24/04/2025
Tem um pouco menos de uma semana que eu vivi uma das experiências mais intensas da minha vida. Não foi uma viagem inesquecível, nem um presente caro. Foi a minha primeira Páscoa como confeiteira.
Se alguém me dissesse, meses atrás, que eu passaria quatro dias seguidos dormindo 4 ou 5 horas por noite, com cheiro de chocolate impregnado no cabelo e os dedos colando de doce, eu provavelmente riria. Mas a verdade é que a cozinha virou minha segunda casa, ou talvez a única nesses dias.
Tinha medo. Medo de não conseguir dar conta, de errar um pedido, de decepcionar quem confiou em mim. E, entre uma montagem de ovos e outra, a culpa sussurrava no meu ouvido: “Você está deixando seu filho de lado.”
Ele, que sempre foi meu parceiro de aventuras, nesses dias virou um espectador da correria da mãe. Me olhava de longe, tentando entender por que eu não podia brincar ou assistir um desenho abraçada com ele.
Foi aí que entrou minha mãe . A mulher que me ensinou o valor de um abraço apertado e de um café passado na hora certa. Ela foi mais do que apoio: foi braço, colo e força.
Enquanto eu corria entre derreter chocolate e montar os ovos, ela embalava meu filho no colo, me trazia um prato de comida quente e ainda ajudava a embalar tudo e organizar pedidos. Sem ela, talvez eu tivesse desmoronado. Ou pelo menos, desabado no chão da cozinha, vencida pelo cansaço e pelo medo.
Mas no meio desse caos bonito, chegaram as mensagens. Cada “que delícia!”, cada foto de cliente sorrindo com o ovo de Páscoa na mão era uma injeção de ânimo. E eu, que tinha medo de não dar conta, percebi que estava conseguindo. Mesmo exausta, mesmo com os olhos ardendo, mesmo com o coração apertado de saudade do meu menino.
Descobri que a vida é feita dessas pequenas loucuras. Que a gente só sabe até onde consegue ir quando se arrisca. Que a exaustão passa, o medo passa, mas a alegria de ver que valeu a pena, essa f**a.
Obrigada Páscoa 2025, você me forjou como profissional 👩🏻🍳