21/12/2025
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No Debate realizado pelo Xé Agora Aguenta (XAA), Albino Pakissi defendeu que a gratidão manifestada por Abel Chivukuvuku em relação aos três dirigentes citados é legítima, sustentando que foi Fernando da Piedade Dias dos Santos, “Nandó”, quem intercedeu junto de José Eduardo dos Santos para que a vida de Chivukuvuku fosse preservada, com o propósito de manter a paz e viabilizar negociações políticas.
Entretanto, as recentes declarações do líder do PRA-JÁ introduzem um dado politicamente perturbador e moralmente questionável. Segundo Chivukuvuku, Jonas Savimbi teria orientado que:
Salupeto Pena se aproximasse do General França Ndalu;
Arlindo Chenda “Ben Ben” se aproximasse do General Higino Carneiro;
E o próprio Abel Chivukuvuku se aproximasse de Fernando da Piedade “Nandó”.
Nas palavras do próprio: “As relações dos outros não funcionaram. A minha funcionou terrivelmente bem.”
Esta afirmação não é neutra nem inocente. Ela abre espaço para uma leitura grave: a de que aqueles cuja aproximação não prosperou acabaram por tombar, enquanto aquele que construiu uma relação profunda de amizade com quem, à época, comandava os aparelhos de segurança do Estado, conseguiu resistir, sobreviver e manter-se politicamente ativo.
Assim, impõe-se um debate sério e responsável:
terá a sobrevivência de Chivukuvuku e a eliminação de seus companheiros sido condicionada pelo grau de colaboração política e pessoal com o poder instituído?
E, se assim foi, até que ponto essa “gratidão” pode ser apresentada como virtude, quando o seu reverso parece ter sido o sacrifício dos que não aceitaram submeter-se?
Estas declarações exigem esclarecimento histórico, responsabilidade política e rigor moral, sob pena de se normalizar a ideia de que, em determinados contextos, a sobrevivência política depende da proximidade com o poder repressivo, e não da justiça, do direito ou da paz genuína.