10/11/2025
Claudia Raia: "Eu já era muito bem informada em relação à menopausa e, mesmo assim, não percebia que ela estava no meu corpo. É o momento mais (difícil) da mulher. Eu mesma não me suportava. Isso é uma coisa muito muito séria". Por Fabricio Ferreira Ela está com 58 anos, é mãe do Luca de 2 anos com o marido Jarbas Homem de Mello, da Sophia Raia de 22 anos e Enzo Celulari de 28 anos com o Edson Celulari.
"Acredite se quiser, eu tenho muita informação. Sou uma pessoa muito novidadeira, gosto muito do novo, do que está acontecendo. Eu já era muito bem informada em relação à menopausa e, mesmo assim, não percebia que ela estava no meu corpo. Quando você começa a sentir um monte de coisa, você fala: 'Tudo bem, eu dou conta. Tá tudo certo. Amanhã eu vou acordar melhor'. Só que a menopausa não dá para dar conta. Essa que é a história.
Chega um momento da menopausa que ela grita na tua cara: "Para de cuidar dos outros. Vai cuidar de você. Literalmente, é isso. Quando você acha que vai descansar, vem a menopausa, que é, na minha opinião, o momento mais severo da mulher.
Primeiro, foram os calores, acordar a noite inteira — principalmente às 3 horas da manhã — e a irritabilidade. Fiquei de um jeito que era insuportável. Eu mesma não me suportava, tanto que eu sofri uma intervenção do Jarbas com os meus filhos. Eles falaram: 'Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, porque ninguém aguenta mais ela. Ou a gente sai de casa e você f**a sozinha ou você toma uma providência'. O Jarbas que veio falar comigo: 'Amor. Eu acho que você está na menopausa'.
É um pensamento de que se estou menopausa, estou velha, na finitude e acabou para mim. A mulher 40+ já não 'serve para muita coisa', porque se ela parou de procriar, ela 'perdeu sua função'. A gente foi criada assim, ouvindo isso. Se não procria, não adianta, não serve para nada, virou uma velha chata que só reclama.
Só que a irritabilidade envolve a menopausa. É óbvio que para as mulheres também não é fácil aceitar que elas não podem mais ser mães — tirando eu, que engravidei aos 55 (risos) — ou que elas estão na finitude. Fora que elas se olham no espelho e já não se reconhecem, porque engordam e o rosto já não é mais o mesmo.
Nesse conjunto de coisas, a mulher fala: "Acabou para mim. Não tenho mais o que fazer. Estou (não aguentando de tanto) calor, não consigo dormir, passo mal, dor articular, tenho enxaquecas horrorosas. O que está acontecendo?", disse Claudia Raia.
O marido falou sobre a esposa.
"Ela voltou a ser ela, porque ela estava fora dela. Era outra pessoa, e uma pessoa bem esquisita (risos). Era irritada, sem humor, sem paciência nenhuma. Isso na visão dos outros. Para ela, ainda tinham calores, insônia, dor de cabeça e por aí vai.
Quando entrou na menopausa, ela ficou uma pessoa bem difícil de conviver. Lembro que falei pra ela: “Você é alegre, você é feliz, você é caridosa, você é gentil. Essa pessoa que está aí não é você. Alguma coisa está acontecendo”. E a Claudia entrou três vezes na menopausa. Ela começou no climatério lá pelos 51.
Com 52, a gente percebeu. A menstruação vinha e parava. Aí teve o processo da intervenção com os filhos dela. Aos 55, ela ficou grávida. Ali acabou a menopausa, porque são muitos hormônios, a prolactina entrou em ação, ela ficou incrível. Amamentou por sete meses e, quando parou, a menopausa veio com tudo de novo.
Ela ficou mal e demorou um tempo para estabilizar. Ano passado, quando a gente começou a ensaiar essa peça, ela teve uma questão emocional, desregulou tudo e veio a menopausa de novo, porque ela começou a se ver nos personagens", disse Jarbas.
Claudia falou do apoio do marido: "É fundamental, por isso, a gente f**a tão alegre de ver homens na plateia. Cerca de 50% do público (da peça de teatro que fazem juntos) é masculino. A gente não esperava. É impressionante a diferença que faz ter o apoio do marido, porque, para uma mulher, a menopausa é um processo muito solitário.
A participação do Jarbas no espetáculo também é importante, porque os homens se veem nele. Quando eu f**ava sem dormir, ele f**ava acordado também. Lembro que ele falava 'Vamos passar por isso juntos, está tudo bem'. Quando eu desregulava, ele me acalmava. Ele teve a sensibilidade de ver o quão (forte) é a menopausa", disse.