28/07/2023
Hoje, depois de uma cobertura vim conversando com um amigo da imprensa e falei pra ele o quanto estamos órfãs de pai e mãe.
Ele, com alguns anos a frente do que eu, disse que sua esposa sofreu muito em ter que morar com outros da família, tios, agregados e não com sua mãe legítima.
Atualmente, tenho a presença do meu pai, mas nem sempre foi assim e isso me deixou um buraco. Buraco esse que fui preenchendo com a arte, o teatro, a dança, depois o jornalismo, a escrita e, atualmente, um trabalho sobre bullying e educação.
Acreditem, todos nós temos esse buraco. Mesmo aqueles que foram criados próximos de seus pais biológicos. Isso porque muitas vezes os pais não o validou como ser humano. Existem pais distantes, mesmo sentados ao lado de seus filhos.
Amor é energia. E as crianças percebem. Percebem essa falta. Às vezes, a mãe trabalha muito ou o pai. Essa é a desculpa que mais escuto. Mas mesmo para quem trabalha, se dedicar pelo menos uma hora do seu dia, totalmente ao filho, sem fazer outra coisa ou sem estar no celular, muitas situações já seriam diferentes.
Porque essa falta pode ser preenchida mais tarde com a preocupação da vida dos outros, buscando viver outras realidades ou nem viver. Esquecem-se de olhar pra sua vida.
O problema é quando esse buraco é preenchido com ego, com ódio, raiva, rancor de pessoas que nem tem a ver com a sua vida.
Na verdade, todos sofrem e sempre sofrerão por alguma falta, havendo ou não telas. De rico a pobre.
Ninguém tem vida perfeita de Instagram, embora vocês vivam viajando, julgando as pessoas sem conhecê -las.
Apesar das faltas, o amor começa com "energia". Então, se você está vidrado em algo ou com a vida alheia, comece a olhar para a sua.
Nós temos a oportunidade de refazer a vida, seja ela em qualquer idade. Mas isso exige muita humildade. Está na hora de sair de nossa criança. Aquela que ficou esperando um abraço, um carinho ou a atenção. Pare de culpar os pais também, muitos não sabem o que fazer.
Eles replicaram, muitas vezes, a violência que você nunca gostaria de ter visto ou sentido. Replicou a rejeição que você acha que não tem. Sair dessa necessidade é dizer: "Oi vida, você me pertence!"