Jornal Torrejano

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EDITORIAL: VIVER HABITUALMENTEDurante meses, Inverno afora, a calçada da Rua Miguel Bombarda manteve-se cheia de cratera...
07/08/2025

EDITORIAL: VIVER HABITUALMENTE
Durante meses, Inverno afora, a calçada da Rua Miguel Bombarda manteve-se cheia de crateras e pedras levantadas, isto na via principal da cidade. Assim continuou. Três dias antes da “feira medieval” vieram dois calceteiros, à pressa, atamancar a coisa, vinham aí os visitantes da feira. É este o respeito que esta gestão camarária tem pelos torrejanos: zero. Escandalosamente zero. Perfeitamente nas tintas para quem cá vive e habita a cidade todos os dias. Não houvesse feira e a rua continuaria como estava. Porque tudo o resto, mais dissimulado, dá conta do mesmo desprezo pelos cidadãos desta maioria autárquica de mais de 30 anos.
Passeios, bancos, pilaretes, floreiras, pontes, decks junto ao rio, recolha de lixo nos parques e jardins, nojeira dos patos à entrada do Almonda Parque como cartão de visita, ruas pejadas de m***a de pombo porque continua a ser um mistério como não se consegue acabar com a epidemia de pombos que conspurca quintais e terraços, varandas, ruas e beirais, ruas sem higienização anos e anos (só a chuva as lava no Inverno), árvores a crescer nas margens e a tapar o leito do rio como nunca visto em tempo algum, sem responsabilização de proprietários e acção da câmara, quando lhe toca a si, enfim, um longo e infindável rosário de detalhes que fazem de Torres Novas uma cidade que parece permanentemente suja, desarrumada, deslavada, abandonada. Um panorama que seria trágico se não fosse o “bilhete postal” da visão, a partir da avenida, do jardim, do rio e do castelo, esse pequeno troço que encanta os passantes e que devemos aos que, há 90 anos, o desenharam e o deixaram às gerações seguintes, e a praça. Sem esses dois pedaços, Torres Novas seria, como terra, uma inexistência.
Exemplo maior deste estado de coisas é o corredor ecológico do Almonda (ver reportagem neste site). Saudado e apoiado pela unanimidade dos torrejanos, independentemente das suas tendências, foi visto como uma “obra” que vinha, finalmente, iniciar (sim, apenas iniciar) um programa de valorização do rio Almonda e da sua fruição pelos cidadãos. Imaginava-se que a autarquia assumia saber que uma estrutura deste tipo, como um parque ou um jardim, precisaria de manutenção anual, no mínimo, e de vigilância e de atenção permanentes. Mais uma vez, a desilusão total. Num emaranhado desculpas e teses esfarrapadas (o célebre alimento para abelhas) deixou-se cair o corredor ecológico num estado de degradação que foi um balde de água fria para todos os que o frequentavam. O essencial do corredor, o seu mote, a justif**ação da sua existência, é o rio. E poder ver-se o rio e desfrutar a visão e presença do rio.
O que acontece? O trilho foi encurtado pelo avanço das ervas, as margens estão pejadas de ervas e arbustos que tapam completamente a vista do rio, transformando o que era um corredor ao longo da linha de água num carreiro de ervas em que não se vê nada a não ser ervas invadindo tudo e obliterando a presença do rio. Uma tristeza. Para o que importa, para o que tem que ver com a valorização e manutenção do espaço urbano, é isto que temos, infelizmente.
Porque no que toca ao foguetório e aos folguedos contínuos e permanentes que caracterizam esta maioria alegadamente socialista, que navega no populismo mais desbragado da caça ao voto em tudo o que é procissão e sardinhada, festa e festarola, aí não se cortam as unhas, é sempre a abrir. O caso mais recente, verdadeiramente anedótico e passível de causar vergonha alheia, foi a condecoração de “personalidades” pelo seu papel durante a epidemias do COVID. Por miúdos, agraciamento de pessoas que estavam nos seus cargos a desempenhar o papel que deveriam ter desempenhado por inerência do próprio cargo, certamente com a dedicação que se esperava. Para memória futura, e por proposta do presidente da Câmara, foram aprovados numa sombria reunião de Julho “louvores públicos” ao coordenador da protecção civil (quem não se recorda do fabuloso episódio do “Fado da Pica”, justamente durante a vacinação, volta Carlos Ramos, estás perdoado), a uma técnica camarária do gabinete de crise do município, à delegada de Saúde, à directora dos centros de saúde, ao presidente do conselho de administração do centro hospitalar, ao comandante da GNR, à delegação da Cruz vermelha, à PSP, à Comunidade intermunicipal…
“É um dever do município honrar os que trabalharam em prol da segurança e saúde de toda a comunidade torrejana, naquele que nesta matéria, foi um dos maiores desafios da nossa história moderna”, assim rezava o justif**ativo, como se na nossa história moderna não tivéssemos tido a pandemia da pneumónica em 1918/20, as persistentes epidemias oitocentistas locais de cólera e tifo, que ceifavam centenas de pessoas, como se fosse possível saber que nós, os de hoje, fomos melhores e mais empenhados que os de ontem, sem meios e abandonados ao mundo perante desastres semelhantes, e sendo melhores, espetarmos medalhas a nós próprios sem cuidar que será da história o julgamento mais distanciado e justo. Como se fosse possível, em face das respostas a uma calamidade como foi a COVID, elevar o papel de alguns, ainda por cima e basicamente dirigentes e portadores de cargos, apenas por isso, e esquecer outros (podíamos falar dos médicos e enfermeiros, dos auxiliares de saúde, dos que garantiram o pão e outros alimentos básicos, dos asseguraram serviços colectivos mínimos, enfim...).
“Foge cão, que te fazem barão! Fujo para onde, se me fazem visconde?” - parece ser, do velho ditado, a inspiração da fidalguia socialista de hoje, virada para os seus umbigos a pendurar medalhas em tudo o que à sua volta mexe, porque em tudo o que mexe há sempre uma potencial cruzinha, bem desenhada, para que o estado a que isto chegou se perpetue sem sobressaltos e, como dizia o Botas citando os latinos, possamos continuar a “viver habitualmente”.
A direcção editorial do JT

A HISTÓRIA DE UMA DESILUSÃO:  de Corredor Ecológico do Almonda a carreiro das ervasA melhor obra que Pedro Ferreira assi...
05/08/2025

A HISTÓRIA DE UMA DESILUSÃO: de Corredor Ecológico do Almonda a carreiro das ervas

A melhor obra que Pedro Ferreira assinou e deixou aos torrejanos está ao abandono. Um ano depois da inauguração, o Corredor Ecológico do Almonda está entregue às ervas que em muitos recantos já escondem o rio. A ideia de oferecer aquele espaço aos torrejanos foi de génio, faltou no entanto delinear o plano de manutenção. Na desculpa da polinização, acredita quem quer.

O Corredor Ecológico do Almonda foi uma das obras mais bem conseguidas do actual executivo camarário. Digo eu, é a minha opinião, que vale o que vale. Tenho, no entanto, a absoluta certeza de que não sou a única a pensar assim. O entusiasmo com a abertura do novo espaço da cidade foi unânime e bem visível na consequente afluência de pessoas aos cerca de quatro quilómetros de caminho que nos apartam do alcatrão e nos oferecem a tranquilidade que só a natureza consegue dar. O corredor rapidamente se tornou local privilegiado para caminhadas, corridas ou simples templo de fruição do rio e do espaço envolvente. Todo aquele cenário é propício a que cada um encontre nele o seu escape para o ruído e conflito dos dias. É transversal, camaleónico, o que precisamos que seja, quando precisamos que seja. Tem o dom de nos permitir encontrar o silêncio, tão inatingível nos dias que correm.

Quando penso naquele espaço, recordo sempre os vários tons de verde nas árvores de várias espécies, tamanhos e formatos, todas elas diferentes, nascidas por acaso, mas perfeitamente encaixadas como se de uma pintura se tratasse. O sussurrar do vento nas árvores, o cantar das aves que por ali vivem, o algodão que cai na primavera e o som do pisar das pedras no caminho. Todo um cenário que a cidade tinha perdido e que os seus habitantes se habituaram a procurar noutras paragens.

Uma ideia simples e mais do que lógica, até óbvia, daquelas que depois de feita todos dizemos que também faríamos, mas a verdade é que foi este executivo que a concretizou. Uma empreitada que devolveu o curso do rio aos torrejanos da cidade, emoldurou-o em cores várias e envolto num magnífico novelo de tons, sons e silêncios que há muito tínhamos esquecido, ofereceu-o às pessoas, convidando-as a passear pelas suas margens, correndo recantos muito pouco ou nunca antes vistos e respirando um ar mais puro, mesmo ali ao lado do rebuliço dos dias.

Uma obra evidente para muitos, cheia de sentido, mas que ninguém se lembrou de fazer antes. João Trindade será, para sempre, o vereador responsável pela construção do corredor. Pedro Ferreira, o presidente que o inaugurou.

Esta nossa posição elogiosa do Corredor Ecológico do Almonda não é de hoje. Em março de 2024 quando foi inaugurado, o JT deu-lhe manchete e honras de destaque na RTP, na sua intervenção mensal na televisão pública. Gabou a ideia, a atitude e convidou os torrejanos e os portugueses a conhecer recantos do rio Almonda nunca antes vistos.

Faríamos tudo de novo. Sem tirar, mas pondo. Acrescentar-lhe-íamos uma ressalva: é necessário cuidar e manter um espaço que é vivo e assim se quer. Um espaço de plantas, árvores e ervas que crescem, de rios que correm e de animais que vivem e morrem. Um espaço que, qual espelho nosso, sente o tempo passar e merece ser cuidado.

Lançar primeiras pedras é bom, inaugurar e deixar o nome inscrito na placa para a posteridade ainda melhor. Mas não podemos esquecer que é preciso manter o que criámos. E se há espaços que carecem de uma manutenção mais simples, praticamente invisível, outros há que necessitam de intervenções de maior dimensão e, claro, de maiores custos.

Voltei ao corredor um destes dias, num fim de tarde de verão, daqueles que só existem mesmo em Torres Novas. O calor ainda é imenso e nem uma brisa corre no caminho. Apetecia-me silêncio e um cenário que me desse o tempo de que eu precisava.

Já tinha ouvido comentários negativos sobre o estado daquele espaço actualmente, mas entendia-os sempre como vindos de qualquer velho do Restelo, treinador de bancada ou pessimista crónico. Os habituais, os únicos que falam, porque habitualmente quem gosta nada diz. Não acreditei. Triste fiquei quando percebi que há razões que cheguem para as críticas e que não há abelhas que salvem o convento.

Quem visitar o corredor pela primeira vez por estes dias nunca entenderá o entusiasmo das minhas primeiras linhas. O traçado do caminho mantém-se, percebemos que é por ali o trilho a seguir, mas raras são as vezes que percebemos que há um rio que o serpenteia. As altas ervas que crescem nas margens tapam o curso da linha de água, toldam-nos a vista sem a qual quase não faz sentido haver um corredor. Sem Almonda, que sentido faz o caminho?

Os bancos que acompanham o percurso estão envoltos em ervas altas, as margens do rio já nem se reconhecem. Sabemos que o rio corre perto, mas nem lhe vislumbramos as curvas. O tom castanho que outrora foi verde, podemos até atribuir à estação do ano, mas o tamanho em que encontramos as ervas nas margens do rio, dizem muito do abandono a que foi dotado aquele espaço que inicialmente fez de nós pessoas ainda mais privilegiadas por vivermos em Torres Novas.

Por mais romântica que me pareça a ideia de que as ervas não são cortadas intencionalmente, de forma a contribuir para a polinização, deixa-me algumas dúvidas. A ideia é simpática, vai muito ao encontro da filosofia ambiental que se quer, mas deixa-me a sensação de que não passa de uma pertinente ideia para justif**ar o desprezo a que foi dotado aquele percurso.

Seria de esperar que a meses das eleições autárquicas, o cuidado com o novo ex-libris da cidade fosse outro. O descontentamento geral dos utilizadores daquele caminho pode ser penalizador para o partido do poder. Não sei se essa será uma preocupação para Pedro Ferreira e a maioria do seu executivo, já que se despedem de funções e podem não estar comprometidos em fazer a cama ao senhor que se segue. Ou isso, ou Pedro Ferreira e restante companhia estão a seguir a política do seu antecessor, António Rodrigues. Se bem se recordam (eu por mais que tente, não consigo esquecer), de quatro em quatro anos, sempre em vésperas de eleições, surgia um megalómano plano para o concelho. Com eles, os votos. Desde golf nas enguias, a vedetas de Hollywood nas Gateiras de Santo António, eu ouvi de tudo. Mas acabei por não ver nada. Nem eu, nem ninguém.
Pedro Ferreira elegeu outro como plano chave para as eleições de 2025. O presidente entregou toda a sua energia à pior obra de todo o mandato (ao que parece um miradouro para o qual até me custa olhar de tão “vistoso” que está) e ao tê-lo feito deixou para trás aquela que poderia seguir consigo como um dos seus melhores legados. Logo a seguir aos TUT.

Ainda tenho esperança de que as vésperas de eleições tragam consigo boas notícias para o nosso caminho. Caso esteja muito enganada e isso não aconteça, espero ao menos que qualquer um dos senhores que se segue, agarre como seu este espaço e lhe dê os dias dignos que merece. E que merecemos todos nós.



Inês Vidal

POSTAIS TURÍSTICOS DE TORRES NOVAS - Pobres combatentesAqui há alimento para abelhas. Acontece que também há um monument...
02/08/2025

POSTAIS TURÍSTICOS DE TORRES NOVAS - Pobres combatentes
Aqui há alimento para abelhas. Acontece que também há um monumento de homenagem aos torrejanos mortos na Grande Guerra e uma placa com os seus nomes, onde todos os anos se coloca uma coroa de flores em cerimónia a preceito. Também acontece que a autarquia não tem qualquer respeito pelos torrejanos mortos, nem pela cerimónia em si. Os arbustos crescem para cima da placa, que era o sítio para onde não haviam de crescer e a dita placa nem uma vez por ano, ao menos para cerimónia, é lavada, apresentando-se completamente suja e descuidada. É uma vergonha este desmazelo, esta indigência, esta miséria? É. Mas é o padrão, é a regra, é o modo de gerir a cidade. Não é mais fácil fazer umas selfies, centenas de selfies de caça ao voto, por tudo e por nada, especialmente por nada? É. Assim vamos.

MIRADOURO: O RESTO É PAISAGEMHá ideias muito antigas que num passado já remoto se lançaram para o futuro e que vieram a ...
23/07/2025

MIRADOURO: O RESTO É PAISAGEM

Há ideias muito antigas que num passado já remoto se lançaram para o futuro e que vieram a tornar-se realidade. Pela simples razão de que, embora parecessem projecções de visionários, vieram a revelar-se adequadas e até indispensáveis.
Em 1938, pelo menos, ainda antes da II Guerra, era Torres Novas uma acanhada e sombria vilória, já se falava da necessidade do prolongamento da avenida até ao planalto do Rossio, atravessando o Almonda e devendo obrigatoriamente desinstalar-se algumas estruturas da Casa Nery. Também se falava da urgência de desviar parte do trânsito das ruelas do centro da vila com uma ligação entre o actual Açude Real e a Nacional 3, na zona dos Mesiões. No primeiro caso temos o viaduto de Rio Frio, no segundo a Avenida 8 de Julho, “visões” que demoraram 80 anos a ser concretizadas.
Poucos anos depois, pela década de 40 do século passado, o grande projecto objecto de falatório e artigos de jornal era a lagoa a instalar na Fontinha, terrenos de hortas que iam da antiga fábrica do álcool, onde está a actual biblioteca, até à quinta da Lezíria, esta ainda incluída nos terrenos da Fontinha.
Certamente por influência do que era visto em Tomar, o Nabão transformado num imenso plano de água com o majestoso açude dos frades, o mouchão, a levada, intui-se que o rio Almonda, à passagem pela vila, era invisível. E era, como hoje quase é. A Fontinha era a única hipótese de imaginar um enorme lago e fazer do rio Almonda, naquele local, a centralidade mais aprazível da vila. Aqui, a visão traduziu-se apenas num vislumbre do que se sonhava. Trinta anos depois não havia o lago da Fontinha. Havia água sim, mas nos três tanques das novas piscinas municipais de verão, tendo f**ado por construir a piscina olímpica, que nunca havia de sair do papel. Depois, desgraçadamente, veio o mostrengo que um dia há-de ser gloriosamente apeado do local que estupidamente conspurcou.
O miradouro de São Pedro, naquele local, é uma ideia mais ou menos daquelas décadas de 40/50. Ao contrário das outras, não corporizava uma necessidade, uma urgência, uma utilidade prática óbvia. E naquele tempo, sejamos claros, ter-se feito ali um miradouro para avistar uma vila escura, feia, com metade das casas arruinadas e de construção pobre, não teria sido boa ideia.
A “boa ideia” voltou agora, quando parece que não havia outras prioridades e urgências. E há tantas que até faz impressão. É uma “obra” discutível, isso é evidente. Quem vai parar ali para apreciar a paisagem, os torrejanos? Não parece. Turistas, não temos, e os visitantes, poucos, f**am-se pelo roteiro habitual e não vão subir a Miguel de Arnide à procura de um simples miradouro.
Quando escandalosamente não há um passeio para peões entre a Bica e as Lapas, troço de grande fluxo pedonal, ou entre a Senhora da Vitória e a Ribeira (uma estrada perigosa onde pura e simplesmente retiraram a possibilidade de se caminhar e onde muito se caminha, em cima do alcatrão, claro), quando as calçadas do centro da “vila” estão permanentemente esventradas com crateras e pedras soltas, quando o jardim municipal na zona dos antigos baloiços está criminosamente abandonado, aí e em todo o troço até ao açude real, quando o piso das calçadas das ruas do centro histórico nunca é reparado, com destaque para a inenarrável Rua Miguel Bombarda, desde o largo da Botica em diante, quando os decks sobre o rio e as guardas das pontes nunca são tratados, apodrecendo até cair, quando não há uma rotina de higienização das principais ruas do centro histórico e a escadaria da travessa do Correio Velho está permanentemente imunda, quando o rio nunca é limpo, como devia, no final da cada primavera e mete nojo na maior parte dos locais dentro da cidade, quando os bancos e estruturas do Almonda Parque já estão degradadas porque se pensava que era só inaugurar esquecendo-se a conservação anual de madeiras, quando há mil e uma coisas como estas e outras que fariam de Torres Novas uma terra asseada e decente, e não a cidade onde tudo parece sujo, de má qualidade, inacabado e cheio de tralha urbana que tem arrasado os poucos largos que existiam e os espaços onde se podia caminhar à vontade, mesmo assim, diga-se, ainda se desculpava fazer na curva da Miguel de Arnide aquele miradouro. Como escape, como brincadeira.
Se a obra consistisse numa simples plataforma, bancos, um gradeamento e dois candeeiros. Ainda vá. Agora aquilo, uma coisa perfeitamente horrível - é uma opinião – em que não se vislumbra qualquer lógica (funcional, plástica, visual), aqueles monstros de betão pintados de amarelo a meter medo ao susto, isso não lembra ao diabo. Qualquer turista que por acaso por ali passe assusta-se antes de perceber que ali está um miradouro. Quanto aos passantes torrejanos, a grande maioria de carrinho, claro, nem olham, que as curvas são sempre locais perigosos. E se, mesmo ao passar de carro, ainda se contentavam com o vislumbre da paisagem por dois segundos, agora levam com cimento pelas trombas e nem a paisagem – um pequeno travelling cinematográfico – se consegue obter. E era lindo.
De modo que um cristão, cheio de boa vontade e compaixão aproxima-se do local do crime e t**a logo com dois gigantes contrafortes, dir-se-ia a entrada num fortim contra a invasão dos bárbaros, ultrapassa essa porta escancarada e dá-se com dois paredões gigantescos, ambos guardados pelo exterior por duas entradas/portões onde jazem pendurados elementos do brasão de armas da terra, ostensivamente enormes não se sabe porquê e porquê ali, muito menos para quê. Com algum custo, depois da distracção provocada por esta parafernália de cimento em blocos, eis dois bancos virados à paisagem, cuja curiosidade, outra, assenta no facto de estarem eles próprios assentes numa plataforma elevada, não se sabe porquê, até porque uma pessoa senta-se neles e a linha do olhar cruza-se com o gradeamento, se era essa ideia - retirar o ângulo de visão do gradeamento. E um santo, no fim disto tudo, interroga-se: mas não era para se fazer apenas um miradouro?
A gente sabe que eles têm de brincar com alguma coisa e que só conseguem viver num continuum de atelier criativo ao nível de jardim de infância porque gerir uma autarquia e tratar de fazer o que é útil e conservar aquilo que é preciso conservar, antes de inventar, é mais difícil para esta geração da governação de “likes” e de “selfies”. Mas há limites. E esta obra – é uma opinião – ultrapassa um bocado, para não ser violento, os limites. É uma cena patética, difícil de imaginar que um dia seria possível. Mas foi. O resto é paisagem. C.C.

POSTAIS TURÍSTICOS (2) - Calhasse haverA obra começou logo com a promessa da brevidade aposta em cartaz. Andou uns meses...
17/07/2025

POSTAIS TURÍSTICOS (2) - Calhasse haver

A obra começou logo com a promessa da brevidade aposta em cartaz. Andou uns meses. Depois, subitamente, parou. A promessa foi redobrada com novo cartaz e novas desculpas. Passaram mais meses, nada mexe. Ninguém diz nada. Um trambolho a atravancar o trânsito num sítio sensível. Vai estar assim quanto tempo? Seis meses? Dois anos? Pouco importa. Na verdade, Torres Novas já é uma terra parada e tudo se conjuga. Calhasse haver uma gestão camarária e já tinha havido um esclarecimento aos munícipes. Assim, retiram-se todo o tipo de hipóteses de explicação, que não abonam em nada quem devia dar explicações. Só porque se trata da principal via de atravessamento da cidade. Nem alimento para abelhas aqui há, ao menos.

POSTAIS TURÍSTICOS (1) - Corredor ecológico urbanoEntre as paredes do super Docemel e da antiga ourivesaria Campião, no ...
16/07/2025

POSTAIS TURÍSTICOS (1) - Corredor ecológico urbano

Entre as paredes do super Docemel e da antiga ourivesaria Campião, no principal eixo de atravessamento da cidade, crescem ervas já arbustos mais altos que uma pessoa. Aliás, como noutras ruas da cidade. É o corredor ecológico urbano, uma inovação conceptual que alia a estética da cidade moderna ao bucolismo do campo, dois em um. Está aí a rebentar um prémio qualquer de excelência para a gestão camarária torrejana, tipo município familiarmente responsável ou município amigo do desporto. Aqui, há alimento para abelhas.

Pela Nossa Terra apresentou candidatos:“Torres Novas está moribunda, abandonada e escura”Foi na passada terça-feira que ...
10/07/2025

Pela Nossa Terra apresentou candidatos:
“Torres Novas está moribunda, abandonada e escura”

Foi na passada terça-feira que o Movimento Pela Nossa Terra apresentou os principais candidatos às autárquicas de 12 de Outubro, na presença de alguns apoiantes e sob a batuta de António Rodrigues, o mandatário do movimento.
O discurso de fundo pertenceu a Manuela Dias, candidata à presidência da Câmara, que não foi nada meiga para com a gestão socialista destes últimos 12 dos 32 anos de poder PS, começando por afirmar que a disputa política vai ser difícil, mas todos os envolvidos “têm a séria convicção de que é mesmo para ganhar”.
Para Manuela Dias, “o concelho de Torres Novas bateu no fundo, quer ao nível funcional do Município, quer ao nível da percepção da sua credibilidade regional e nacional, que tem feito com que deixássemos de ser opção para o investimento privado e até público. Sim, Torres Novas parou no tempo no que concerne ao investimento privado e consequente criação de postos de trabalho”.
Uma das primeiras medidas será “o regresso urgente do departamento do Urbanismo ao conjunto do todo dos serviços funcionais do Município de Torres Novas e lá, se possa articular, quer com o poder político, quer com as demais divisões de serviços municipais. Não pode nem deve continuar isolado como agora está. Mas isso não será o suficiente para que o Urbanismo deixe de ser um grave problema e uma das causas principais da estagnação a que chegámos. Será necessária uma renovação profunda da metodologia de trabalho e, porque não, até ao nível de técnicos será necessária uma renovação”.
Remetendo a divulgação do programa para Setembro a candidata considera que “a cidade de Torres Novas é hoje uma urbe moribunda, abandonada, escura e sem dinâmica social”. Adiantou que os TUT verão reformuladas todas as suas linhas ou rotas de acção, “de forma a uma efectiva abrangência de todo o concelho e, obviamente, para que todas as pessoas possam viajar a custo zero”.
Na lista para a Câmara Municipal, surgem a seguir a Manuela Dias a formadora na área da comunicação e desenvolvimento Carla Correia e o empresário Renato Marçal. A lista para a assembleia municipal é encabeçada por Margarida Figueira, seguida de José Santos, um jurista reformado da Escola de Polícia e de Pedro Freire, engenheiro na Câmara do Entroncamento.
Ao nível das freguesias, foram divulgados os primeiros nomes para Meia Via (Pedro Freire), Zibreira (Jorge Rosa), Riachos (Teresa Tapadas), Brogueira, Alcorochel e Parceiros (Ricardo Santos), Torres Novas S.Pedro/Lapas/Ribeira (Carla Aguiar) e Torres Novas S.Maria, Salvador, santiago (Celeste Oliveira).
Há quatro anos, o MPNT elegeu apenas um vereador, o ex-presidente da Câmara António Rodrigues, que agora se f**a pelo papel de mandatário das candidaturas do movimento.

Autárquicas: PS apresenta candidatos, José Trincão Marques acredita que vai ganharSem qualquer cisão aparente com o pass...
08/07/2025

Autárquicas: PS apresenta candidatos, José Trincão Marques acredita que vai ganhar

Sem qualquer cisão aparente com o passado recente (há aliás candidatos que ditam a continuidade do actual executivo), a verdade é que a candidatura de José Trincão Marques, apresentada no sábado na Biblioteca Municipal, carrega uma sensação de mudança. Sem Rodrigues e Ferreira, a dupla que tem estado no palco nas últimas três décadas, o projecto socialista em curso faz acreditar numa viragem, com mais mundo, mais visão e menos “mais do mesmo”.
Sério, sóbrio, crente e ciente das suas capacidades, Trincão Marques não se incompatibiliza com os seus antecedentes, mas mostra que tem ideias novas e diferentes. Ainda sem o programa eleitoral terminado, levanta o véu sobre alguns dos seus objectivos, “sempre com vista ao desenvolvimento harmonioso e sustentável do concelho”: uma aproximação aos concelhos limítrofes, o aproveitamento da centralidade geográf**a de Torres Novas, a atracção de empresas tecnológicas, como forma de atrair jovens, e um maior aproveitamento dos recursos naturais existentes.
“A segurança e o bem estar dos torrejanos, a igualdade de tratamento para todas as freguesias, funcionários municipais tratados de forma justa”, a criação de um espaço para a instalação de empresas tecnológicas e a criação de umas piscinas de verão e outras de inverno são algumas das ideias lançadas pelo candidato, na apresentação que decorreu este sábado, dia 5 de julho, na Biblioteca Municipal.
Trincão Marques acredita que tem equipa para ganhar com maioria absoluta, aumentando o número de votos, quer nas freguesias, quer na cidade.
Pedro Ferreira é candidato à Assembleia Municipal
Pedro Ferreira, ainda presidente da Câmara Municipal de Torres Novas, é candidato pelo PS à Assembleia Municipal, nas próximas eleições de 12 de Outubro. Impossibilitado de se recandidatar à liderança do executivo, devido à Lei da limitação de mandatos, Pedro Ferreira apresenta-se agora como candidato à Assembleia Municipal.
O convite partiu de José Trincão Marques, actual presidente da Assembleia Municipal e candidato socialista à Câmara. Caso eleitos nas eleições de Outubro, os dois cabeças de lista da candidatura socialista trocam de funções.
Candidatos à Câmara Municipal:
José Trincão Marques
Elvira Sequeira
Francisco Dinis
Maria Luís
Afonso Borga
Isilda Pereira
David Garcia
Assembleia Municipal:
Pedro Ferreira
João Trindade
Soraia Vieira
Rui Mendes

Freguesias:
USF Santa Maria, Salvador e Santiago: Margarida Manta Luís
USF São Pedro, Lapas e Ribeira Branca: Rosário Nalha Marcelino
Meia Via: José Couteiro
UF Brogueira, Parceiros de Igreja e Alcorochel: Patrícia Baptista
Zibreira: João Cassis
Riachos: Pereira Jorge
Pedrógão: Ricardo Simões

*Os candidatos às freguesias e Chancelaria, UF Olaia e Paço e Assentis serão apresentados oportunamente.

PSD/CDS apresentou candidaturas a quase todos os órgãos autárquicos: Tiago Ferreira e André Valentim são os cabeças de l...
05/07/2025

PSD/CDS apresentou candidaturas a quase todos os órgãos autárquicos: Tiago Ferreira e André Valentim são os cabeças de lista do PSD

As candidaturas de Tiago Ferreira à Câmara e a de André Valentim à Assembleia Municipal de Torres Novas eram já conhecidas. Hoje, dia 5 de Julho, foram apresentados os cabeças de lista a nove das dez freguesias do concelho e ainda a equipa que acompanha Tiago Ferreira na corrida à Câmara Municipal.
Jorge Salgado Simões, Maria Leão, António Abreu e Catarina Craveiro completam os cinco primeiros lugares da candidatura da AD – Aliança Democrática às autárquicas de 12 de Outubro. O nome de André Valentim surge para já sozinho na lista à assembleia municiapl
Nas freguesias, a coligação apresentou candidatos a 9 das 10 freguesias do concelho. Em Assentis, a AD volta a apoiar o GIFA – Grupo Independente da Freguesia de Assentis.
Tiago Ferreira é actualmente vereador da oposição na Câmara Municipal e André Valentim, líder da bancada social-democrata na Assembleia Municipal.
A apresentação dos candidatos, que decorreu na biblioteca municipal, foi apadrinhada pelo Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre e pelo secretário de Estado da presidência, João Vale e Azevedo.

Candidatos às freguesias pelo PSD

Chancelaria: Rui Carvalho
Meia Via: Catarina Silva
Pedrógão: Pedro Matias
Riachos: Carlos Graça
UF Brogueira, Parceiros de Igreja e Alcorochel: Pedro Inverno
UF Olaia e Paço: Rui Nunes
UF Santa Maria, Salvador e Santiago: João Paulo Gomes
UF de São Pedro, Lapas e Ribeira Branca: Nuno Vasco
Zibreira: Manuel Fernandes

Assentis: apoio do PSD ao Grupo Independente da Freguesia de Assentis

Câmara atribui medalhas em deliberações nulasA maioria socialista da Câmara Municipal de Torres Novas fez aprovar na reu...
24/06/2025

Câmara atribui medalhas em deliberações nulas

A maioria socialista da Câmara Municipal de Torres Novas fez aprovar na reunião extraordinária de ontem, segunda-feira, um pacote de galardões honoríficos a pessoas e instituições do concelho, mas as deliberações foram tecnicamente nulas por não cumprirem o estipulado no próprio regulamento municipal em vigor.
Segundo o Regulamento Municipal de Atribuição de Galardões Honoríficos, as propostas têm de ser obrigatoriamente acompanhadas de uma memória justif**ativa que suporte a atribuição de um galardão (artigo 6.º do regulamento). Isto é, no processo presente à reunião de câmara deveria constar, para cada pessoa ou instituição a distinguir, um documento justif**ativo da acção ou atributos dos eventuais galardoados de modo que os vereadores saibam e conheçam as razões que apoiam uma decisão deste tipo. Não foi isso que aconteceu. Quer na convocatória distribuída aos vereadores, quer na própria reunião, figurou apenas uma simples listagem de nomes, sem mais qualquer elemento identif**ativo, biográfico ou justif**ativo, pelo que as deliberações foram tecnicamente nulas e configuram um acto administrativo grave e ilegal perante o normativo municipal que o regula.
Assim, foram atribuídas medalhas de mérito municipal de desporto ao Clube de Natação de Torres Novas, a Ricardo Batista e a Joaquina de Deus; da cultura aos agrupamentos escolares Gil Pais e Artur Gonçalves, aos Ceifeiros de Liteiros (assim mesmo), a José Coelho, Alice Vieira e Eduardo Bento; da benemerência a Centro Divino Espírito Santo, Centro de Dia de São Silvestre, José Maria Zuzarte Reis (título póstumo), Centro de Solidariedade Social padre José Filipe Rodrigues, major general Abel Lemos Caldas, “padre Nuno/Xico Nuno” (assim mesmo); da economia a “empresário João Cardoso” (sic), Comet, Ucárdio e Panif**adora Marques Filipe.
Como também não foi cumprido o disposto no artigo 7.º, que sugere “negociações” prévias à reunião deliberativa, de modo que a listagem de nomes ou instituições seja potencialmente consensual, evitando melindres de votações contra as distinções, foi isso mesmo que aconteceu.
Da listagem faziam parte os nomes de “dra. Isabel Ribeiro”, “eng. Vicente” (assim mesmo), propostos para mérito de administração e de João da Guia, proposto para mérito de cultura. Mas na votação, realizada por voto secreto e para cada nome proposto, estes três nomes foram recusados.

Endereço

Largo Do Lamego, 86/1. º
Lamego
2350-410

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