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A PERDA DE VALORES FAMILIARES e o Retorno à Sunnah Profética> Por: MSc Sheikh Molde Sefo Sumalge Art. nº 157_Introd._ A ...
30/10/2025

A PERDA DE VALORES FAMILIARES e o Retorno à Sunnah Profética

> Por: MSc Sheikh Molde Sefo Sumalge

Art. nº 157

_Introd._ A família (الأسرة) é o núcleo fundamental da sociedade e a primeira escola de valores, ética e fé. Quando os valores familiares se desintegram, toda a estrutura social enfraquece. No contexto contemporâneo, a globalização, o materialismo e a perda de referenciais espirituais têm contribuído para o declínio dos princípios familiares.
O Islam oferece um caminho de retorno: a Sunnah profética (السنة النبوية), que orienta a formação e preservação de famílias baseadas no amor, na justiça, na piedade e na responsabilidade.

`1. A Natureza dos Valores Familiares no Islam`

O Alcorão e a Sunnah estabeleceram os fundamentos da vida familiar:

Taqwa (تقوى الله - consciência de Allah) como base das relações conjugais e parentais.

Mawaddah wa Rahmah (المودة والرحمة - amor e misericórdia) como pilares da convivência (30:21).

Adab (الأدب - ética e boas maneiras) no trato entre pais e filhos.

Responsabilidade na liderança familiar, conforme o hadith:
_“Cada um de vós é um pastor e cada um de vós será responsável pelo seu rebanho.”_ (Al-Bukhari e Muslim)

`2. As Manifestações Contemporâneas da Perda de Valores`

A decadência moral e familiar manifesta-se de diversas formas:

* Desrespeito à autoridade dos pais e ruptura do vínculo filial.
* Desvalorização do casamento e normalização da fornicação, adultério e divórcio injustificado.
* Negligência na educação islâmica dos filhos.
* Influência de ideologias que promovem o individualismo extremo e o relativismo moral.

Essas manifestações produzem famílias desestruturadas, filhos desorientados e sociedades instáveis, pois o lar deixa de ser espaço de formação espiritual e moral.

`3. O Modelo Profético de Família`

O Profeta Muhammad ﷺ foi o exemplo perfeito de esposo, pai e chefe de família.
Entre suas atitudes exemplares:

- Tratava suas esposas com ternura, justiça e respeito.
- Participava das tarefas domésticas e ouvia seus familiares com paciência.
- Educava seus filhos e netos com sabedoria e misericórdia.
- Demonstrava equilíbrio entre o amor, a disciplina e a orientação espiritual.

A Sunnah profética apresenta um modelo de convivência familiar baseado na moderação (wasatiyyah) e na espiritualidade ativa.

`4. Caminhos para o Retorno à Sunnah`

O retorno à Sunnah requer ação prática e renovação espiritual:

1. Reforçar a educação islâmica no lar e nas instituições de ensino.
2. Valorizar o casamento como ibadah (ato de adoração) e não apenas contrato social.
3. Reavivar a comunicação e o respeito mútuo entre os membros da família.
4. Promover programas comunitários sobre paternidade, maternidade e educação espiritual.
5. Ler e aplicar as orientações proféticas nos assuntos diários da família.

`5. O Papel da Ummah na Restauração dos Valores`

A restauração dos valores familiares não é apenas uma questão individual, mas um dever coletivo (fard kifayah - فرض كفاية).
As mesquitas, centros islâmicos, educadores e pregadores devem promover Da‘wah familiar, orientando as famílias a retornarem ao modelo profético.

_Concl._ A perda dos valores familiares é uma das maiores crises da civilização moderna.
O retorno à Sunnah profética não é apenas uma nostalgia do passado, mas uma solução atemporal para restaurar o equilíbrio espiritual, emocional e social das famílias muçulmanas.
Ao reerguer o lar sobre os princípios do Alcorão e da Sunnah, a Ummah reencontra sua força, sua identidade e sua bênção (barakah).

Ó Allah, melhore para a comunidade muçulmana os valores da família e a preservação da sunnah, e faz das nossas casas lares de tranquilidade, amor e fé.

CASAMENTO NO ISLAM e os Dilemas da Modernidade> Por: MSc Sheikh Molde Sefo Sumalge Art. nº 156Introd. O casamento (النكا...
27/10/2025

CASAMENTO NO ISLAM e os Dilemas da Modernidade

> Por: MSc Sheikh Molde Sefo Sumalge

Art. nº 156

Introd. O casamento (النكاح) no Islam é uma instituição sagrada e uma ibadah (- عبادة ato de adoração) que visa não apenas a satisfação emocional e física, mas sobretudo a preservação da fé, da moral e da estabilidade social.
No entanto, os paradigmas contemporâneos — marcados pela globalização, secularização, avanço tecnológico e mudanças nos papéis de gênero — têm gerado novos desafios à compreensão e à prática deste vínculo divino.

`2. Fundamentação Islâmica do Casamento`

O Alcorão e a Sunnah tratam o casamento como um contrato solene, baseado em misericórdia, amor e cooperação:

*"E entre os Seus sinais está o de haver Ele criado, para vós, esposas, de vossa própria espécie, para que com elas convivais em tranquilidade; e colocou entre vós amor e misericórdia."* (30:21)

O Profeta ﷺ também afirmou:
_"O casamento faz parte da minha Sunnah; quem se afasta da minha Sunnah não é dos meus."_ (Ibn Majah)

Assim, o casamento é um meio de aperfeiçoamento espiritual, social e moral, não apenas uma união legal.

`3. Os Dilemas da Modernidade`

A modernidade trouxe benefícios, mas também tensões que afetam a visão islâmica do casamento:

*a) Individualismo e relativismo moral*

A valorização extrema da autonomia pessoal levou à fragilização dos laços familiares. Muitos priorizam desejos individuais acima dos valores coletivos e espirituais.

*b) Casamentos tardios e crises econômicas*

A busca por estabilidade financeira, estudos prolongados e padrões materiais elevados tem atrasado o casamento, aumentando o risco de fitnah (provações morais).

*c) Redes sociais e idealização*

As plataformas digitais têm criado expectativas irreais sobre o parceiro ideal, fomentando comparações, invejas e crises de confiança entre casais.

*d) Feminismo e papéis de gênero*

A confusão entre ta‘ädul (equilíbrio) e musäwah (igualitarismo absoluto) gera tensões sobre liderança, direitos e deveres no lar. O Islam reconhece a igualdade espiritual entre homem e mulher, mas diferencia funções conforme a natureza e a responsabilidade.

*e) Desvalorização da autoridade familiar e espiritual*

A interferência mínima dos pais e a ausência de orientação religiosa tornam o processo de escolha e manutenção do casamento mais vulnerável.

*f) Influência dos modelos ocidentais*

Modelos seculares de convivência (união livre, namoro prolongado, experimentação sexual) desfiguram a pureza e o propósito do nikäh islâmico.

`4. Caminhos para o Equilíbrio`

O Islam oferece princípios perenes que podem orientar os muçulmanos na modernidade:

1. Educação pré-matrimonial islâmica – formação sobre direitos, deveres e comunicação conjugal.

2. Consultoria e mediação islâmica (shurä e islah) – mecanismos de resolução de conflitos baseados na Shari‘ah.

3. Uso ético da tecnologia – promover encontros halal supervisionados, sem ultrapassar os limites da modéstia (hayä).

4. Fortalecimento da fé e da paciência (sabr) – compreender que o casamento é um campo de jihad interior.

5. Ressignificação do papel da família e da comunidade – os anciãos e líderes espirituais devem ser mediadores e conselheiros ativos.

6. Equilíbrio entre a vida material e espiritual – priorizar a compatibilidade de fé e caráter (din wa khuluq) sobre fatores secundários.

_Concl._ O casamento islâmico, apesar dos desafios da modernidade, continua a ser uma fortaleza da fé, moral e dignidade. A solução não está em rejeitar a modernidade, mas em guiá-la pela luz do Alcorão e da Sunnah.
O verdadeiro sucesso conjugal não reside na perfeição do outro, mas na disposição de ambos para servir a Allah juntos, com amor, paciência e compromisso.

A IMPORTÂNCIA DO DHIKR na Saúde Mental e Emocional> Por: MSc Sheikh Molde Sefo Sumalge Art. nº 155_Introd._ Vivemos numa...
24/10/2025

A IMPORTÂNCIA DO DHIKR na Saúde Mental e Emocional

> Por: MSc Sheikh Molde Sefo Sumalge

Art. nº 155

_Introd._ Vivemos numa era em que as doenças do corpo são facilmente tratadas, mas as da alma crescem em silêncio. Ansiedade, depressão, solidão e estresse tornaram-se marcas do século XXI.
Nesse contexto de desequilíbrio emocional e esgotamento espiritual, o dhikr (ذِكْر) — a lembrança constante de Allah ﷻ — surge como uma fonte divina de serenidade e cura interior.

O dhikr é mais do que repetição verbal: é um estado de presença consciente diante de Allah, uma meditação espiritual que purifica o coração e reordena o mundo interior do ser humano.

`2. Significado e Fundamento do Dhikr`

A palavra dhikr em árabe significa “lembrança”, “menção” ou “recordação”. No contexto islâmico, refere-se à lembrança constante de Allah — pelos lábios, pelo coração e pelas ações.
Allah ﷻ ordena:

_"Ó vós que credes! Lembrai-vos muito de Allah, e glorificai-O manhã e tarde."_
(33:41-42)

E promete:

_"Por certo, com a lembrança de Allah os corações encontram a paz."_ (13:28)

Assim, o dhikr é tanto um ato de adoração quanto uma terapia espiritual e psicológica.

`3. O Dhikr como Fonte de Estabilidade Emocional`

O ser humano, quando se desconecta do seu Criador, torna-se refém do medo e da dúvida.
O dhikr, por outro lado, cria um centro de equilíbrio interior, um refúgio permanente em meio ao caos exterior.

A psicologia moderna reconhece que a atenção plena (mindfulness) e a oração meditativa reduzem o estresse e regulam as emoções. No Islam, o dhikr realiza esse mesmo efeito — mas de modo mais profundo, pois liga o coração ao Eterno, não ao próprio ego.

O dhikr:

* Reduz a ansiedade, porque o coração se ancora na confiança (tawakkul) em Allah;
* Diminui a depressão, pois desperta gratidão (shukr) e sentido existencial;
* Combate o medo e a raiva, promovendo humildade e entrega;
* Fortalece a autoestima espiritual, lembrando o crente de sua nobre origem e propósito.

`4. O Dhikr como Terapia do Coração`

Ibn al-Qayyim (رحمه الله) escreveu em Al-Wabil as-Sayyib:

_“No dhikr, há uma vida para o coração, e quem o perde, vive morto mesmo que aparente estar vivo.”_

A ausência de dhikr é, portanto, a morte emocional da alma.
Cada vez que o crente diz SubhanAllah, Alhamdulillah, Allahu Akbar ou Lä iläha illa Allah, ele está limpando o coração das impurezas invisíveis da pressa, da inveja, do medo e do orgulho.

Do ponto de vista psicológico, o dhikr:

1. Restaura o equilíbrio neurofisiológico, reduzindo hormonas de estresse;
2. Reforça a consciência presente, afastando pensamentos destrutivos;
3. Cria um ritmo respiratório e mental estável, semelhante à meditação;
4. Induz estados de serenidade e clareza emocional.

`5. O Dhikr Contínuo (الذكر الدائم)`

Os grandes sábios, como Ibn Taymiyyah e Ibn Rajab al-Hanbali, enfatizavam que o verdadeiro dhikr não é apenas verbal, mas existencial — o coração lembra de Allah em todas as circunstâncias:

_“O melhor dhikr é aquele que acompanha o coração, mesmo quando a língua silencia.”_

Esse tipo de lembrança constante produz tranquilidade duradoura e resiliência mental diante das provações.
Quando o crente vive em dhikr, ele vê as dificuldades como parte do decreto divino e não se desespera — e isso é uma forma de imunidade emocional.

`6. O Dhikr e a Cura Espiritual (الشفاء الروحي)`

Allah ﷻ descreve o Alcorão como cura (shifä):

_"Ó humanos! Já vos chegou uma exortação de vosso Senhor, e uma cura para o que há nos corações."_ (10:57)

O dhikr, sendo a essência do Alcorão em ação, atua como medicina da alma (tibb ar-ruh الطب الروحي أو الطب الروحاني).
O coração que lembra de Allah não se afunda em desespero, pois encontra propósito em cada respiração e esperança em cada lágrima.

Muitos psicólogos muçulmanos contemporâneos reconhecem que a prática regular do dhikr:

* Aumenta a resiliência emocional;
* Melhora o foco e o sono;
* Eleva o bem-estar subjetivo;
* Reduz sintomas de pânico e isolamento.

`7. Formas Simples e Eficazes de Dhikr Diário`

1. Dhikr após as orações obrigatórias: SubhanAllah (33x), Alhamdulillah (33x), Allahu Akbar (34x)
2. Dhikr da manhã e da tarde (adhkär as-sabah wa al-masá’)
3. Ler e refletir o Alcorão com coração presente
4. Pedir perdão constantemente (istighfär)
5. Praticar o dhikr silencioso — lembrança interior contínua

`6. Recitar Salat sobre o Profeta ﷺ com amor e constância`

Em linhas gerais, o dhikr é a respiração espiritual do coração.
Ele cura, acalma, equilibra e ilumina.
Em tempos de ansiedade, o crente encontra no dhikr o seu refúgio; em tempos de abundância, a sua gratidão; e em tempos de solidão, a sua companhia divina.

_“A lembrança de Allah é maior.”_ (29:45)

A verdadeira saúde mental e emocional começa quando o coração encontra descanso no seu Criador.
Sem dhikr, o homem se perde no ruído do mundo; com dhikr, ele reencontra a sua essência e o seu Senhor.

Que Allah torne os nossos corações lembradores d'Ele, as nossas línguas sempre húmidas com o dhikr, e as nossas almas tranquilas pela Sua proximidade.

ECONOMIA ÉTICA: Juros, Consumismo e Sustentabilidade segundo a Jurisprudência Islâmica> Por: MSc Sheikh Molde Sefo Sumal...
23/10/2025

ECONOMIA ÉTICA: Juros, Consumismo e Sustentabilidade segundo a Jurisprudência Islâmica

> Por: MSc Sheikh Molde Sefo Sumalge

Art. nº 154

_Res._ É cada vez mais comum, no cotidiano contemporâneo, observar-se entre alguns muçulmanos e não só, a tendência de recorrer a instituições financeiras e estatais que operam com juros reduzidos, sob o argumento de que se tratam de encargos leves ou socialmente aceitáveis. Deste pressuposto, o presente artigo analisa os princípios da economia ética no Islam, destacando a proibição dos juros (ribä الربا), a crítica ao consumismo e a promoção da sustentabilidade social e ambiental. Fundamentado na Shariah e nas fontes clássicas da jurisprudência islâmica (فقه المعاملات), o estudo demonstra que o sistema econômico islâmico visa à justiça, à moderação e ao equilíbrio entre o bem-estar material e a responsabilidade espiritual. A abordagem ética do Islam oferece um modelo alternativo à economia contemporânea, marcada pela desigualdade, pela exploração e pela crise ecológica.

_Introd._ A economia moderna, dominada por paradigmas materialistas e capitalistas, enfrenta sérias crises éticas e ambientais. O acúmulo ilimitado de riquezas, o consumo desenfreado e a exploração de recursos naturais têm gerado desigualdade social e degradação ambiental.
O Islam, enquanto sistema completo de vida (نظام شامل), propõe uma economia regida pela ética divina, baseada na justiça (عدل), na moderação (اعتدال) e na proibição do dano (lä dharar wa lä dhirar).

A jurisprudência islâmica, através do fiqh al-mu'ämalat, oferece princípios e instrumentos que garantem equilíbrio entre o lucro legítimo e a responsabilidade moral, prevenindo os abusos que caracterizam o sistema econômico atual.

`2. Fundamentos da Economia Islâmica`

A economia islâmica baseia-se em dois pilares fundamentais:

1. Propriedade com responsabilidade: o homem é khalifah (vice-regente) na Terra, administrador e não dono absoluto dos recursos.

_"E Ele é Quem vos fez sucessores na terra e vos elevou em graus uns sobre os outros para testar-vos no que vos concedeu."_ (06:165)

2. Equilíbrio entre espiritual e material: o Islam não rejeita o comércio ou o lucro, mas condena a exploração, o desperdício e o enriquecimento ilícito.

_“Allah permitiu o comércio e proibiu o juro.”_ (02:275)

Dessa forma, o sistema econômico islâmico é ético por natureza, pois subordina a economia aos valores morais e espirituais.

`3. A Proibição dos Juros (Ribä)`

O ribä — aumento injustificado sobre empréstimos ou transações financeiras — é categoricamente proibido pelo Alcorão e pela Sunnah.
Allah ﷻ declara:

_“Ó vós que credes! Temei a Allah e abandonai o que resta de juro, se sois crentes. E, se não o fizerdes, então sabei que estais em guerra contra Allah e Seu Mensageiro.”_
( 2:278–279)

*3.1. Natureza do Ribä*

Os juristas distinguem duas formas principais:

Riba al-qardh (juros em empréstimos - ربا القرض): aumento exigido sobre o valor emprestado.

Ribä al-fadhl (- ربا الفضل juros em trocas desiguais de bens de mesma categoria).

Ambas são manifestações de injustiça, pois geram riqueza sem trabalho e aumentam a desigualdade social.

*3.2. Efeitos sociais e espirituais*

No Islam, o riba (usura ou juros) é absolutamente proibido, seja ele pequeno (1%) ou grande (100 % ou mais), explícito ou disfarçado. Além da proibição, o Ribä:

1. Enfraquece a solidariedade/responsabilidade social;
2. Favorece o enriquecimento de poucos e a pobreza de muitos;
3. Distorce a circulação de riqueza;
4. Dura espiritualmente o coração, afastando a barakah.

A economia islâmica substitui o juro por parcerias justas (musharakah, mudharabah) e investimentos éticos baseados no risco e na partilha de lucros, não na exploração.

`4. O Consumismo e a Moderação Islâmica`

O consumismo moderno transformou o homem em escravo do desejo. A publicidade e a competição social alimentam um ciclo de desperdício que viola os princípios do Islam.
O Alcorão ensina a moderação (iqtisad):

_“E comei e bebei, mas não vos excedais; por certo, Ele não ama os extravagantes.”_ (07:31)

*4.1. Ética do consumo*

O consumo no Islam deve ser:

Necessário e equilibrado, evitando o desperdício (isräf);

Halal e lícito, respeitando a origem dos bens;

Responsável, considerando os impactos sociais e ambientais;

Grato, reconhecendo que cada bem é uma bênção sujeita a prestação de contas.

O Profeta ﷺ disse: _“O filho de Adão não enche nenhum recipiente pior do que o estômago.”_ (at-Tirmidhi)

Essa advertência transcende o corpo físico: ela reflete o princípio de que o excesso material corrompe a alma e o equilíbrio social.

`5. Sustentabilidade e Responsabilidade Ambiental`

O Islam foi o primeiro sistema civilizacional a reconhecer o valor ético da natureza.
O ser humano é guardião (amin) da criação, responsável por preservar o equilíbrio ecológico (mizan).

_“E o céu, Ele o elevou, e estabeleceu a balança, para que não cometais excesso na balança.”_ (55:7–8)

A sustentabilidade no Islam não é um conceito moderno, mas um dever religioso. O Profeta ﷺ ensinou:

_“Se a Hora chegar e alguém tiver uma muda de árvore na mão, que a plante.”_ (Ahmad)

*5.1. Economia sustentável*

A jurisprudência islâmica orienta:

* Proibição do desperdício dos recursos naturais;
* Promoção da redistribuição de riqueza (zakah, waqf, sadaqah);
* Incentivo à produção equilibrada e ao comércio justo;
* Proteção do meio ambiente como forma de adoração.

Assim, a sustentabilidade é uma extensão prática do princípio de amanah (confiança divina).

`6. A Economia Islâmica como Alternativa Moral`

Enquanto o capitalismo exalta o lucro e o consumismo, e o socialismo nega a propriedade privada, a economia islâmica estabelece o caminho do meio, baseado em:

* Propriedade privada com função social;
* Livre iniciativa regulada pela Shari'ah;
* Proibição da exploração (ribä, gharar, maysir);
* Redistribuição solidária através da zakah;
* Sustentabilidade como dever de fé.

Esse modelo busca o bem-estar coletivo (maslahah ämmah - المصلحة العامة) e a harmonia entre economia, moralidade e meio ambiente.

_Concl._ A economia islâmica é um projeto ético e civilizacional.
Ela propõe um sistema em que a riqueza é meio, não fim; o lucro é limitado pela justiça; e a produção é guiada pela responsabilidade moral e ecológica.

A proibição do Ribä, a moderação no consumo e o cuidado com a Terra formam um triângulo de equilíbrio que garante a sustentabilidade integral — econômica, social e espiritual.
Em tempos de crise ambiental e desigualdade global, os princípios da Shari'ah oferecem uma alternativa luminosa e equilibrada, capaz de reconciliar o homem com Allah, com a sociedade e com a criação.

Versículo Final:

_“E buscai, com o que Allah vos concedeu, a morada eterna, e não vos esqueçais da vossa parte neste mundo, e fazei o bem como Allah vos fez bem.”_ (28:77)

O PAPEL DA PACIÊNCIA (Sabr) diante das Provações Modernas> Por: MSc Sheikh Molde Sefo Sumalge Art. nº 153_Introd._ Vivem...
20/10/2025

O PAPEL DA PACIÊNCIA (Sabr) diante das Provações Modernas

> Por: MSc Sheikh Molde Sefo Sumalge

Art. nº 153

_Introd._ Vivemos uma era de transformações rápidas, marcada pela ansiedade, pressa e perda de valores espirituais. A tecnologia encurtou distâncias, mas também multiplicou distrações. Nesse cenário, a virtude da paciência (sabr - الصبر) — uma das maiores qualidades do crente — tornou-se essencial para preservar a fé, o equilíbrio e a serenidade interior.

O Sabr não é mera passividade, mas uma força espiritual ativa que molda o caráter do crente e o torna firme diante das mudanças, provações e tentações do mundo moderno.

`2. Significado de Sabr`

O termo sabr abrange paciência, perseverança, contenção e autocontrole. No Nobre Alcorão, ele aparece mais de 90 vezes, sempre associado à fé e ao sucesso espiritual.
Allah ﷻ diz: _"E buscai ajuda com a paciência e a oração; e, por certo, isso é árduo, exceto para os humildes."_ (02:45)

O Mensageiro de Allah ﷺ disse:

_"A verdadeira paciência é aquela no primeiro impacto da dor."_
(al-Bukhäri e Muslim)

O Sabr é, portanto, um sinal de maturidade espiritual e de confiança no decreto divino (qadar Allah).

`3. Os Quatro Tipos de Paciência no Islam`

*1. Paciência na obediência a Allah (الصبر على الطاعة)*

É a constância em cumprir as ordens divinas, mesmo quando exigem esforço, como levantar-se para o fajr, jejuar nos dias difíceis, manter o dhikr, buscar conhecimento e praticar a caridade.
O crente paciente persevera na obediência até que ela se torne prazer espiritual.

*2. Paciência ao evitar o pecado (الصبر عن المعصية)*

É o autocontrole diante das tentações e impulsos do nafs.
Na era digital, resistir à pornografia, ao consumo ilícito, à corrupção, à exibição e à ostentação tornou-se um campo de jihad interior.
Allah ﷻ disse sobre Yusuf (عليه السلام):

_"E certamente, ela o desejou, e ele a teria desejado se não visse a prova do seu Senhor..."_
(12:24)

Yusuf exerceu o sabr — e Allah o elevou em honra.

*3. Paciência nas provações e calamidades (الصبر على البلاء)*

É o tipo de paciência mais lembrado: suportar doenças, perdas, injustiças e crises com fé e confiança.
O crente sabe que cada dificuldade é uma purificação, e que Allah nunca sobrecarrega uma alma além da sua capacidade.

_"E certamente vos provaremos com algo de medo, fome, perda de bens, vidas e frutos. E dá boas-novas aos pacientes."_
(02:155)

*4. Paciência diante das dádivas de Allah (الصبر على النعمة)*

Este é o tipo mais esquecido de paciência: a paciência nas bênçãos.
Muitos suportam a dor, mas poucos suportam o conforto sem se desviar.
Sabr ‘ala an-ni'mah significa conter o ego na abundância, manter a humildade na riqueza, a modéstia na fama, e a gratidão nas facilidades.

O ser humano, por natureza, tende à negligência quando vive na prosperidade:

_"E quando o homem é agraciado, ele se afasta e se enche de orgulho; mas quando o mal o toca, ele se desespera."_
(41:51)

Assim, o verdadeiro sabr nas dádivas consiste em:

* Não se corromper pela abundância;
* Não esquecer de Allah na prosperidade;
* Usar as bênçãos em benefício da obediência e da caridade;
* Evitar o orgulho (kibr) e a ingratidão (kufr an-ni'mah).

Essa forma de paciência distingue os verdadeiros agradecidos (ash-shakirun), que reconhecem que toda dádiva é um teste de responsabilidade.

`4. O Sabr na Era Moderna`

No mundo contemporâneo, a paciência é testada em várias dimensões:

- *Tecnológica:* o imediatismo digital destrói a capacidade de esperar e refletir.

*Social:* as desigualdades e crises econômicas provocam desespero e impulsividade.

*Familiar:* a dissolução dos laços e o divórcio precoce revelam falta de Sabr e diálogo.

*Psicológica:* a ansiedade e a depressão refletem a ausência de equilíbrio espiritual.

O muçulmano que pratica o Sabr é resiliente, mantém a dignidade nas perdas e a modéstia nas vitórias.

`5. Benefícios do Sabr`

1. Proximidade de Allah:

_“Por certo, Allah está com os pacientes.”_ (02:153)

2. Recompensa sem medida:

_“Os pacientes terão a sua recompensa sem medida.”_ (39:10)

3. Expiação dos pecados e elevação de graus.
4. Estabilidade emocional e força interior.
5. Amadurecimento espiritual e crescimento moral.

`6. Aplicações Práticas`

- Educar as crianças para enfrentar frustrações e adiar recompensas.
- Evitar impulsividade nas redes sociais e nas discussões públicas.
- Lembrar-se de Allah tanto na alegria quanto na aflição.
- Transformar as dificuldades em oportunidades de reflexão e fortalecimento da fé.
- Usar as bênçãos — saúde, tempo, dinheiro, conhecimento — como meios de gratidão e serviço.

Em suma, o sabr é o alicerce de todas as virtudes e o segredo da serenidade espiritual.
Ele é luz no meio da escuridão, força no meio da fraqueza e sabedoria no meio da pressa.
O verdadeiro crente é paciente não apenas na dor, mas também na fartura; não apenas na perda, mas também no ganho.

Assim, a paciência é o espelho da fé e a chave para o sucesso neste mundo e no próximo.

_"E Allah ama os pacientes."_ (Ál Ïmrän, 3:146).

Ó Allah, Senhor dos corações serenos,
ensina-nos o silêncio da alma paciente,
a calma de quem confia no Teu decreto,
e o sorriso de quem espera com fé...

A IMPORTÂNCIA DO DIA DOS PROFESSORES À LUZ DO ISLAM: Reflexões Nacionais e Universais> Por: MSc Sheikh Molde Sefo Art. 1...
12/10/2025

A IMPORTÂNCIA DO DIA DOS PROFESSORES À LUZ DO ISLAM: Reflexões Nacionais e Universais

> Por: MSc Sheikh Molde Sefo

Art. 152

_Res._ O presente artigo reflete sobre a importância do Dia dos Professores (يوم المعلِّم) à luz do Islam, relacionando a visão islâmica sobre o valor do conhecimento e do educador com o contexto nacional e global. Tendo como base o 12 de Outubro, Dia Nacional dos Professores em Moçambique, e o Dia Mundial dos Professores (اليوم العالمي للمعلمين), reconhece-se o papel central dos educadores na transformação social e espiritual das nações. O estudo fundamenta-se no Alcorão, na Sunnah e em testemunhos históricos, incluindo as palavras de líderes africanos como Samora Machel e Nelson Mandela, além de reflexões contemporâneas, ressaltando que educar é um ato de adoração, libertação e poder.

_Introd._ O Dia Nacional dos Professores, celebrado em 12 de Outubro em Moçambique, e o Dia Mundial dos Professores, assinalado a 5 de Outubro, representam momentos de profunda reflexão sobre o papel do educador como agente de mudança e desenvolvimento.
No Islam, a valorização do professor está enraizada na própria essência da revelação divina, pois o primeiro mandamento transmitido ao Profeta Muhammad ﷺ foi:

*“Lê, em nome do teu Senhor que criou.”* (96:1)

Essa ordem celestial inaugurou uma civilização fundada sobre o saber (علم - ilm), o ensino (ta‘lim - تعليم) e a educação moral (tarbiyah - التربية).
Celebrar o Dia dos Professores, portanto, não é apenas um ato social, mas um dever espiritual: reconhecer o valor daqueles que guiam as mentes e os corações com luz.

`2. O papel do professor na cosmovisão islâmica`

O Islam confere ao professor uma dignidade inigualável. O Profeta Muhammad ﷺ disse:

*“Os sábios são os herdeiros dos profetas.”*
(At-Tirmidhi e Abu Dawud)

A tarefa do educador vai além da transmissão de informações; trata-se de formar almas conscientes, moralmente puras e socialmente úteis.
O Alcorão descreve a missão profética — que é também a missão do professor — nos seguintes termos:

*“Ele é Quem enviou, entre os iletrados, um Mensageiro dentre eles, para recitar-lhes os Seus versículos, purificá-los e ensinar-lhes o Livro e a sabedoria.”* (62:2)

Assim, o magistério é um ato de purificação (tazkiyah) e de transmissão de sabedoria (hikmah), constituindo-se numa das mais elevadas formas de serviço a Allah ﷻ e à humanidade.

`3. Educação e transformação social: perspectivas africanas`

O Dia dos Professores em Moçambique é também uma oportunidade para reafirmar que a educação é um instrumento de emancipação e poder.
O Presidente Samora Machel afirmou com lucidez:

*“A escola é uma base para nós tomarmos o poder.”*

Esta frase reflete o espírito revolucionário de que a educação liberta o homem da opressão e o conduz à soberania da consciência.

Por sua vez, Nelson Mandela declarou:

*“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.”*

Essas palavras ressoam profundamente com o princípio islâmico de que o conhecimento (ilm) é luz (nur) e poder (quwwah). A ignorância é vista, no Alcorão, como a verdadeira escuridão da humanidade.
O professor, portanto, é o portador da tocha que dissipa as trevas da ignorância e orienta a sociedade para a justiça (عدْل) e o equilíbrio (ميزان).

`4. Reflexão`

Certamente, 'o professor é o coração pulsante da civilização. Quando o mestre é valorizado, a sociedade prospera; quando é negligenciado, o futuro entra em colapso.'

Essa reflexão sintetiza a visão islâmica e humanista da educação: o desenvolvimento material sem base moral e espiritual é vazio.
O professor, guiado por fé, ética e ciência, representa o elo entre o conhecimento e a transformação social. Ele não apenas ensina o que está nos livros, mas desperta consciências e molda destinos.

O poeta Ahmad Shawqi, em seu célebre verso:
قُمْ لِلمُعَلِّمِ وَفِّهِ التَبْجِيلا *** كادَ المُعَلِّمُ أَنْ يَكونَ رَسُولا.
_“Levanta-te diante do professor e presta-lhe a devida reverência, pois o professor quase seria um mensageiro”_: expressa, de forma sublime, a grandeza espiritual e moral do educador. Embora não equipare literalmente a missão profética ao professor ou a outra função e não enfatize o ato físico de levantar-se, o poema reconhece no professor, um transmissor de luz, conhecimento e transformação social.

`5. O professor como herdeiro dos profetas`

A educação, à luz do Islam, é um ato de Da‘wah (convite ao bem) e Ihsan (excelência). O professor é aquele que semeia virtude e retidão. O Profeta ﷺ disse:

*“Aquele que ensina algo de bom, receberá a recompensa de quem o praticar.”* (Muslim)

Cada aula ministrada, cada mente iluminada, torna-se uma sadaqah jariyah (caridade contínua). Assim, o impacto do professor ultrapassa o tempo e alcança a eternidade.

_Concl._ O 12 de Outubro, Dia dos Professores em Moçambique, e o 5 de Outubro, Dia Mundial dos Professores, constituem momentos de renovação do compromisso social e espiritual com o ensino.
À luz do Islam, o professor é um herdeiro dos profetas, um guia da humanidade e um pilar da civilização. Reconhecê-lo, honrá-lo e apoiá-lo é parte da gratidão a Allah ﷻ pelo dom do conhecimento.
Seguindo essas palavras orientadoras, compreende-se que a verdadeira libertação começa na sala de aula e floresce no coração do educador.

Ref.
1. Alcorão Sagrado.
2. Sahih Muslim, Sunan At-Tirmidhi – capítulos sobre conhecimento (ilm).
3. Imam Al-Ghazali, Ihyä’ ‘Ulum ad-Din, Livro do Conhecimento.
4. Ibn Jama‘ah, Tadhkirah as-Sami‘ wal-Mutakallim fi Adab al-Alim wal-Muta‘allim.
5. Samora Machel, Discursos sobre a Educação e a Libertação Nacional.
6. Nelson Mandela, Long Walk to Freedom.

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