15/09/2025
Moçambique reforça papel de elo regional com a modernização do Corredor ferroviário Maputo-Ressano Garcia
A modernização do corredor ferroviário Maputo-Ressano Garcia vai muito além de uma obra de infraestrutura. Para especialistas e autoridades, o investimento firmado entre Moçambique, a França e a União Europeia representa um passo estratégico para fortalecer a posição do país como elo central da integração económica da África Austral.
O acordo, avaliado em USD 133 milhões da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e EUR 30 milhões da União Europeia, não é apenas sobre linhas férreas e sinalização, mas sobre como Moçambique pode transformar o seu papel na logística regional.
Com a duplicação da capacidade de transporte, que passará de 14,9 milhões para 44,6 milhões de toneladas por ano, estima-se que o impacto positivo será sentido diretamente pelos países vizinhos, como África do Sul, Essuatíni e Zimbábue, que utilizam o Porto de Maputo para escoar mercadorias.
Na prática, o projeto vai contribuir para reduzir custos de transporte, acelerar a mobilidade de bens e criar condições mais favoráveis para o comércio transfronteiriço. O corredor ferroviário torna-se, assim, um ativo partilhado entre vários países da região.
A população local também deverá beneficiar. O alívio do tráfego rodoviário pesado, hoje concentrado em estradas saturadas, pode trazer maior segurança para comunidades próximas às vias de transporte, reduzindo acidentes e desgaste das infraestruturas viárias.
Outro ganho apontado pelos técnicos é ambiental. Estima-se que a modernização permitirá reduzir em 30 mil toneladas anuais as emissões de CO₂, resultado da transferência de parte significativa da carga hoje transportada por camiões para o sistema ferroviário.
A introdução de um sistema de sinalização moderno é vista como fundamental para a segurança dos comboios, mas também como fator de confiança para operadores logísticos e investidores privados, que passam a ter maior previsibilidade nos prazos de entrega.
Os representantes do governo moçambicano sublinharam que o projecto deve ser entendido como parte de uma estratégia de longo prazo, que procura reposicionar o país nas cadeias globais de valor, indo além da simples exportação de materiais-primas.