Robson, dos bailarinos, das famílias envolvidas, amigos, fazendo rifas, doações, a coisa jamais chegaria onde chegou.
Portanto, além de livrar a gestão da Cultura das trevas e do obscurantismo, o prefeito Otacílio tem uma segunda missão importantíssima: desculpar-se com o professor Robson, em nome do seu governo, e pedir para que ele continue fazendo este lindo trabalho para Santa Cruz do Rio Pardo. Nada menos que isso.
E A CAUSA ANIMAL?
Representantes da causa animal estiveram recentemente com o prefeito Otacílio para cobrar promessas de campanha que, até agora, não saíram do papel. A principal delas é a retomada do programa de castração, que tem sido constantemente adiado sob o argumento de entraves burocráticos.
Na prática, o governo pouco avançou. A perspectiva de retomada de algo parecido com o que foi o ProBem — mais amplo e com atendimento clínico a animais de rua e de famílias vulneráveis — é praticamente descartada. O mínimo que se espera é, pelo menos, a volta efetiva das castrações.
A coluna apurou que a reunião com o prefeito foi tensa. Após cobranças incisivas por parte dos protetores, Otacílio teria se incomodado.
Enquanto isso, a ausência de políticas públicas efetivas segue afetando diretamente os animais mais vulneráveis da cidade. O discurso de que “vai começar” não é mais suficiente — o setor cobra ação concreta.
FOGO AMIGO
Um comerciante do centro da cidade foi multado pela Prefeitura por descarte irregular de lixo na Praça Leônidas Camarinha, em frente à sede do Executivo. O problema: ele nega com veemência ser o autor, e as imagens usadas como prova não são conclusivas.
Mais que um erro administrativo, o caso evidencia incoerência. A mesma Prefeitura que não consegue manter um serviço regular de coleta desde o início do ano agora aplica sanções sem averiguação adequada. Ou há falta de critério, ou falta de sensibilidade — ou ambos. Há, inclusive, quem comece a desconfiar que erros como esses estejam sendo cometidos por setores que, propositalmente ou não, acabam jogando contra o próprio governo.
SANTA CASA RESSARCIDA
A Câmara Municipal aprovou projeto que autoriza a devolução parcelada de cerca de R$ 5 milhões à Santa Casa de Misericórdia. Os recursos, oriundos do programa estadual Tabela SUS Paulista, foram utilizados de forma indevida pela gestão do ex-prefeito Diego Singolani, que aplicou o dinheiro para quitar dívidas da Prefeitura com o próprio hospital — uma operação considerada irregular pelo Ministério Público.
O MP investiga se houve ou não improbidade administrativa, mas já é consenso entre os órgãos de controle que os recursos foram usados de maneira imprópria. O valor agora será ressarcido em parcelas mensais.
Alguns aliados do ex-prefeito tentam minimizar o caso com o argumento de que "não houve roubo", mas essa comparação simplifica indevidamente uma conduta grave. Usar verba destinada diretamente a uma entidade para pagar débitos do município, ainda que com ela própria, é uma distorção da finalidade pública — e um erro de gestão inaceitável.
CODESAN EM AÇÃO
Entre tantas crises, há uma boa notícia se confirmando: a Codesan vai assumir emergencialmente o serviço de coleta de lixo em Santa Cruz. A atual empresa, Conservita, não quer renovar seu contrato, também emergencial, que se encerra no próximo dia 16 de agosto
Com apoio da iniciativa privada, a autarquia deve realizar o serviço por pelo menos três meses, dando um fôlego para que a prefeitura possa concluir a tumultuada licitação para contratar uma nova empresa.
A saída encontrada por Otacílio, mesmo que temporária, mostrou criatividade e arrojo, algo que todos esperam de um político com a sua experiência. Ponto positivo. A coleta deve melhorar sensivelmente assim que a Codesan assumir, sobretudo comparado com a b***a do serviço prestado pela Conservita - não por culpa dos coletores, que fique claro, mas sim pelas péssimas condições oferecidas pela empresa.