
22/05/2025
🇦🇴BENGO
𝐉𝐎𝐕𝐄𝐍𝐒 𝐃𝐄 𝐍𝐀𝐌𝐁𝐔𝐀𝐍𝐆𝐎𝐍𝐆𝐎 𝐏𝐄𝐃𝐄𝐌 𝐑𝐄𝐆𝐔𝐋𝐀𝐌𝐄𝐍𝐓𝐀ÇÃ𝐎 𝐏𝐀𝐑𝐀 𝐄𝐗𝐏𝐋𝐎𝐑𝐀ÇÃ𝐎 𝐂𝐎𝐌𝐔𝐍𝐈𝐓Á𝐑𝐈𝐀 𝐃𝐄 𝐑𝐄𝐂𝐔𝐑𝐒𝐎𝐒 𝐌𝐈𝐍𝐄𝐑𝐀𝐈𝐒
: Sadrac António - DBO
: António Januário Kutema
Um grupo de jovens do município de Nambuangongo defende a criação urgente de políticas públicas que regulamentem e autorizem pequenas cooperativas familiares a explorarem, de forma sistemática e legal, os recursos minerais abundantes na região. Os apelos surgem em meio a frequentes operações policiais que resultaram na detenção de moradores locais e não só acusados de envolvimento em actividades de garimpo ilegal.
Nos últimos meses, a situação tem agravado. Vários jovens foram detidos por suposta extracção clandestina de minerais estratégicos, levantando um debate sobre a necessidade de uma abordagem mais inclusiva e sustentável por parte do Estado.
Segundo os moradores, muitos dos acusados são cidadãos locais que, diante da escassez de oportunidades de emprego formal, recorrem à exploração artesanal como forma de subsistência. “Não somos criminosos. Apenas queremos trabalhar e alimentar as nossas famílias com aquilo que a natureza nos oferece”, afirmou um dos jovens, sob anonimato, com receio de represálias.
Os locais argumentam que, com a devida organização e apoio técnico, poderiam formar cooperativas familiares que actuem legalmente, gerando renda, empregos e contribuindo para o desenvolvimento económico do município. Para isso, pedem a intervenção do governo, com políticas claras que reconheçam e integrem os pequenos operadores locais no sistema legal de mineração.
“Se nos derem formação, condições técnicas e licenciamento simplificado, podemos fazer parte da solução. Hoje somos tratados como marginais, mas podemos ser parceiros do desenvolvimento”, defende outra jovem residente na zona do Zala, uma das zonas mais afectadas pelo garimpo.
Especialistas em desenvolvimento comunitário reforçam que a mineração em pequena escala, quando regulamentada, pode ser uma poderosa ferramenta de combate à pobreza rural. “A formalização dessas actividades não só contribui para a economia local, como também ajuda o Estado a combater o garimpo desordenado e o tráfico de minerais”, explicou o sociólogo DAMIÃO PAULO, acrescentando que experiências semelhantes em outros países africanos já provaram ser viáveis.
Além do ouro, alega-se que o subsolo do Bengo esconde um vasto potencial mineral ainda por explorar, incluindo diamante, mercúrio, carvão mineral, turmalina, cobre e rubi — riquezas que, segundo os moradores, poderiam servir de alavanca para o crescimento económico local, se devidamente regulamentadas e exploradas de forma sustentável.
Enquanto isso, os apelos dos jovens de Nambuangongo ecoam como um pedido de inclusão. Eles não querem viver à margem da lei, mas sim participar activamente na construção de um futuro melhor para as suas comunidades, explorando de forma legal e sustentável os recursos do seu próprio solo.
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DIÁRIO DO BENGO, 22 DE MAIO DE 2025.
𝐈𝐧𝐟𝐨𝐫𝐦𝐚𝐫 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐭𝐫𝐚𝐧𝐬𝐟𝐨𝐫𝐦𝐚𝐫"