11/12/2025
filial moçambicana do Standard Bank da África do Sul alertou para a possibilidade de uma intensificação da escassez de moeda estrangeira, especialmente em dólares americanos, num futuro próximo, em consequência da pressão fiscal.
Em Fevereiro último, 63 empresas apresentaram pedidos pendentes à Confederação das Associações Empresariais de Moçambique (CTA) para o pagamento de facturas de importação de matérias-primas e bens. Algumas destas facturas aguardavam liquidação há mais de seis meses, devido à falta de moeda estrangeira nos bancos comerciais.
O economista-chefe do Standard Bank, Fáusio Mussá, citado no estudo mensal do Índice de Gestores de Compras (PMI) do banco, revelou que, apesar das expectativas de progresso nos projectos de Gás Natural Liquefeito (GNL), que deverão trazer ganhos a médio prazo, a pressão fiscal associada à liquidez do mercado cambial poderá agravar-se a curto prazo.
O estudo, que resulta das respostas a questionários enviados a directores de compras de cerca de 400 empresas do sector privado, abrange diversas áreas, incluindo agricultura, mineração, manufactura, construção, comércio por grosso, comércio a retalho e serviços.
Mussá destacou que, caso a fábrica de alumínio Mozal, situada nos arredores de Maputo, não consiga estabelecer um acordo com o governo quanto à tarifa eléctrica favorável que exige, o país enfrentará pressões temporárias adicionais sobre o crescimento económico, as finanças públicas e a liquidez cambial.
O relatório menciona ainda que a economia do país encolheu nos primeiros três trimestres de 2025, com uma taxa de crescimento negativa de 1,9%, atribuída à lenta recuperação das tensões e distúrbios pós-eleitorais.
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“Prevemos que o crescimento do PIB se torne positivo no último trimestre de 2025, apoiado por efeitos de base desenvolvidos, mas com um elevado risco de regredir a partir do segundo trimestre de 2026, caso a Mozal seja encerrada”, refere o documento.
No entanto, o setor empresarial privado registou um crescimento em novembro, com o principal Índice de Gestores de Compras a aumentar de 50,4 em outubro para 50,8 em Novembro.
“Os indicadores sinalizaram uma ligeira melhoria na saúde do setor privado moçambicano pelo segundo mês consecutivo. Em Novembro, as empresas receberam os mais altos volumes de novos pedidos pela segunda vez consecutiva. A taxa de crescimento acelerou, atingindo o aumento mais acentuado registado nos últimos ano e meio. Em particular, os cinco subsectores monitorizados pelo estudo PMI registaram um aumento de novos negócios”, afirma o relatório.
O documento salienta que outra área que viu uma melhoria em novembro foi a criação de empregos, com os últimos dados a revelarem o mais robusto aumento de postos de trabalho desde Julho do ano passado. Apesar disso, as perspetivas empresariais deterioraram-se ligeiramente em novembro, embora as empresas, de um modo geral, se mantenham otimistas quanto à atividade económica no próximo ano.