09/08/2025
𝐕𝐄𝐍𝐀̂𝐍𝐂𝐈𝐎 𝐌𝐎𝐍𝐃𝐋𝐀𝐍𝐄: 𝐎 𝐕𝐔𝐋𝐂𝐀̃𝐎 𝐃𝐎 𝐈𝐍𝐃𝐈́𝐂𝐎
𝐏𝐨𝐫: 𝐅𝐫𝐞𝐬𝐜𝐨𝐬 𝐏𝐞𝐫𝐞𝐢𝐫𝐚
(Resumo duma entrevista feita a Venâncio Mondlane)
Pensei duas vezes antes de decidir-me por este título. O primeiro que havia pensado era “𝐕𝐌: 𝐨 𝐦𝐚𝐢𝐨𝐫 𝐫𝐞𝐯𝐨𝐥𝐮𝐜𝐢𝐨𝐧𝐚́𝐫𝐢𝐨 𝐝𝐚 𝐚𝐜𝐭𝐮𝐚𝐥𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐧𝐚 𝐂𝐏𝐋𝐏” .Depois pensei noutro “𝐕𝐌 𝐮𝐦𝐚 𝐝𝐚𝐬 𝐦𝐚𝐢𝐨𝐫𝐞𝐬 𝐟𝐢𝐠𝐮𝐫𝐚𝐬 𝐩𝐨𝐥𝐢́𝐭𝐢𝐜𝐚𝐬 𝐝𝐞 𝐀́𝐟𝐫𝐢𝐜𝐚”. Para dizer a verdade prefiro este último, por isso, enquanto estiveres a ler este texto mentaliza este título e não o que coloquei no cabeçalho.
Mas porquê isso tudo? Perguntarás - com muita legitimidade, aliás, ainda não leste as coisas espantosas que direi abaixo. Presta bem atenção, abre bem os ouvidos e arregala os teus olhos, como diria VM7 numa LIVE.
𝐄𝐦 𝟏𝟗𝟕𝟒, no décimo sétimo dia do mês de Janeiro, nascia Venâncio Mondlane, na então Vila Cabral, actual Cidade de Lichinga, Província de Niassa, como que acidentalmente, uma vez que o seu pai, Venâncio Mondlane, estava em comissão de serviço na Multinacional “Nestlé” que tinha um produto muito conhecido em Moçambique: o leite em pó “Ninho”.
𝐄𝐦 𝟏𝟗𝟕𝟗, com 5 anos de idade, ingressa no ensino primário na Escola Primária do Alto Maé, que era chamada, no período colonial, desde a sua fundação em 1914 até altura de independência, Escola Municipal Paiva Manso.
𝐄𝐧𝐭𝐫𝐞 𝟏𝟗𝟖𝟓 𝐚 𝟏𝟗𝟖𝟔 faz a 5ª e 6ª classes na Escola Secundária Estrela Vermelha, próxima da qual, nos dias que correm, se instalou um dos maiores e mais famosos mercados informais da Cidade de Maputo, onde se diz que lá “tudo se compra e tudo se vende”. Local em que, invariavelmente, a polícia organiza “expedições” que entram aos tiros ora para recuperar um bem roubado ora para a sua bem conhecida arte de extorsão. Nesta Escola, Venâncio Mondlane fazia parte de um trio, com uma menina que chegou a ser “Miss Moçambique” e um jovem que se tornou um Dj bastante conhecido no país, cujo objectivo fundamental do grupo era competir em notas escolares. Nesse grupo ter 17 valores era considerado “um desastre”. Nesta mesma altura, Venâncio Mondlane fazia parte dos alunos-responsáveis de turma. Diz ele que também era bastante traquinas e que tinha também uma “gang” que fazia “estragos” típicos da idade.
𝐄𝐧𝐭𝐫𝐞 𝟏𝟗𝟖𝟕 𝐚 𝟏𝟗𝟗𝟏 faz a 7ª a 11ª classes do antigo sistema, na Escola Secundária Francisco Manyanga. Neste período dedica-se a uma série variada de actividades. Era amante de desporto, chegou a categoria de instrutor de artes marciais japonesas (Shukokai), tinha paixão pelo halterofilismo, pela ginástica e corrida de resistência. O seu espírito desportivo era tão aguçado que chegou a abrir um ginásio na casa dos seus pais - no Choupal ou Bairro 25 de Junho - de acesso livre para jovens e adultos da zona, onde ele próprio era o _Personal trainer_ da “academia” em várias modalidades em simultâneo: culturismo, ginástica, atletismo, artes marciais. Era também apaixonado por música, “Rock”, “Blues”, “Jazz” e mais tarde um pouco pelo Hip Hop.
Na segunda metade da década 80, nos tempos livres, regressado da Escola, reunia inúmeras crianças da zona para lhes ensinar ginástica, artes marciais e pequenas e amadoras acrobacias. Depois dividiu o terreno da casa dos pais em várias frações delimitadas por pedras para formar turmas informais para dar aulas de “explicação” gratuitas sobretudo as crianças que eram consideradas “burras” ou “casos perdidos”. Graças a sua dedicação e aos seus dons naturais para o ensino,
muitos dos petizes que frequentavam as suas aulas informais passavam de “inaptas” para “pequenos génios” na Escola. O que levantou grande admiração dos pais dessas mesmas crianças tomadas como “sem solução”. Certa vez, com apenas 14 anos de idade, recebeu uma delegação de pais para demonstrar gratidão pelo que ele estava fazendo na vida dos seus filhos. Uma proposta aliciante: passar a receber todos os meses uma gratif**ação monetária pelo trabalho de “professor de explicação”. Tentou resistir, dizia que fazia por amor e que não queria dinheiro, mas acabou cedendo ante a persistência dos pais dos seus alunos. Surgiu aí o seu primeiro negócio na vida.
Na zona, também era conhecido como o “justiceiro” e defensor dos mais fracos. Em conta das suas habilidades desportivas e nas artes marciais, a casa dos seus pais era o refúgio seguro de crianças e adolescentes que buscavam por socorro quando se sentiam ameaçadas ou intimidadas por grupos de “provocadores” dos bairros vizinhos, todos corriam e gritavam: Venancitooooo…… Socorroooo!!!!!!!!
𝐄𝐦 𝟐𝟎𝟎𝟎, ano da grande cheia, ano do nascimento da menina Rosita na copa de uma árvore quando a mãe Carolina estava sendo socorrida por um helicóptero de Resgate da Força Aérea Sul-Africana, Venâncio Mondlane, estava liderando um grupo de jovens voluntários no distrito Urbano 5, hoje distrito Municipal Kambukwana, na Cidade de Maputo, na recolha de bens duradouros para as vítimas desta calamidade que ficou conhecida, mundialmente, como “as grandes cheias de Moçambique”. Pela quantidade inédita de bens recolhidos e posteriormente entregues a Cruz Vermelha, Venâncio foi convidado a participar num programa na TVM, moderado pelo saudoso Jornalista Emílio Manhique, tendo em vista contar essa experiência impressionante. Sinais de um espírito de liderança que se ia forjando.
Andava envolvido em actividades culturais, sobretudo em eventos literários, tendo sido um dos promotores de uma tertúlia multidisciplinar que se reunia no Atelier do famigerado artista plástico Micas, onde se fundia a crónica, ensaios, contos, artigos jornalísticos e, claro, as artes plásticas, área de actuação do dono do espaço. Nessa altura Venâncio Mondlane se interessava pelas narrativas, sobretudo o conto e análise social que ele designava no rodapé dos seus textos como “Ousadias”. Chegou a ser colunista na maior revista literária do País que se chamava “Lua Nova”.
𝐄𝐦 𝟐𝟎𝟎𝟒 Venâncio Mondlane aparece pela primeira vez numa tela da televisão, na Miramar, curiosamente, sendo comentador residente num programa intitulado “𝐀 𝐕𝐨𝐳 𝐝𝐨 𝐏𝐨𝐯𝐨” onde o jornalista-moderador era Daniel Chapo. Existem imagens destes programas onde Daniel Chapo quase se babava de tão contente, maravilhado e “enfeitiçado” pela doce e potente retórica de Venâncio.
Nessa altura este programa se tornou uma referência nacional, pessoas fugiam do serviço, desmarcavam compromissos e famílias inteiras f**avam presas a TV a salivar petrif**ados a ver e ouvir VM7 a falar de assuntos sérios da actualidade e de uma maneira não comum em Moçambique.
A TV Miramar nessa altura “mandou embora” VM7 porque começou a fazer comentários muito incomodativos no último ano do reinado de Joaquim Chissano e na aurora da era Armando Guebuza.
𝐄𝐦 𝟐𝟎𝟎𝟔 é convidado como comentador residente na TIM, num programa designado “A hora da Verdade” onde o moderador era Cremildo Maculuve. Podemos dizer que nesta TV, o então careca e agora cabeludo, começa a fazer “estragos”. Estava mais maduro, os seus comentários se tornam um misto de discurso popular inflamado, uma oratória insuperável e um grande condimento de referências a estudos, números muito precisos, factos históricos e contemporâneos, Dossiers por muitos desconhecidos e….acima de tudo, uma coragem já mais vista na juventude em chamar os bóis pelos seus próprios nomes.
Nesta TV, Venâncio Mondlane, introduziu algo inédito e profundamente criativo, os seus comentários para além de uma base de conhecimento e sabedoria intrigante, estavam salpicados de ilustrações muito curiosas e chocantes: gaiolas, berlindes, armas de madeira, capim…e algo fantástico que ele fazia no fim de alguns programas: lançava dentro do estúdio um pássaro para voar livremente, simbolizando, segundo ele, a libertação do povo Moçambicano e o fim das hostilidades militares entre a Frelimo e Renamo.
Não foi ao acaso que o famigerado jornalista, embondeiro da imprensa escrita em Moçambique, Fernando Lima, sempre que tivesse uma viagem e não podia estar presente no seu programa semanal “21ª hora informação” convidava VM7 para o substituir.
Não tardou, nesta TV, VM7 também foi mandado embora, porque num certo programa criticou severamente um comentário infeliz do então Secretário Geral da Frelimo, Filipe Chimoio Paúnde, dizendo que os tais pronunciamentos eram “resultado de tanto cajual da época que havia consumido”. Depois disso, VM7, Foi imediatamente corrido.
𝐄𝐦 𝟐𝟎𝟎𝟖 Venâncio Mondlane já era um homem consagrado como analista e comentador de televisão. Daniel David, PCA do grupo Soico e Jeremias Langa, o moderador mais mediático da STV e do momento, convidam VM7 para ser comentador num programa que se tornou a maior referência do debate nacional “Pontos de Vista”.
Neste programa, VM7, apesar de ainda ser membro da Frelimo, foi colocado na posição de neutralidade, no meio do deputado da Renamo, Eduardo Namburete e um quadro Ferrenho e quase buçal da Frelimo, Amorim Bila.
A forma como VM7 falava, os argumentos encadeados, a lógica explanada, a coesão nos fundamentos, a carga de documentos, números, dossiers….encimadas por um dicção fluida, escorreita, intensa e de alcance até do mais humilde dos Moçambicanos, elevou-o a uma categoria de quase ser considerado um extraterrestre. Ele praticamente não debatia, ele combatia; Ele não convencia, ele imobilizava; Ele não vencia os pares de painel, ele esmagava. Isso, parecia que pela televisão atravessava um rolo compressor quando VM começava a falar. Muitos jovens, adultos, velhos e até crianças se viciaram em ouvir VM7. Quando fosse o momento dele intervir, os celulares f**avam inundados de mensagens: VM está falar, VM está falar, VM está falar. Em uma ou duas ocasiões em que não participou num dos programas, era comum ler nas redes sociais “sem VM aquele programa não tem sal”.
𝐄𝐦 𝟐𝟎𝟎𝟗 depois das eleições gerais, criticando o acórdão do Conselho Constitucional, numa entrevista conduzida pela apresentadora da STV, Bordina Muala, tirou uma banana do bolso interno do casaco, levantou para cima ante o olhar petrif**ado da profissional de comunicação, rematou: “𝐚 𝐟𝐨𝐫𝐦𝐚 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐨 𝐂𝐂 𝐭𝐨𝐦𝐚 𝐝𝐞𝐜𝐢𝐬𝐨̃𝐞𝐬 𝐞́ 𝐩𝐫𝐨𝐯𝐚 𝐝𝐞 𝐪𝐮𝐞 𝐬𝐨𝐦𝐨𝐬 𝐮𝐦 𝐩𝐚𝐢́𝐬 𝐝𝐚𝐬 𝐛𝐚𝐧𝐚𝐧𝐚𝐬”
𝐄𝐦 𝟐𝟎𝟏𝟎 ainda era comentador convidado para vários programas, sobretudo para um, da STV, que se tornou um dos mais quentes na época chamado “Debate da nação”, onde, referindo-se aos jovens da OJM, em certa ocasião, disse “𝐬𝐚̃𝐨 𝐩𝐨𝐥𝐢𝐭𝐢𝐜𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐩𝐫𝐨𝐬𝐭𝐢𝐭𝐮𝐢́𝐝𝐨𝐬 𝐞 𝐢𝐧𝐭𝐞𝐥𝐞𝐜𝐭𝐮𝐚𝐥𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐦𝐚𝐬𝐭𝐮𝐫𝐛𝐚𝐝𝐨𝐬”
𝐄𝐦 𝟐𝟎𝟏𝟑 estreia-se na política, a convite dos irmãos Simango, filhos do Reverendo Urias Simango, um dos fundadores da Frelimo e que foi executado por esta mesma organização.
Nas eleições autárquicas de 2013 concorre, pelo MDM, a Presidente do Conselho Municipal da Cidade Capital, Maputo. Quando a contagem começou, as Televisões, incluindo a TVM, reportavam uma vitória esmagadora do estreante Venâncio Mondlane. De repente, um corte de energia geral na Cidade de Mpauto, trevas inundaram a urbe, nas Assembleias de voto, andava-se as apalpadelas. Quando horas depois, a madrugada, a corrente elétrica foi restabelecida, Venâncio Mondlane passou magicamente para segunda posição. Mesmo com estes ilusionismos que a Frelimo usa há 30 anos, Venâncio Mondlane conseguiu algo inédito: levar um partido da oposição a alcançar a fasquia de 42% na cidade de Maputo, o equivalente a 37 membros na Assembleia Municipal.
𝐄𝐦 𝟐𝟎𝟏𝟒 como chefe da Bancada do MDM na Assembleia Municipal de Maputo, marcou uma forma nova de fazer política. Seus discursos no plenário eram sempre sustentados por dados que trazia dos mercados, das ruas, dos passeios, dos becos, dos senta-baixo em fim das vozes dos que não tinham voz, daí ter sido posteriormente cognominado “𝐀 𝐯𝐨𝐳 𝐝𝐨𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐧𝐚̃𝐨 𝐭𝐞𝐦 𝐯𝐨𝐳”
𝐄𝐦 𝟐𝟎𝟏𝟓 se torna deputado na Assembleia da República pelo MDM. Xiiiiiiii……agora começa outra temporada que, diga-se em abono a verdade, VM7 introduz “uma nova era parlamentar em Moçambique”.
Abraça as causas dos pobres, defende os direitos da mamanas do informal, ouve e luta a favor dos chapeiros, das vendedeiras dos mercados, defende os direitos dos jovens a emprego, aos espaços públicos, a preservação dos parques….etc….etc….foi nesta época onde o seu nome ecoou em todos os bairros, nos comentários matinais das comadres e no coração dos que foram marginalizados durante meio século. Foi nesta altura que faz a heróica luta pelos direitos, pela indemnização das vendedeiras do mercado Wancacana, uma batalha que durou três meses e, no final, venceu, a justiça prevaleceu, todas vendeiras foram indeminizadas, contra a vontade inicial do Conselho Municipal. Foi nesta época onde se imortalizou uma frase sua num discurso inflamado “Ahi Suki lani” (não saímos aqui). Nesta mesma altura se tornaram virais e profundamente didáticas a suas lutas contra o abuso e corrupção das autoridades públicas, resultando em recuperações com bastante sucesso dos Campos de futebol de Zixaxa e da Kodamo.
É o primeiro parlamentar a levar ao plenário o debate sobre as dívidas ocultas, quando o assunto ainda era tabu. Na altura em que o Governo de Nyusi dizia que “não existem dívidas nenhumas”.
𝐄𝐦 𝟐𝟎𝟏𝟔, torna-se o único deputado da oposição (MDM) a integrar a Comissão Parlamentar de Inquérito sobre as dívidas ocultas. As batalhas, nesta comissão, foram tremendas. Em dois jornais nacionais foram noticiadas situações de pressão, ameaças, assédio e perseguição atroz que VM7 sofreu como membro da Comissão. No final dos trabalhos, não concordou com o Relatório oficial, tendo rejeitado assinar o mesmo, produziu, em contrapeso, o seu próprio relatório, um relatório paralelo que apresentou numa conferência de imprensa que ocorreu no mesmo dia da sessão oficial da Assembleia da República para debater o assunto.
𝐄𝐦 𝟐𝟎𝟏𝟖 como efeito do convite directo endereçado a partir da serra da Gorongoza pelo líder lendário Afonso Macacho Marceta Dhlakama, torna-se membro da Renamo, com um acordo feito para ser candidato desta formação política à Presidência do Conselho Autárquico da Cidade de Maputo. Temendo o peso político e social de VM7, a Frelimo usando o seu braço jurisdicional, inviabilizou a candidatura de VM7 para o mais alto posto na gestão da capital do país. Todavia, VM7 foi a locomotiva na campanha o que resultou em que a Renamo, pela primeira vez, ter alcançado 34 membros na Assembleia Autárquica da cidade capital. Em termos simples, nos parece que os lugares que VM7 conseguiu para o MDM em 2013, quando transitou para Renamo os mesmos lugares também transitaram para Renamo em 2018.
𝐄𝐦 𝟐𝟎𝟐𝟑, pela Renamo, concorre a Presidência do Conselho Autárquico da Cidade de Maputo, na nova modalidade dos chamados cabeças de Lista. A Vitória foi inequívoca. Na madrugada do dia que seguiu a eleição, no dia 12 de Outubro de 2023, VM7 dava uma conferência de imprensa, onde apresentou os dados da contagem paralela. Foi a primeira vez na história das eleições na Cidade de Maputo, em que a oposição apresenta evidências inquestionáveis da vitória sobre a centenária Frelimo. Os dados, os editais, desta vitória foi disponibilizados nas redes sociais e até o dia de hoje estão acessíveis para quem quiser fazer os cálculos e tirar a prova dos nove. Em protesto a grosseira fraude, mobiliza marchas de protestos que se extenderam por 45 dias. O impacto destas marchas foi extraordinário, em termos políticos, mas, no final, tudo se manteve na mesma, visto que a mais alta liderança da Renamo se conformou e se confortou com as boladas que se seguiram.
𝐄𝐦 𝟐𝟎𝟐𝟒, enquanto membro da Renamo, depois de uma posição autoritária da Direcção do Partido em não querer realizar o Congresso, VM7 recorre ao tribunal - algo inédito na história política de Moçambique - e vence. Apresenta interesse em candidatar-se a Presidência da Perdiz, é eleito nas bases por unanimidade e aclamação para ir como delegado ao Congresso e poder concorrer. A sua eleição na base é ilegalmente anulada por um membro da Comissão Política da Renamo, José Manjate, supostamente a mando do General Ossufo Momade. Acompanhado pelo seu advogado pessoal, Elvino Dias, viajam de urgência para Alto Molocué, um dia antes da realização do Congresso e apresentam uma Providência Cautelar junto ao Ttibunal local. Vencem. Apresentam-se na entrada da Tenda do Congresso com a sentença presa na mão. Os antigos militares da Renamo se perfilam na entrada, ameaçam os oficiais de justiça e os agentes policiais que acompanhavam VM7 e Elvino Dias com a sentença do Tribunal. VM7, seu advogado e seus seguidores, finalmente se conformam e decidem desistir do projecto Renamo e abrir novos sulcos, uma nova via.
𝐀𝐢𝐧𝐝𝐚 𝐞𝐦 𝟐𝟎𝟐𝟒, VM7, encorajado por uma legião enorme de seguidores e colaboradores, avança para candidatura presidencial. Logo que iniciou o período da recolha de assinaturas, consegue recolher mais de 350 mil assinaturas válidas, um recorde sem precedentes na história política de Moçambique. A Frelimo e a Renamo, partidos históricos e com ampla implantação nacional, não tiveram coragem de anunciar publicamente o número de assinaturas recolhidas. VM7 para não deixar margens para dúvidas, para não parecer que estivesse a fazer bluff, no dia da submissão da candidatura presidencial no Conselho Constitucional, carregou consigo uma amostra de pouco mais de 150 mil assinaturas e as colocou à disposição dos jornalistas para verem, tocarem e comprovar.
Desligado da Renamo, entra numa parceria com a CAD - Coligação Aliança Democrática, por formas a garantir uma Bancada parlamentar para viabilizar o seu projecto nacional. Ainda na Pré-campanha, com apenas uma carrinha de 4 toneladas, dois MCs bastante talentosos, MC Trufafá da Zambézia e MC Bandeira de Nampula, os jovens fazem “estragos”, mobilizam banhos de multidão, deixam um longo lençol de poeira em cada distrito, em cada posto administrativo, em cada localidade. A Frelimo, vendo a repercussão dessa mobilização, estremece, atemoriza. Decide, accionar o seu braço na Administração Eleitoral e chumba a participação da CAD nas eleições gerais de 2024. O Conselho Constitucional cometeu o “maior erro da história”: aprova a Candidatura Presidencial de Venâncio António Bila Mondlane. Hayayayayayaaaaaa…aaaaa!!!!!!!
A história de Moçambique estava prestes a mudar radicalmente. Um novo rumo, inesperado, cheio de supresas e de inovações infinitas, inicia. A caixa de Pandora se abre. Venâncio Mondlane, firma um acordo com o Podemos, um partido de dissentes Do partido Frelimo, de orientação e ideologia política da esquerda.
Apesar das diferenças ideológicas no geral, Venâncio Mondlane, entra na campanha e mostra um fôlego espantoso, percorre o país inteiro sem ofegar, sempre com a sua carrinha de 4 toneladas, duas colunas sonoras de segunda mão e dois MCs de um talento único, exclusivo, sem nada que se compare. Pela primeira vez em Moçambique a política se funde com a música, com o freestyle, de forma inédita e revolucionária.
O Podemos, um partido vagamente conhecido na cidade de Maputo, no colo de Venâncio Mondlane, se elevada nas alturas e compete taco a taco com os grandes. A população cantava do Rovuma ao Maputo “Podemos ou não Podemos?…..podemos ou não podemos? podemos ou não Podemos”. VM7 empoleirado na sua carinha ia gritando em todo lugar para se votar nele e no Podemos…..e sempre com a bacela de explicar, a sua maneira, o signif**ado político e social de cada componente do logotipo do partido de que estava compactuado.
Houve a votação, no dia 09 de Outubro de 2024, nas Assembleias de voto, chegada a altura do apuramento, o giz no quadro riscava VM7 e Podemos mais do que qualquer outra força política, mais do que qualquer outro candidato. Mais uma vez, a semelhança do que ocorreu em 2023, a equipe da contagem paralela de VM7, mostra os números, convoca jornalistas, mostra que ganhou. Equipes especializadas em viciação de resultados eleitorais é solta dos canis, se embrenha nos órgãos eleitorais, rasgam editais, ameaçam mandatários, a polícia entra em reforço, desviam urnas, abrem os sacos invioláveis, mudam resultados, e, de repente, a Frelimo que devia já ir se estrear na oposição, passa, a alta velocidade, para a topo da corrida com os pornográficos 70%!!!!!!!!
Venâncio Mondlane e sua equipe se preparam para recolher evidência da fraude, começam a redigir o primeiro rascunho do recurso para o Conselho Constitucional, quando, de chofre, o Coordenador da equipe de contestação dos resultados, o advogado pessoal e mandatário eleitoral nacional de VM7, Elvino Dias, é embuscado, cravado com 25 balas em seu corpo.
Para repudiar o assassinato do seu advogado, para protestar contra a série de vozes silenciadas há mais de 3 décadas de democracia multipartidária, Venâncio Mondlane, convoca uma greve nacional, para o dia 21 de Outubro de 2024. A população adere, ninguém vai trabalhar nesse dia. Tudo ficou paralisado. Um pequeno grupo se desloca com VM7 para o local do crime para manifestar o repúdio. São violentamente reprimidos pela infame Unidade de Intervenção Rápida. O próprio Venâncio Mondlane e os profissionais de media internacional que estavam a cobrir uma entrevista do cabeludo são atingidos com bombas de gás lacrimogêneo.
Nesse mesmo dia, no bairro vizinho do local do crime, Bairro da Maxaquene, a polícia usa a maior e mais sangrenta brutalidade contra civis, um helicóptero pretensamente de origem sul-africana, se impõe nos céus do Bairro e dispara, como mísseis, várias granadas de gás lacrimogêneo, atingindo residências de famílias inocentes que nem sequer se haviam juntado a manifestação. Um bebé recém-nascido é atingido no interior de uma residência e f**a carente de uma intervenção médica urgente. Vários jovens são atingidos com balas verdadeiras. Mortos, feridos, dezenas de detidos.
VM7 é forçado nesse dia, a rumar para o exílio. Desloca-se, via terrestre e cruza a fronteira de Ressano Garcia e adentra na República da África do Sul. Duas semanas depois ruma para outras geografias.
Durante os três meses em que esteve no exílio, continuou a mobilizar o povo para protestar. Usou várias táticas, várias estratégias, jamais conhecidas em nenhum manual sobre levantamentos populares. O ChatGPT não tinha informação para dar a quem perguntasse: já houve algo igual a isto?
Sem armas, sem exército, sem partido, sem nenhuma organização paramilitar, sem nenhum instrumento de coacção, conseguiu conduzir um país inteiro, condicionar a agenda nacional, mobilizar todo um povo a seguir as suas orientações, munido apenas de um celular. Usou técnicas de semiótica e branding, para trazer formas de comunicar e mobilizar inéditas. Dividiu e anunciava as manifestações em fases e métodos diferentes: fase four by four (4x4); fase turbo V8; levou o povo a interromper o trânsito, a f**ar estático por 15 minutos e cantar o hino nacional; determinou períodos para se vestir roupa e luvas pretas, em sinal de luto; determinou períodos de levantamento de cartazes nas fachadas das empresas e instituições públicas; e, o ponto mais mediático, períodos de 1 horas a bater panelas, tocar apitos e soprar vuvuzelas.
Perante estes métodos combinados jamais aplicados em toda história política de Moçambique e África, o regime da Frelimo, impotente, sem imaginação e sem estratégia, optou pelas vias mais brutais e sanguinárias: execuções extrajudiciais, raptos nas residências, detenções arbitrárias, libertação de presos para criar pânico, seguida de execução dos mesmos…etc….etc…..tendo sido, oficialmente, registado um saldo de mais de 400 mortos, mais de 2 mil feridos e mais de 4 mil detidos, até a presente data.
Para evitar que VM7 pudesse se comunicar com o povo, reduziram o acesso a internet drasticamente, por via da chamada censura digital ou restrição de tráfego, impedindo desta forma que VM7 pudesse manter ou superar o seu próprio record - diz-se o maior de África - de 167 mil visualizações em simultâneo. Mas, mesmo com todas estes bloqueios, de redução de banda de internet, o povo se mantinha ansioso e sedento das LIVEs de VM7. O povo não se desmobilizou. O povo estava com Venâncio. O povo continuava a vê-lo como um guia, um salvador, o messias - este último título VM7 rejeitava com veemência que lhe fosse atribuído.
Aos 09 de Janeiro de 2025, VM7, decide regressar do Exílio. Regressa a casa. No Aeroporto dezenas de milhares de pessoas o esperavam. Centenas de agentes da polícia cercaram a área e restringiram o acesso ao recinto. O povo estava nas ruas esperando para ver chegar a casa o seu herói. Quando o avião da Qatar Airways aterrou e VM7 apareceu na parte de acesso que dá para porta de saída dos carroceis das malas, VM7 ajoelhou, pegando uma Bíblia numa mão, usou a outra para tocar no cálido chão de Maputo e começou a orar. A multidão entrou em êxtase, palmas, cânticos e muitos o acompanharam na oração, fazendo-o de forma audível, com fervor, com intenção e convicção.
Levantando-se do chão cumprimentou os seus mais próximos colaboradores, dirigiu a canto reservado a imprensa e falou: os meus objectivos ao regressar são: i) Mostrar que estou disponível para integrar o diálogo que decorre; ii) mostrar-me disponível para confrontar a justiça e iii) Estar na minha terra continuar a contribuir para o debate político com as minhas propostas para o desenvolvimento do a país.
Seguido a esta declaração de objectivos, fez, mais uma vez, algo inaudito, fora do comum, chocando a todos: Levantou as duas mãos um pouco acima dos ombros, numa mão segurava a Bíblia e a outra deixou-a aberta e iniciou o seu juramento de tomada de posse “Eu Venâncio Mondlane, candidato presidencial legitimamente eleito pelo povo…..tomo posse hoje como Presidente da República de Moçambique”. Depois entrou na viatura e foi andando pelas ruas da cidade seguido por uma multidão imensa que, a pé, corria seguindo o percurso da viatura “Presidencial”. Desaguaram no Mercado Estrela Vermelha, onde fez o seu segundo juramento ante um formigueiro humano. A polícia atacou, lançou gás lacrimogêneo e assassinou três jovens inocentes.
Dias depois, saiu do esconderijo onde se encontrava e fez um périplo por Tete, Inhambane, Gaza, Província de Maputo e Cidade de Maputo. Em todos os lugares arrastava multidões incomuns, verdadeiros enxames humanos, incluindo, vejam só isto, leiam bem e com atenção, incluindo em zonas consideradas como bastiões intransponíveis da Frelimo: Chibuto, Xai-Xai, Macia, Chissano….terra natal dos primeiros Presidentes de Moçambique e da Frelimo. Em conta disso um seminário local, Portal Moz, no dia 10 de Fevereiro, chegou a escrever na primeira página “𝐕𝐞𝐧𝐚̂𝐧𝐜𝐢𝐨 𝐏𝐚𝐫𝐚𝐥𝐢𝐳𝐚 𝐆𝐚𝐳𝐚 𝐞 𝐝𝐞𝐬𝐟𝐚𝐳 𝐦𝐢𝐭𝐨 𝐝𝐞 “𝐁𝐚𝐬𝐭𝐢𝐚̃𝐨 𝐝𝐚 𝐅𝐫𝐞𝐥𝐢𝐦𝐨”.
Depois de ter aceite uma via de paz para crise politica em Moçambique, materializada em dois encontros, dois apertos de mãos, com Daniel Chapo, o Presidente imposto pela força das armas, nos dias 23 de Março e 20 de Maio, eis que a Frelimo, que estava impedida de sair a rua com os seus símbolos, pela revolta popular, decide trair Venâncio Mondlane e acciona o seu braço judiciário, Procuradoria Geral da República, e abre um processo crime contra VM7, onde se destaque a acusação de crime de terrorismo.
VM7 continua activo social e politicamente enquanto aguarda o julgamento, sempre, apresentando-se, como ele mesmo diz “𝐮𝐦𝐚 𝐜𝐚𝐢𝐱𝐢𝐧𝐡𝐚 𝐢𝐧𝐟𝐢𝐧𝐝𝐚́𝐯𝐞𝐥 𝐞 𝐢𝐧𝐜𝐞𝐬𝐬𝐚𝐧𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐬𝐮𝐫𝐩𝐫𝐞𝐬𝐚𝐬”
Quando instado por amigos, parentes, seguidores moderados, aliciadores, a desistir da luta e evitar correr riscos de vida, rematou nos seguintes termos “𝐌𝐞𝐥𝐡𝐨𝐫 𝐦𝐨𝐫𝐫𝐞𝐫 𝐚 𝐝𝐞𝐟𝐞𝐧𝐝𝐞𝐫 𝐨 𝐩𝐨𝐯𝐨, 𝐝𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐦𝐨𝐫𝐫𝐞𝐫 𝐚 𝐫𝐨𝐮𝐛𝐚𝐫 𝐨 𝐩𝐨𝐯𝐨”