20/12/2023
Estado Geral da Nação - 2023: O que os moçambicanos esperam ouvir do Presidente Nyusi?
Por: Omardine Omar
INTEGRITY-MOÇAMBIQUE, 19 de dezembro de 2023-O Presidente da República e da Frelimo, Filipe Jacinto Nyusi apresenta na quarta-feira (20.12), em Maputo, numa cerimónia solene o seu informe sobre o Estado Geral da Nação- 2023. O evento que no fundo é uma leitura corrida e “monológica” de supostos feitos do Governo no presente ano tem alimentado expectativas em certos moçambicanos que acreditam que alguma coisa esteja a ser “bem feita no actual ciclo governativo”.
Entretanto, contra toda narrativa positivista que será levantada amanhã e o banho propagandístico que irá se assistir em vários órgãos de comunicação social, a melhor forma de apresentação do actual Estado Geral da Nação seria uma sessão de perguntas e respostas ou vice-versa num estádio de futebol à escolha do executivo ou na maior avenida do País. Poderia ser no Zimpeto, Chiveve, 1º de Maio ou Municipal de Lichinga, mas precisamos de falar com o senhor Presidente. Precisávamos ser ouvidos todos ou alguns representantes dignos antes da leitura deste amuleto romântico, Excelência. Porque só assim é que poderíamos analisar vários aspectos que os moçambicanos precisam de ser respondidos por quem dirige o País.
Não se entende como um caderno poético e acompanhado de vários “números incertos” podem no final do dia reflectirem o sentimento de um povo que hoje sente falta de quase tudo, começando pela insegurança estomacal, insegurança pública, insegurança em sonhar em dias melhores, insegurança por pensar diferente, insegurança por trabalhar e não saber se vai receber na data combinada, insegurança por nascer em Moçambique, uma vez que os hospitais encontram-se sem medicamentos e os profissionais de saúde revoltados e sem vontade de trabalhar.
Os raptos espelham o tamanho da ingovernabilidade que este País transformou. As famílias das vítimas há anos esperam por acções enérgicas do governo para colmatar de uma vez por todas este mal, mas debalde! A Pérola do Índico, hoje é o paraíso dos narcotraficantes e o inferno dos “grandes empresários”.
Moçambique, hoje é um País, onde um indivíduo é detido pelas autoridades policiais e do nada aparece morto e sem qualquer explicação e nem responsabilização. Nas marchas pacíficas, a polícia dispara sem piedade para a multidão, matando “os azarados do dia”. As famílias das vítimas não recebem qualquer explicação e nem vem a justiça feita no final do dia e assim continuamos a caminhar como se de uma grande nação de insensíveis se tratasse.
A melhor forma de apresentar o Estado Geral da Nação seria, dando-nos espaço de cada um de nós dizer o que sente neste momento, depois de ver a CNE, STAE, PRM, CC e o partido que o Presidente da República montarem um estratagema que molestou as escolhas do povo, por isso, neste momento, tudo quanto for dito não será devidamente assimilado pelo povo que diriges Excelência, a não ser que consideres os moçambicanos apenas os membros da PRM, Frelimo, STAE, CNE e CC.
REITERO que o verdadeiro Estado Geral da Nação só fará sentido para os moçambicanos se os mesmos pudessem dizer ao seu Presidente o que eles sentem neste preciso momento, mas como, tratasse de um figurino de apresentação já pré-estabelecido e que parece confortável para a Sua Excelência e no respeito pela alínea b) do artigo 159 da CRM, iremos mais uma vez acompanhar a apresentação, mas o meu sentimento como moçambicano e de muitos outros é de que a Situação Geral da Nação não é boa e não dignifica qualquer moçambicano de verdade, a não ser alguém que vive num outro País e não neste! https://integritymagazine.co.mz/arquivos/20863?amp=1