16/07/2025
MOTORISTAS DA YANGO DENUNCIAM: “Estamos a pagar para trabalhar”
O que antes se apresentava como uma alternativa promissora de geração de rendimento transformou-se, hoje, numa experiência marcada por frustração, perda de direitos e sensação de exploração. Motoristas da plataforma Yango, na cidade de Maputo, denunciam um conjunto de alterações no funcionamento do aplicativo que, segundo os próprios, está a tornar a actividade “insustentável” e a colocá-los em situações de risco. Muitos desses condutores, que viram na Yango uma oportunidade para conquistar autonomia financeira, pagar contas, sustentar as famílias e contornar o desemprego crónico que afecta o País, relatam agora uma realidade bem mais dura: jornadas exaustivas, rendimentos cada vez mais baixos e um sistema que castiga em vez de recompensar.
Texto: Dossiers & Factos
As queixas vão desde a queda drástica nos ganhos por viagem à forma como o sistema penaliza os condutores, até à ausência de medidas eficazes de segurança em situações de perigo. “Antes tínhamos acesso a toda a informação da corrida: nome do passageiro, número de telefone, destino e o valor a pagar. Isso dava-nos margem para decidir se valia a pena aceitar ou não. Agora tiraram tudo. Só sabemos o destino quando a viagem é longa e apenas após chegar ao local de recolha”, afirmou um dos motoristas, sob anonimato.
Aplicativo agora decide, motoristas apenas obedecem
Segundo as fontes ouvidas, as recentes actualizações no sistema da Yango reduziram drasticamente o nível de autonomia dos condutores. O motorista é agora forçado a aceitar pedidos mesmo quando está ocupado, sob pena de ser penalizado com perda de pontos e queda no número de viagens atribuídas. “O motorista é obrigado a aceitar viagens mesmo estando ocupado, desde que o passageiro não tenha baixado o preço. Caso contrário, perde pontos e recebe menos pedidos”, afirmou um dos entrevistados, numa opinião partilhada por várias fontes que afirmam estar “praticamente a pagar para trabalhar”.
O sistema de pontos, criado pela plataforma para, alegadamente, premiar bons desempenhos, é alvo de fortes críticas. Por cada viagem concluída, o condutor recebe apenas um ou dois pontos, mas pode perder até 12, caso o passageiro não atenda o telefone ou se recuse a embarcar. “Já aconteceu sair de um bairro para outro para recolher um passageiro que não atendeu a chamada. Resultado: perdi tempo, combustível e ainda fui penalizado com menos seis pontos”, relatou um motorista....Leia a reportagem completa no nosso site: https://dossiersefactos.com/