11/04/2022
A denominação "mestres da suspeita" foi cunhada pelo filósofo francês Paul Ricoeur[1] e se refere aos pensadores como Nietzsche, Marx e Freud, pela importância que tiveram em questionar a cultura ocidental, elaborando considerações sobre o pensamento humano, bem como sobre as relações com o mundo.
Acrescente-se, ainda, que, nos anos sessenta, foram feitos comentários por Michel Foucault e Paul Ricoeur sobre os mestres da suspeita, principalmente sobre a hermenêutica moderna.
Em 1969, Ricoeur publicou uma obra sobre Freud intitulada "Da interpretação, ensaio sobre Freud"; nessa época, Ricoeur era considerado como um grande representante da hermenêutica moderna francesa.
O questionamento da razão ocidental acarretou a percepção de que as práticas violentas subjazem a todas as relações humanas. Aliás, a descoberta do inconsciente por Freud, a ruptura da universalidade do pensamento ocidental engendrada por Nietzsche e, ainda, a essência universal de homem preconizada por Marx, conduziram muitas gerações posteriores a suspeitar dos sagrados valores apregoados pelo Ocidente.
E, para tanto, se descortinaram considerações apuradas sobre a moral ocidental, a relação existente entre razão e instinto, sobre a vontade de poder, sobre a violência socioeconômica e da ideologia[2] como falsa consciência.
Segundo Paul Ricoeur[3], a partir de Nietzsche[4], Marx e Freud, a consciência passa a ser considerada como consciência falsa. Estabeleceu-se clara crítica à ideia cartesiana de que o sentido e a consciência do sentido coincidem. Plantaram a dúvida sobre os poderes da consciência em apreender o sentido do mundo e de si mesmo de forma evidente, clara e distinta.
O cogito cartesiano bem expresso na expressão "penso, logo existo", a auto-apreensão imediata e direta do sujeito foi posta em questão pela descoberta do inconsciente[5] em Freud, do ser social em Marx e da vontade de poder em Nietzsche.
Aliás, a certeza da consciência imediata de si torna-se problemática, tornando-