06/09/2025
Meu marido trocou-me pela empregada que eu própria contratei: Que mal eu fiz?
Casei-me há quatro anos, depois de um namoro de dois. Conheci o meu marido numa festa de aniversário de uma amiga que, ironicamente, era sua prima. No início, parecia que o nosso destino tinha sido escrito com cuidado: apaixonámo-nos, casámos e, antes mesmo de vivermos juntos, recebemos a bênção de um filho.
A minha vida, no entanto, tomou um rumo exigente. Sou funcionária de uma instituição petrolífera e, ao mesmo tempo, professora universitária. Saio de casa às 7 da manhã e só regresso por volta das 8 da noite. De segunda a sexta, a minha rotina é um turbilhão. Aos sábados dedico-me aos ensaios da igreja, e aos domingos, à adoração. Para dar conta de tudo, contratei uma empregada doméstica - filha de uma amiga minha - alguém em quem confiei.
Enquanto eu corria atrás da vida, o meu marido, funcionário público, passava mais tempo em casa. O tempo livre aproximou-o da empregada.
Um dia, com voz calma mas dura, pediu-me que repensasse a minha vida profissional. Queria que eu deixasse um dos empregos para dedicar-me mais à família. Reclamava que o casamento estava monótono, que a rotina nos estava a consumir, que eu já não me cuidava como antes. Lançou-me à cara que já não tinha brilho, que a mulher que ele conheceu parecia ter ficado perdida no passado.
Respondi-lhe que já éramos casados e que, por isso, não via sentido em gastar tanto com a aparência. Ele insistiu: dizia que eu devia cuidar de mim, por mim mesma e por ele, porque gostava de me ver bonita. Acrescentou que sentia saudades de comer um prato preparado por mim, lembrando-me que havia mais de um ano eu não cozinhava devido à rotina.
A discussão não nos levou a lado nenhum. Eu não cedi. Uma semana depois, voltou ao mesmo tema. Mantive a minha posição: não deixaria nenhum dos meus empregos.
Curiosamente, depois disso, deixou de reclamar. Mas comecei a notar pequenas coisas. Saía com a empregada para fazer compras, dava-lhe boleia até casa e, por vezes, pagava-lhe mais do que o combinado - quando essa responsabilidade era minha.
Ontem, ao regressar do trabalho, vi o meu mundo desabar: ele terminou comigo. Disse-me, sem rodeios, que ficaria com a empregada.
Senti uma dor que não consigo descrever. Não foi apenas a traição dele, mas também a ingratidão dela, a jovem que eu acolhi de coração aberto, que ajudei, que tratei como alguém da família.
Hoje percebo que ambos não valem nada. Eu sempre trabalhei pela nossa família, sobretudo pelo nosso filho. Eu própria decidi custear a maior parte das despesas de casa. E, mesmo assim, ele não valorizou. Escolheu olhar para a minha aparência, para a ausência dos jantares preparados por mim, em vez de ver o esforço que eu fazia para que nada faltasse.
Talvez tenha sido o sentimento de inferioridade que o corroeu: eu com os melhores empregos, o melhor salário, e ele, preso às suas próprias limitações. Agora percebo por que razão tantas mulheres financeiramente independentes encontram dificuldade em manter um casamento.
E no silêncio desta dor só me pergunto: que mal eu fiz?
Por: Nguindo António, o Pintor de Letras