
01/09/2025
Nelson Cavaquinho, Cartola e Carlos Cachaça formam um triângulo sagrado na história do samba, uma irmandade que nasceu sob as sombras da Mangueira e floresceu na luz da poesia. Três homens simples, mas de almas gigantes, que transformaram dores, amores e memórias em versos que atravessaram gerações.
Cartola, com sua elegância natural e lirismo inconfundível, pintava o samba com as cores da delicadeza. O homem que dizia que o mundo era um moinho também sabia oferecer flores em canções que falavam de ternura e despedida. Seu canto é o retrato de um Brasil sensível, que mesmo na luta, conserva a esperança.
Nelson Cavaquinho, de timbre rouco e coração sofrido, trazia nos dedos do violão a melancolia e a força dos becos cariocas. Seus sambas, muitas vezes sombrios, eram faróis de verdade: falavam de morte, mas também de eternidade. Ao lado de Guilherme de Brito, deixou um repertório que ainda hoje arrepia e emociona.
Carlos Cachaça, amigo fiel, parceiro e testemunha de tantas histórias, foi mais que um compositor: foi a voz da vivência da Mangueira. Nos encontros à sombra da famosa tamarindeira, sua presença era memória, era raiz. Ele guardava em si as histórias da escola, dos primeiros sambas e das madrugadas de batucada.
Juntos, eles não eram apenas sambistas — eram cronistas da vida, poetas da rua, guardiões de uma tradição que resistiu à pobreza, ao preconceito e ao esquecimento. Mangueira foi o berço e o altar. E o que eles cantaram permanece, porque a cada acorde, a cada verso, o coração do Brasil ainda bate no compasso de suas criações.
Esses três homens provaram que o samba não é apenas música: é alma, é identidade, é o grito e o co***lo de um povo. Cartola, Nelson Cavaquinho e Carlos Cachaça são eternos — e cada vez que um pandeiro soa, eles renascem no canto do morro, vestidos de verde e rosa, para lembrar que poesia e samba nunca morrem.