15/08/2025
Aguns anos, eu acreditava que falar em público era coisa de profissionais da comunicação:
Jornalistas. Apresentadores. Repórteres. Radialistas.
Gente que parece nascer com um microfone na mão e uma voz que enche qualquer sala.
Eu? Eu tremia.
No primeiro ciclo, cresci com uma vara ao lado sempre que me pediam para falar à turma.
Eu olhava para todos à minha volta, via aqueles rostos sérios — quase acusadores — e o corpo começava a trair-me:
As mãos suavam. A barriga doía. A voz saía trémula… e, por vezes, eu até chorava.
Na altura, eu não sabia… mas aquilo estava a criar uma crença no meu cérebro:
"Falar em público é perigoso. É humilhante. Melhor evitar."
A neurociência explica: o nosso cérebro tem um sistema chamado amígdala, responsável por nos alertar para ameaças.
Quando repetimos experiências negativas, essa parte do cérebro grava a informação e dispara o alarme sempre que sentimos que a situação se repete.
O problema? Esse alarme não distingue entre um tigre e uma plateia.
O mais curioso? Mesmo com toda essa dor, eu queria tentar outra vez.
Havia algo em mim que dizia: "Um dia, vou fazer melhor."
Naquela altura, quase ninguém falava de oratória. Parecia um assunto distante.
Até que um dia, percebi uma verdade simples, mas poderosa:
Oratória não é talento. É treino.
Foi preciso coragem para admitir:
“Eu não sei… mas posso aprender.”
Foi preciso humildade para começar do zero.
E foi preciso verdade para aceitar que, no fundo, eu já comunicava todos os dias — só precisava aprender a fazê-lo com mais clareza e confiança.
Hoje, cada vez que falo em público, lembro-me:
Não é sobre mim. É sobre transformar voz em ponte, palavra em semente e mensagem em legado Não deixe que um medo antigo roube um futuro de impacto.